O
atual primeiro-ministro tem sido destacado na imprensa nacional como um hábil
negociador de consensos não experimentados e de interesses políticos ideologicamente
distantes, capaz de assegurar, como poucos, uma solução de governo com
durabilidade maior do que aquela que muitos adivinhariam à partida. A
perturbação que assalta a mente de outros é a de adivinhar as consequências
dessa sobrevivência política cedente aos interesses partidários mais
disparatados das forças que sustentam o governo, sem atender a um futuro ao
qual, por enquanto, é indiferente a permanente campanha eleitoral a que
assistimos.
O
insuspeito e respeitado socialista António Barreto criticava há poucos dias, no
jornal DN, as motivações governativas de um primeiro-ministro deslumbrado com
as apreciações da comunicação social à sua capacidade negocial de apoio
político ao governo, disposto a ceder a tudo e mais alguma coisa a todo o
custo, prejudicando o país por descurar as consequências futuras dessas
cedências. Vale tudo para manter o poder, mesmo o sacrifício do futuro do país
e dos portugueses, como aconteceu recentemente após uma desastrada, teimosa e
igualmente obcecada governação socialista?
É caso
para comparar esta com a governação anterior que Passos Coelho liderou, no que
toca ao determinismo, espírito de missão e focalização no interesse nacional,
acima dos interesses partidário e pessoal, já que o mesmo resistiu a muitos e
também ao PS que, irresponsavelmente, pediram ininterruptamente a sua demissão
e a interrupção de um ciclo governativo de recuperação económica e financeira
do país, por considerar inquebrável o patriótico compromisso para com o
eleitorado e com o país, traduzido no resgate do caminho de degradação no qual
Portugal havia sido colocado pela governação socialista.
Seguindo
outro insuspeito socialista, António Galamba, que acusa publicamente o atual
primeiro-ministro de conduzir o país para o abismo, torna-se cada vez mais
evidente o antagonismo entre os anteriores governantes e os atuais
protagonistas do PS e dos partidos da esquerda que suportam o governo, no que
toca ao sentido de Estado e missão política e governativa, tenho estes últimos
desprezado todo o respeito que se exigiria à defesa da dignidade e memória
histórica das suas organizações partidárias, por sacrifício a um obcecado utilitarismo
de exercício irresponsável do poder.
Não
fosse por si só chocante tal atitude, igualmente repudiante é o desprezo e
provocação aos portugueses que representa a viagem do PM atual no avião
particular da força aérea (em vez da classe económica em que viajava o anterior
PM) a caminho da desgraçada Grécia e não da bem-sucedida Irlanda, ao mesmo
tempo que aconselha os portugueses a andarem mais nos transportes públicos,
cuja falência parece fatalmente traçada com dirigentes auto-aumentados entre
1000 a 2000€ mês com apoio de um governo que não se permite melindres com uma
esquerda radical apostada na falência do país e do sistema político português.
Enquanto
isso, passam ao lado as recomendações da OCDE sobre a necessidade de continuar e
aprofundar as reformas estruturais anteriores, com vista a assegurar um futuro sustentável
e mais risonho para o país. O que é isso? O país é do PS e da esquerda radical,
que mandam no futuro do mesmo, mesmo sem mandato eleitoral para tal.
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