2016-04-01

O INACEITÁVEL E O ABOMINÁVEL BRANQUEADOS PELA ESQUERDA PARLAMENTAR


A esquerda que suporta no parlamento português o atual governo condenou sem reservas o desenrolar do processo Lava Jato que ameaça politicamente Dilma e o seu antecessor, considerando-o uma desestabilização do Brasil, um golpe de Estado da direita e extrema-direita, da aristocracia latifundiária, industrial e financeira, através da instrumentalização do poder judicial e da ação de alguns órgãos da comunicação social, revertendo os avanços das condições de vida do povo brasileiro nos últimos 13 anos.

Não se trata pois, nas posições tomadas, de qualquer ação judicial legítima de combate à corrupção, mas sim de manobras desestabilizadoras dos EUA, visando os processos progressistas em curso na afirmação soberana da América Latina, traduzindo uma profunda crise do capitalismo que incide nefastamente sobre os países emergentes. A defesa dos petistas mantém-se indiferente à jocosidade que afirma: dizem que Lula tirou milhões da pobreza, mas parece que depositou quase tudo na conta dele …

Para além da inqualificável solidariedade sectariamente manifestada perante a justiça que consideram ser a oposição e o bloqueio popular à justiça brasileira, face à desilusão generalizada dos que se viram traídos pelos ídolos da esquerda que não praticaram o que apregoaram, escondendo a responsabilidade criminal por detrás da imunidade, é inaceitável a militância petista da esquerda portuguesa que concorda com o desrespeito das regras do Estado de Direito, condicionada à cor política dos investigados, tolerando os “nossos” que roubam.

A atitude agora manifesta da esquerda portuguesa não é nova, pois já foi ensaiada com a tentativa de politização da investigação a Sócrates, revelando o sectarismo ideológico e partidário e, principalmente a fragilidade dos valores democráticos e de respeito pelo Estado Direito por quem suporta a atual solução governativa nacional, o que estará longe de nos tranquilizar.

A confirmá-lo está o facto de, perante os abomináveis ataques terroristas no aeroporto e no metro de Bruxelas, reivindicados pelo Estado Islâmico, tendo matado mais de três dezenas de pessoas, vir um deputado do PCP relacionar os mesmos com os problemas sociais e as políticas de direita dos nossos governos, com as quais é preciso acabar, o que, ainda que não fosse uma execrável posição, seria no mínimo incompreensível.

Então, sendo o PCP um dos sustentáculos da atual solução governativa em Portugal, imaginar-se-ia que a mesma não fosse de direita mas sim de esquerda, atendendo às forças políticas que a apoiam e protagonizam, o que, parece não acontecer, à luz destas declarações. Mas, se tal acontecer e se tratar efetivamente de um governo de esquerda e das esquerdas, aquele que agora temos em Portugal, como justificar que, no final de janeiro do corrente ano, a imprensa nacional e mundial tenha noticiado a referência do Estado Islâmico a Portugal, numa ameaça terrorista à Península Ibérica?

Também aqui, o sectarismo ideológico de certas esquerdas, desrespeitando todos os valores básicos da convivência democrática, não necessita de mais provas.

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