A
festa parece ter terminado mal passámos o primeiro trimestre do ano, com o
regresso da ditadura das finanças a controlar as contratações e os gastos
públicos dos vários ministérios, pois parece que o governo já leva a sério as assustadoras
revisões em baixa das previsões de crescimento para a economia portuguesa, bem
como a derrapagem do défice para além das estimativas colocadas no Orçamento de
Estado de 2016.
A
estimativa do governo para um crescimento de 1,8% do PIB em 2016 parece
continuar a ser a mais otimista de todas, depois de seis instituições terem
revisto em baixa o crescimento da economia portuguesa desde janeiro, que ocorrerá,
segundo o governo, em consequência da degradação da conjuntura internacional.
Por
isso, lá para o verão, é provável que vejamos o governo a anunciar um plano B
que antes dizia não ter, nem ser necessário, se o consumo interno não der
sinais de maior dinamismo, associado a uma substancial criação de emprego e/ou
se as exportações abrandarem em direção a alguns dos nossos mercados de
destino, como sejam o Brasil e Angola.
A
Universidade Católica assustou sobremaneira o governo ao apresentar um corte da
estimativa do crescimento português de 2% para 1,3% e uma revisão em alta do
défice que, poderá ser superior a 3% do PIB, no final do corrente ano, sentindo
poder vir a tornar-se inevitável a aplicação de medidas adicionais de
consolidação orçamental.
Enquanto
o primeiro-ministro visita a Grécia e anuncia, para português ver, que prepara
o reforço de uma frente europeia anti austeridade, o seu homólogo grego prepara-se
para ceder às pressões da Comissão Europeia e dos credores do país e aplicar
mais austeridade por via do aumento dos impostos, neste caso o IVA. A margem
negocial com Bruxelas parece ser pequena na apresentação do programa de
estabilidade através do qual o governo português apresentará as perspetivas de
crescimento e orçamentais até 2020, a que acresce a sombra do pessimismo do FMI
na descredibilização das estimativas do governo, cuja governação poderá
conduzir o país a divergir da União Europeia por mais cinco anos, em matéria de
crescimento económico.
Assumindo
o compromisso político de não cortar nos rendimentos, nomeadamente salários e
pensões, restará ao governo, tal como agora acontece na Grécia, a subida de
impostos, continuando a invocar ter diminuído a austeridade, o que, estará
longe de ser verdade. Mas, não é com a verdade que o governo e os seus
protagonistas parecem preocupados, mas sim com a manutenção no poder, a
qualquer custo, mesmo que o estimado fraco crescimento da economia seja insuficiente
para gerar emprego, tal como denunciava o PS no passado recente, relativamente
a estimativas mais elevadas de crescimento pelo anterior governo.
Ora, não foi este regresso às medidas de contingência que os partidos do
governo prometeram ao eleitorado em campanha eleitoral, quando o país estava a
recuperar a trajetória de crescimento económico, de forma gradual e sustentada.
O que ganhou então o país e os portugueses, com a troca de um governo que
começava a aliviar paulatinamente a aplicação de algumas das medidas que estão
para regressar a curto prazo? Era necessário trocar o governo para aplicar a
mesma receita? Estamos melhor hoje do que há um ano atrás?
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