Vários
especialistas têm vindo a destacar a emergência recente mas crescente da
dimensão de gestão das qualificações e do talento dos recursos humanos,
enquanto fator valorizador da construção, reforço e mudança da cultura
organizacional das empresas, com impacto significativo na eficiência e
produtividade empresariais.
Tal
perspetiva, desde logo geradora de expetativas interessantes num mercado de
trabalho que sempre observa dificuldades de absorção dos profissionais de
gestão do capital humano, tem vindo a ser constatada com maior intensidade
desde o início da crise (paradoxalmente ou talvez não), um pouco por todo o
país, com maior foco no tecido empresarial de maior intensidade tecnológica.
A
recente crise financeira e económica que afetou a Europa, acarretou uma
substancial alteração da matriz económica nacional, reduzindo
significativamente os setores tradicionais da atividade económica em número e
dimensão empregadora de empresas, permitindo ganhos relativos de peso e mesmo a
expansão de unidades integradas em sectores mais pujantes em tecnologia,
competitivos à escala europeia e mundial.
A
atração e consolidação de investimento estrangeiro em unidades de produção
tecnologicamente avançadas e de prestação de serviços digitais cresceu aos
poucos no país, durante e apesar da crise, com uma distribuição
territorialmente mais equilibrada e beneficiando mesmo algumas das regiões com
menor tradição industrial.
A tal
movimento não terá sido indiferente a avaliação da capacidade dos territórios
responderem, à escala regional, a elevadas e particulares exigências desses
investimentos, em matéria de gestão das qualificações profissionais e dos
talentos humanos. Ganharão aqui relevância, entre outras, as avaliações sobre a
rede de instituições do ensino superior, a capacidade e diversidade da oferta
formativa de caráter técnico e profissional, a implantação e recetividade do
sistema regional de transferência de tecnologia, a existência e a dinâmica da
gestão dos parques empresariais, assim como a ligação dos mesmos ao sistema de
ciência regional, etc…
Foi a
existência de várias e entrecruzadas redes de diversos tipos de atores que
gerou confiança para que empresas e grupos internacionais de importância
mundial como a Embraer, a Mecachrome e a Capgemini, entre outras, se
instalassem no Alentejo e para que outras já existentes crescessem
significativamente, atraindo áreas de produção instaladas noutros continentes,
como é o caso da Tyco Electronics. São exemplos de casos de certo tipo de
investimento, muito seletivo, porque muito exigente no que respeita à qualidade
das qualificações profissionais e do talento humano que mobilizam no seu
entorno, mas que confiaram na qualidade dos atores regionais do Alentejo e, no
fundo, no talento institucional dos mesmos para responderem ao nível das exigências
e dos desafios colocados.
Interessante
foi a sensação experimentada, no seio dos atores institucionais regionais, de constatar
a elevação da dimensão da qualidade das qualificações profissionais à condição
de fator determinante e mais que isso, decisivo, na escolha da localização de
investimentos tão exigentes e tão distantes do padrão a que estávamos
habituados. E tudo isto, em plena crise económica e financeira, com um
desemprego galopante e oriundo de atividades económicas igualmente distantes das
emergentes na região.
É,
pois, reconfortante assistir à afirmação, por parte de reputados especialistas
da área da gestão do capital humano, de que este mesmo capital é efetivamente o
“gatilho” do crescimento, diria que não apenas económico, mas principalmente
regional e sustentável, como está em curso no Alentejo.