A esquerda que suporta no
parlamento português o atual governo condenou sem reservas o desenrolar do
processo Lava Jato que ameaça politicamente Dilma e o seu antecessor,
considerando-o uma desestabilização do Brasil, um golpe de Estado da direita e
extrema-direita, da aristocracia latifundiária, industrial e financeira,
através da instrumentalização do poder judicial e da ação de alguns órgãos da
comunicação social, revertendo os avanços das condições de vida do povo
brasileiro nos últimos 13 anos.
Não se trata pois, nas
posições tomadas, de qualquer ação judicial legítima de combate à corrupção,
mas sim de manobras desestabilizadoras dos EUA, visando os processos
progressistas em curso na afirmação soberana da América Latina, traduzindo uma
profunda crise do capitalismo que incide nefastamente sobre os países
emergentes. A defesa dos petistas mantém-se indiferente à jocosidade que afirma:
dizem que Lula tirou milhões da pobreza, mas parece que depositou quase tudo na
conta dele …
Para além da inqualificável
solidariedade sectariamente manifestada perante a justiça que consideram ser a
oposição e o bloqueio popular à justiça brasileira, face à desilusão
generalizada dos que se viram traídos pelos ídolos da esquerda que não
praticaram o que apregoaram, escondendo a responsabilidade criminal por detrás
da imunidade, é inaceitável a militância petista da esquerda portuguesa que
concorda com o desrespeito das regras do Estado de Direito, condicionada à cor
política dos investigados, tolerando os “nossos” que roubam.
A atitude agora manifesta da
esquerda portuguesa não é nova, pois já foi ensaiada com a tentativa de
politização da investigação a Sócrates, revelando o sectarismo ideológico e
partidário e, principalmente a fragilidade dos valores democráticos e de
respeito pelo Estado Direito por quem suporta a atual solução governativa
nacional, o que estará longe de nos tranquilizar.
A confirmá-lo está o facto
de, perante os abomináveis ataques terroristas no aeroporto e no metro de
Bruxelas, reivindicados pelo Estado Islâmico, tendo matado mais de três dezenas
de pessoas, vir um deputado do PCP relacionar os mesmos com os problemas
sociais e as políticas de direita dos nossos governos, com as quais é preciso
acabar, o que, ainda que não fosse uma execrável posição, seria no mínimo
incompreensível.
Então, sendo o PCP um dos
sustentáculos da atual solução governativa em Portugal, imaginar-se-ia que a mesma
não fosse de direita mas sim de esquerda, atendendo às forças políticas que a apoiam
e protagonizam, o que, parece não acontecer, à luz destas declarações. Mas, se
tal acontecer e se tratar efetivamente de um governo de esquerda e das
esquerdas, aquele que agora temos em Portugal, como justificar que, no final de
janeiro do corrente ano, a imprensa nacional e mundial tenha noticiado a
referência do Estado Islâmico a Portugal, numa ameaça terrorista à Península
Ibérica?
Também aqui, o sectarismo
ideológico de certas esquerdas, desrespeitando todos os valores básicos da
convivência democrática, não necessita de mais provas.
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