Já
todos percebemos que as metas orçamentais para 2016 nas quais o Governo teima
em persistir, estão mais que comprometidas, no quadro da impossibilidade de
resolver a equação que o Governo continua a apresentar: reduzir o défice a par
do aumento da despesa (reversão das 35h semanais e reposição dos salários da
AP) e da diminuição da receita (diminuição do IVA da restauração…). Como o
suposto milagroso estímulo ao consumo enquanto indutor do crescimento económico
teima em não apresentar frutos, as estimativas deste último todos os dias são
revistas em baixa pelas mais variadas entidades e instituições independentes, o
que agravará ainda mais a queda da arrecadação fiscal.
Antecipando
a derrapagem, a Comissão Europeia tem vindo a utilizar a ameaça de sanções no
âmbito do procedimento por défice excessivo da execução orçamental passada, na
pressão ao governo atual, para que este ajuste as medidas em execução e adote
medidas excecionais, com vista a conseguir as metas definidas, as quais, neste
quadro, não serão atingidas. Com Espanha aconteceu a mesma coisa, tendo o
governo espanhol proposto novas medidas como agravamento de carga fiscal sobre
as empresas, ainda assim considerada insuficiente pela própria CE.
Por
cá, continua o exercício de manutenção de poder pelo PS, custe o que custar ao
país, para agradar aos insaciáveis PCP e BE, que só descansarão quando o
sistema bancário estiver de rastos e nacionalizado, ou depois de queimada
qualquer hipótese de sobrevivência das empresas privadas, dominadas por esses capitalistas
exploradores dos trabalhadores e culpados da miséria que grassa pelo mundo
inteiro, Venezuela incluída. Grita-se contra a CE e acusa-se a Alemanha de
querer a nossa desgraça, mas nada se diz contra os países que, nas reuniões dos
organismos europeus, não defendem Portugal, antes insistindo na aplicação das
sanções, apesar dos seus governos de esquerda: a Holanda, a França ….
Percebendo
o contexto e as expetativas de arrefecimento da economia europeia e mundial
durante o segundo semestre do ano, o PS ensaia uma fuga para a frente, rumo a
eleições antecipadas que diluam a sua responsabilidade na propositada inércia
perante a defesa dos valores do défice de 2015, que poderia ter feito junto da
CE, cuja opção prejudica Portugal, mas dá argumentos políticos ao PS para
culpabilizar o anterior governo, aquele que nos salvou da bancarrota à beira da
qual o PS nos deixou.
Tudo
isto para o PS se apresentar ao eleitorado com um histórico de governação que
afronta a CE à qual sabe que tem que ceder e cujas regras terá que acatar, o
mais tarde possível e transferindo para tais imposições a responsabilidade
pelos resultados da sua incapacidade governativa e das incorretas opções
tomadas na reposição das medidas do anterior governo. Por outro lado, a
elaboração do orçamento de 2017, no quadro das regras do Tratado Orçamental
Europeu, implicará obrigatoriamente uma dificuldade negocial com o PCP e o BE
cuja ultrapassagem não é garantida, antes pelo contrário.
Mas a
verdade é que não será devido às sanções europeias ainda não decididas que, no
primeiro trimestre de 2016 o consumo excedeu o rendimento disponível das
famílias portuguesas, que gastaram muito mais do que ganharam, algo nunca visto
na economia portuguesa, ainda assim sem reflexos nas elevadas taxas de
crescimento que este governo prometeu. É a nós que se deve a existência desse
problema que é a incapacidade de produzirmos o suficiente para as nossas
necessidades e somos nós que temos que o resolver, não são os outros países nem
a CE.
O
mesmo acontece com os problemas que se agravam todos os dias no sistema
bancário português, causados pela incompetência do governo em resolver o
dossier CGD, sendo responsabilidade deste governo e não da CE ou do anterior
governo. A não ser que as investigações do Ministério Público venham a
estender-se a ex-governantes do PSD/PP, para além do ex-primeiro ministro socialista
José Sócrates, da sua ex-mulher, do antigo ministro socialista Armando Vara e
da sua filha, dos amigos de Sócrates, do ex-motorista de Sócrates …