2008-06-28

O FACILITISMO NÃO FACILITA O LONGO CAMINHO A PERCORRER

O DN mostrava recentemente perspectivas perante a educação bastante diferentes e, com melhores resultados obtidos:

Imigrantes dizem que o seu ensino é exigente e com muitos TPC

Uma folha de papel a circular pelas carteiras é algo que nos habituámos a ver nas escolas portuguesas. Não é o hábito das crianças oriundas de países da Europa do Leste. A folha deixa de circular no preciso momento em que o professor inicia a aula. É uma questão de atitude, de cultura, de educação, da importância que se atribui ao ensino?

É seguramente diferente e para melhor, dizem os professores portugueses. Os alunos também não se queixam dos nossos educadores, mas pedem uma maior exigência na sala de aula. Um pedido que passa a reivindicação junto dos pais desses mesmos alunos.

Matemática do 3.º ano, mas com o programa de uma escola que fica numa ponta da Europa, no Leste da Europa. Crianças dos oito aos dez anos seguem a matéria em ucraniano como se estivessem no país de origem. É sábado e este é o sexto dia de aulas de alunos que frequentam durante a semana a escola portuguesa. E, assim, prosseguem os estudos nos dois sistemas de ensino. É uma conquista da comunidade ucraniana em Portugal e que está bem expressa no nome da escola Milagre do Mundo. Interrompemos a aula, fazemos perguntas, os alunos atropelam-se para responder. Deixamos duas folhas de papel para escreverem o nome, a dade, há quantos anos aqui estão e o que querem ser quando crescerem. Meia hora depois, as folhas continuam intactas. Faz sentido, quando começamos a perceber estas comunidades. Na aula, é impensável fazer outra coisa que não seja ouvir a professora. "Ainda não escrevi o meu nome, a professora começou logo a aula", sussurra Daryd Yarova, ucraniana, nove anos, há oito em Portugal.

Um papel a circular pela sala é algo que nos habituámos a ver nas salas de aula e em todos os graus de ensino portugueses. Os imigrantes dizem-nos que não é assim nas escolas da Europa do Leste. "A aula é para aprender. A professora não precisa de levantar a voz. Na escola portuguesa, a professora tem que ralhar para os alunos fazerem as coisas", diz em tom de crítica Bohdan Fedoryshyn, nove anos, há quatro em Portugal. Quer ser futebolistas e engenheiro.

É uma questão de atitude, de cultura, da importância que se atribui à educação. Bem diferentes do comportamento dos nossos alunos. "São realmente diferentes, muito trabalhadores e disciplinados. E sentem vergonha quando têm maus resultados, até porque vão logo para a via profissional. E são os próprios a dizer que os alunos portugueses têm uma atitude de desrespeito para com os professores", explica Isabel Policarpo, professora de Português na Escola 2, 3 de Delfim Santos, em Lisboa. As crianças do Leste estão entre os seus melhores alunos.

Meninos como a Daryd, o Bohdan, a Júlia, o Solomiyo, a Maria, o Mykhoylo, o Aleksandr, a Anastasya, a Marina, a Tetyana e o Dimytro, e que conhecem o sistema de ensino português e ucraniano. Sentem que o ensino "lá [Ucrânia]" é mais difícil, sobretudo nos primeiros níveis. "Lá", não têm mais horas de aulas, mas têm mais trabalhos para casa. Tantos que o tempo de estudo em casa chega a ser superior ao da escola. E tanto elogiam os professores nacionais como os portugueses, com uma ressalva para estes últimos: "Deviam ser mais exigentes!" Já os professores portugueses não lhes poupam elogios. "O facilitismo mete-lhes confusão, não gostam. Enquanto que para nós é um pouco ao contrário, o nosso ensino está cada vez mais nivelado por baixo", diz Renato Costa, formado em Biologia e professor de Saúde e Socorrismo na Escola Secundária Anselmo de Andrade, em Almada.

Ana Parra dá aulas na Escola Secundária da Amora a alunos que não têm o português como língua materna. Elogia os ucranianos, os moldavos e os russos, que diz terem "capacidades de trabalho invejáveis". E que até as ilustrações dos livros escolares lhes fazem confusão por serem um factor de distracção. É esta capacidade de trabalho que os faz ultrapassar as dificuldade para com a aprendizagem da língua portuguesa.

"Já é português" Uma forma de estar que não encontra eco entre os portugueses. Pelo menos, na maioria. A tal ponto que os imigrantes do Leste quando vêem os filhos a resvalar para o desleixo, logo afirmam: "Já é português!" É a conclusão do estudo "Entre o Rural e o Urbano: Estratégias de Integração de Famílias de Imigrantes da Europa do Leste", das sociólogas Alexandra Castro, Ana S. Marques, Joana Afonso e Maria José L. Antunes. E sublinham: "No caso de muitos imigrantes, e isto é absolutamente novo no contexto da imigração em Portugal como insuficiente face às expectativas que nela se depositam."

Irina Deuysyuk, 14 anos, Nastia Isasenko, 14, e e Ulyana Varyvoda, 15, dizem o mesmo mas por outras palavras: "Quando viemos, as notas eram baixas por causa da língua. Depois, levantaram e, agora baixaram. Já aprendemos com os vícios dos portugueses. Quem fica mais tempo apanha os vícios e, se regressar à Ucrânia, vai sentir muita diferença." Os vícios que dizem ter aprendido são "estudar pouco ou nada; ir à escola sobretudo para encontrar os colegas; falar na aula". Expansivas e com ar de estarem sempre prontas para a brincadeira, têm dificuldades em dizer se gostariam de regressar definitivamente ao seu país. Andam no 8.º e 9.º ano na escola portuguesa e no 9.º na escola ucraniana. Os cursos que pretendem seguir dividem-se entre o jornalismo, marketing ou publicidade e designer ou estilista.

A escola " Milagre do Mundo" funciona na Escola 2,3 Pedro Santarém, em Lisboa e segue o programa curricular da Escola Universal de Kiev. Tem uma turma por cada um dos 11 anos exigidos para completar o ensino secundário na Ucrânia (vai passar para 12). É a escola ucraniana em Portugal que tem mais alunos, 130. Vêm de várias concelhos da Grande Lisboa. Todos os sábados, entre as 9.00 e as 17.00.

"Não queremos que a nossa descendência esqueça a língua materna. Estão integrados na escola portuguesa, mas é importante que aprendam a sua cultura", explica Vitaliy Miaailiz, presidente da Associação de Ucranianos de Portugal. A associação é responsável pela maioria das 14 escolas ucranianas no País e que têm o apoio da Embaixada da Ucrânia: três em Lisboa e uma em cada destas cidades: Aveiro, Braga, Gondomar, Paredes, Águeda, Leiria, Faro, Portimão, e, em breve, nas Caldas da Rainha.

Igor Korinnyv, o director da escola, já deixou de se indignar com "a falta de exigência" das escolas portuguesas. "Os alunos, tanto os portugueses como os nossos, andam muito livres. Aqui, os professores não os apertam tanto para melhorar a situação", diz, exemplificando: "Na Ucrânia, se um aluno se atrasa, a administração escolar chama de imediato os pais. Se provoca algum desacato, chamam logo os pais, se não querem estudar, chamam os pais. E os alunos têm medo!"

Medo e vergonha. Medo das represálias em casa. Vergonha, por não cumprirem as metas, estudar e passar de ano. "Mesmo para se trabalhar numa loja é preciso um diploma. Sem diploma, ninguém fala consigo", diz Igor. É professor de Educação Física e chegou a Portugal há sete anos. Trabalhou como serralheiro na construção civil, ofício para o qual tirou um diploma na Ucrânia. "É para estudar, é para estudar"

"Estranho. Estranho o comportamento dos meus colegas. Pensam que é tudo brincadeira, mas não. Quando é para se divertir, é para se divertir. Quando é para estudar, é para estudar", atira a Georgina Trincu, 11 anos, romena, há três anos em Portugal e a frequentar o 4.º ano na escola portuguesa e na romena. Está na Escola Romena da Associação Fratia (fraternidade) que funciona aos sábados na Escola Secundária de Bocage, em Setúbal. Tem 60 alunos entre os 5 e os 15 anos, da Roménia, Moldávia e Ucrânia.

"Na Roménia, uma colega minha olhou para o relógio e só por isso a professora mandou-a para a rua e disse-lhe: 'Se já estás farta da aula, vais embora!", conta. E continua: "Temos mais regras na Roménia, até na ginástica." Em Portugal só fazem as coisas "quando o professor ralha".

Daniela Madesco, a amiga, expressa o que a surpreende: "Há rapazes e raparigas da minha sala que chumbaram e os pais dizem que não querem saber, que repetem o ano. Na Roménia não é assim... Há um moldavo que era bom aluno, mas foi atrás dos outros que não estudam e, agora, só tem negativas." A Daniela tem dez anos, veio para Portugal há menos de um e frequenta o 4.º ano, tanto na escola portuguesa como romena. Conta outro episódio. "A professora faltou na sexta-feira, mas nós fomos à mesma. Um colega meu faltou. Quando vinha para casa vi que me tinha esquecido das chaves na sala dos professores e voltei à escola. E vi aquele rapaz que tinha faltado com a mochila e só pensei: disse aos pais que veio para a escola e não apareceu!'"

Com a resposta sempre na ponta da língua, a Daniela fala num português irrepreensível e com pronúncia setubalense. "Não sabia falar português no início e sentia-me inferiorizada. Agora, já falo muito bem. Fui a uma visita e estudo e uma professora só percebeu que eu não era portuguesa quando chamou pelo nome." É que antes de vir para Portugal, os pais comparam um dicionário de romeno/português. "Com as palavras como se escrevem e como se lêem."

Quando Bogdan Litkovets chegou a Portugal tinha 5 anos. Na Ucrânia, onde nasceu, nessa idade os meninos já sabem ler. E ele sabia, ucraniano. Por isso a mãe, que era professora de música lá, ensinou-lhe a ler português em casa antes de ele entrar na 1.ª classe num colégio em São Pedro do Estoril, onde a família morava.

"Foi fácil", conta Alla Litkovetz, que se desdobra entre vários trabalhos como mulher a dias, dá aulas de piano e ainda ensina na escola ucraniana de Cascais. Mas teve mau resultado: a professora do filho mandou chamar Alla à escola e passou-lhe um raspanete. Bogdan era o único a saber ler e isso perturbava os colegas. "Uma história surreal".

Foi por histórias como esta, e porque consideravam o ensino português muito brando, apesar do (excelente) percurso escolar de Bogdan, que Alla e o ex-marido resolveram mandar o filho para viver com a avó em Lutsk, cidade ucraniana perto da fronteira com a Polónia e ali fazer o 6.º ano. A mãe acha que valeu a pena a opção. "Queria que ele soubesse o que é a escola , a disciplina, fazer trabalho sério." Isto apesar das fortes pressões dos professores ucranianos que, depois de saberem que a família era emigrante, queria que lhes "pagassem" notas melhores para Bogdan.

E Bogdan, gostou? O miúdo, agora com 12 anos e de volta a Benfica, em Lisboa, onde moram, diz sempre que "sim", de forma evasiva. Mas a sua opinião real sobre as diferenças do ensino, lá e cá, está numa carta que escreveu à mãe e que ela ainda guarda. Estou sempre a comparar a Ucrânia com Portugal. Em Portugal não há farda como aqui. A farda é bonita, mas eu gosto mais de vestir livremente. Aqui as pizzas são mais pequenas e bebe-se chá, não há coca-cola e há mais variedades de massas e de iogurtes. Em Portugal tinha uma hora para comer, aqui são 10 minutos. E tenho de comer, fazer limpeza na classe, abrir as janelas, limpar os papéis do chão, trazer giz novo. Gosto mais da escola em Portugal porque é mais fácil. Aqui, em meio ano gastei dois cadernos, em Portugal era meio por ano. Temos de nos levantar cada vez que o professor nos faz uma pergunta. E eles dão-me notas piores do que em Portugal. Eu não percebo. E aí as crianças ajudam-se umas às outras, aqui são avarentos e não ajudam. Agora eu também sou assim.

Os gémeos Rostyslav e Kostyantyn Romaschuk têm 17 anos e são naturais da Ucrânia. Chegaram ao País com 11 anos, acabando por fixar residência em Sines. A mãe é enfermeira (levou dois anos para concluir o processo de equivalências) e o pai é mecânico. São alunos do 1.º ano de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas, em Lisboa, curso onde entraram com uma média obtida no país de origem, 18,9 valores. Também estudaram em Portugal, mas não conseguiam melhor classificação do que 16 (média). Os gémeos sempre estudaram nos dois sistemas de ensino: o português e o ucraniano. "O 7.º ano foi difícil na escola portuguesa, mas as notas melhoraram quando começámos a saber a língua", conta o Rostyslav.

No final de cada ano lectivo, faziam os exames na Ucrânia, até que decidiram frequentar lá o último ano do secundário, onde este nível de ensino tem apenas 11 anos (vai passar a 12), razão pela qual os Romaschuk têm menos idade que a generalidade dos colegas da faculdade. Depois, só tiveram que pedir a equivalência das habilitações. "O ucraniano é a nossa língua materna e era mais fácil estudar na Ucrânia", explicam. Provocação: Não haverá também uma diferença de atitude nas escolas ucranianas, que faz com que os alunos obtenham melhores classificações?

"Não acho que exista uma diferença de atitude. O problema é a vontade de estudar", resume Rostyslav. Quase a concluir o 1.º ano de Medicina (estão em exames), limita-se a dizer que "os estudos estão a correr mais ou menos". É que persiste a dificuldade linguística. "Não conseguimos perceber bem as terminologias. Estudamos a matéria, mas é difícil. Para os nossos colegas portugueses é mais fácil!"

ÉVORA CAPITAL NACIONAL DO RIDÍCULO E DO DESCRÉDITO?

Destacado pelo Jumento com esperança de que não inspire mais anedotas sobre os alentejanos:

O "PRÍNCIPE DA TRANSILVÂNIA" NÃO ENGANOU O "MAIS ÉVORA"

Normalmente cai quem é parvo ou quem quer:

«Muito foi aqui publicado sobre este príncipe e os vultuosos investimentos anunciados para a nossa cidade. Recordamos dois posts: «Príncipe da mentira e da ilusão», com informação chegada do Brasil, e «Da terra do Drácula para o Alentejo», artigo de Luís Maneta, no 24Horas, onde se dá conta da notável conferência de imprensa, realizada no aeródromo municipal com a presença do adjunto do presidente da Câmara, Monarca Pinheiro e Sua Alteza Real O Príncipe da Transilvânia.»

Aos investigadores que agora procuram clarificar todo o percurso do personagem, convinha espreitarem o site onde alegadamente se lamenta o Pobre mais Rico do Mundo, através de várias acusações a personalidades dos meios político, económico e financeiro de Évora e de outras paragens.

ISTO NÃO É UMA REFORMA, MAS UMA CRETINICE

O REGRESSO DO PSD À SUA MATRIZ

«O país, já se sabe, não anda bem. Como se diz na gíria, “estamos a divergir da Europa”. Sócrates foi obrigado a uma política de contenção intensa, para controlar “o monstro”. Conseguiu-se que as contas batessem certo, mas a economia real degradou-se, cresceu o desemprego, as coisas pioraram para quase todos. E, quando parecia que havia luz ao fundo do túnel, a economia internacional pregou-nos uma partida. O preço do petróleo disparou para a estratosfera, bem como os preços dos bens alimentares. A inflação já espreita, e portanto o BCE, grande guardião da estabilidade dos preços, já avisou: as taxas de juro podem subir.

Há apenas seis meses atrás, Menezes era líder do PSD e ninguém apostava nele. Sócrates estava à vontade, com o ‘deficit’ controlado e até uma pequena folga para baixar, simbolicamente, o IVA. Seis meses depois, a política deu uma pirueta. Ninguém acredita já em maiorias absolutas, temese o pior cenário, e há quem fale já abertamente de soluções de salvação nacional, como o Bloco Central (PS aliado a PSD), ou uma frente de esquerda (PS aliado ao BE, sem Sócrates). Os ventos mudaram. O ciclone que varre o mundo ocidental, e que leva o petróleo a uma carestia absurda, começa a provocar estragos, que só têm tendência a agravar-se no próximo ano.

Perante este horizonte, Manuela Ferreira Leite anuncia um PSD com “preocupações sociais”, fala nos “novos pobres”, e rejeita as “grandes obras”. O PSD dela vai não só recuperar a “credibilidade” que o partido perdeu com a fuga de Barroso, a balbúrdia de Santana e a tontaria de Menezes, como vai também recuperar a sua matriz tradicional, “social-democrata”.

Social-democrata? Na verdade, devíamos dizer “democrata-cristão”, pois é disso que se trata. Tirando uma breve época de agitação e confusão, após o 25 de Abril, o PSD sempre foi mais democrata-cristão do que social-democrata. É certo que nunca o pôde dizer pois essa era a marca do antigo CDS, mas as suas políticas, de Sá Carneiro a Cavaco, sempre foram mais democratas-cristãs do que sociais-democratas. Num país que tinha vindo de uma ditadura de direita e de uma revolução de esquerda, era oportuno não o assumir, o que revelou a esperteza do PSD. Mas hoje, 34 anos depois da revolução dos cravos, devíamos alinhar as ideologias com a Europa e não fugir delas.

Manuela Ferreira Leite propõe uma conquista do poder pela via da democracia-cristã tradicional europeia. Quer ajudar os pobres, quer o Estado atento ao flagelo social, aos que sofrem. E quer fazê-lo dentro de uma disciplina fiscal apertada. É a receita da democracia-cristã europeia, a ideia de um Estado Providência que intervém e não deixa ficar ninguém para trás.

Com este discurso, Manuela Ferreira Leite abandona o liberalismo que alguns defendiam no PSD, e abandona também o populismo atrevido da linha Santana Lopes. Não quer revoluções nem tontarias. Ao ouvi-la, temos a dúvida sobre se o PSD está ou não a virar à esquerda, mas é apenas uma dúvida momentânea. Nada disso. O PSD está é a recuperar o discurso de um centro-direita mais social, mais caridoso, mais solidário. Um discurso que no centro-direita há muito foi abandonado. O CDS-PP abandonou-o com a linha Monteiro/Portas, e o PSD abandonou-o com Cavaco, Barroso e Lopes.

É certo que os anos 90 foram uma época diferente, mais expansiva, mais ambiciosa, mais capitalista. Contudo, passada a farra e a bonança económica, o centro-direita regressa agora, com Ferreira Leite, a um discurso mais contido, mais solidário, mais preocupado. Longe vão os tempos da libertação, da privatização, da reforma do Estado. Agora, com as sombras que para aí vão no mundo, Ferreira Leite percebeu que o Estado vai ter de voltar a ser porto de abrigo, mão amiga, pilar da terra. Ao estilo autoritário de Sócrates, ela responde com a solidariedade de uma avó que já viveu muito e se preocupa com todos. Pode ser que resulte. ____ Domingos Amaral, Director da revista “GQ”»

O 14º CONGRESSO ALENTEJO XXI

O Congresso do Alentejo tem vindo a perder importância regional e nacional, de forma continuada ao longo do tempo, por desgaste da mensagem e falta de oportunidade da mesma.

Os tempos áureos da contestação autárquica comunista esmagadora no Alentejo, contra uma governação nacional de direita supostamente omissa ou mesmo prejudicial ao desenvolvimento do Alentejo, conferiam-lhe o estatuto de fórum do bastião.

As coisas mudaram com a governação Guterres, despejando milhões dos fundos comunitários no Alentejo com objectivos de conquista autárquica e desvalorizando totalmente, através do exercício político hipocritamente dialogante corporizado por uma administração pública regional partidarizada, a contestação organizada.

As repetidas edições do Congresso do Alentejo contribuem para analisar os problemas da região e apontar soluções, mas não para resolver os problemas do Alentejo, por falta de capacidade reivindicativa, assente numa limitação da participação a um nível autárquico, cuja visão local não é de todo compatível nem integrável nos modelos de desenvolvimento concebidos para o país.

A maré contra a qual o Congresso do Alentejo rema, promove a concentração populacional no litoral, a desertificação e o desprezo total do Alentejo, abandonado à iniciativa privada estrangeira, fomentando um ordenamento territorial virado para a exploração passiva dos recursos turísticos, mas sem audácia nem liderança regional (basta ver a confrangedora fragilidade institucional da actual CCDRA) fertilizadora de políticas ajustadas à sua especificidade.

Os objectivos do PS de conquista autárquica ao que resta da CDU, quer através da instrumentalização das políticas públicas, quer através o aliciamento de autarcas e quadros regionais, aliados a uma arrogância nunca vista em intensidade e em extensão hierárquica, apenas contribuirão para a continuidade do seu definhamento e mesmo uma apropriação do evento por domínio socialista dificilmente inverterá a tendência instalada, antes se limitará a alterar o papel, de contestatário a aclamatório da governação nacional.

2008-06-17

PARTIDO SOCIALISTA VOLTA A DESILUDIR ÉVORA

A CPS de Évora do PSD congratula-se que a autarquia de Évora tenha sido distinguida por boas práticas na mobilidade para todos, para o que contribuiu certamente o facto de o PSD ter proposto repetidamente no presente mandato, o reforço das verbas do orçamento municipal destinadas pelo PS à mobilidade.
Ainda assim, um ano depois de inaugurada, continua a Arena de Évora a evidenciar lacunas na acessibilidade daqueles que, tendo dificuldade de mobilidade, pretendam assistir aos espectáculos que ali se realizam, o mesmo acontecendo no Palácio de D. Manuel.

A CPS de Évora do PSD lamenta que o Primeiro-Ministro se tenha deslocado a Évora 2 vezes em pouco tempo apenas com objectivos eleitoralistas, sem dar resposta às dificuldades que o concelho e o distrito de Évora atravessam, nem resolver os assuntos que se vêm arrastando com a Câmara e o Governo do PS, nomeadamente:

  • O impasse do projecto Skylander, há 5 anos usado como bandeira eleitoral do PS, sem o mínimo resultado até agora quanto a novos empregos para jovens qualificados;
  • O garrote financeiro imposto às universidades do interior, entre elas a Universidade de Évora em risco de colapso financeiro, continuando sem ver cumprido o saneamento prometido pelo Governo;
  • A ameaça de ruptura financeira que paira sobre as Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntários de vários concelhos do distrito de Évora, em boa parte criada pelo incumprimento dos compromissos assumidos com os serviços prestados a organismos da Administração Pública central e local, como o INEM, a ARS e o HESE.

Ao invés da resolução de problemas concretos que estão a acarretar estagnação económica e degradação demográfica para Évora, o Governo e a CM do PS, enchem salas de hotel com “show-off” propagandístico e eleitoralista, anunciando mais projectos e investimentos, sem que tenham cumprido algum daqueles com que iludiram os eborenses nos últimos 8 anos.

Évora, Junho de 2008 A COMISSÃO POLÍTICA CONCELHIA DE ÉVORA DO PSD

2008-06-06

TEMPO DE UNIÃO, EMPENHO E MOBILIZAÇÃO NO PSD

O PSD perdeu um tempo precioso com as recentes disputas internas. Não tivesse Marques Mendes sido pressionado à demissão e o partido estaria hoje em muito melhores condições enquanto alternativa ao PS.

Há que recuperar tempo, depois de o mesmo se ter encarregado de dar razão a quem, seriamente e com rigor procurou denunciar as erradas opções de fundo do Governo PS desde o seu inicial estado de graça.

Os frutos eleitorais, não poderiam surgir logo, só os gananciosos do poder o esperariam, pois a confiança do eleitorado tenderia a ganhar-se sim a prazos mais dilatados, a partir da revisão do programa do PSD e seu ajustamento às novas realidades da sociedade e economia.

Em consequência da revisão do programa de partido, um novo programa do governo com que o PSD estaria neste momento a validar internamente para apresentação ao eleitorado em 2009, daria hoje razão ao profundo trabalho de participação interna e mobilização externa que vinha sendo levado a cabo de forma paciente e consistente, denunciando sempre que a um prazo mais curto que o PS imaginava, a realidade económica e social do país seriam pior do que a virtualidade em que o governo PS vive desde o início.

Este modelo de trabalho foi seguido aos níveis regional e local, tendo por consequência, no distrito e concelho de Évora, a oposição sistemática à governação nacional e local da CDU e do PS. Poderia ter sido mais profundo e mais difícil este trabalho? Sem dúvida. Falta contabilizar quantas (à excepção das actuais) comissões políticas concelhias e distritais do PSD tiveram o privilégio de, num mandato de 2 anos, receberem orientações de 3 presidentes do partido e assistirem a 2 eleições directas dos mesmos? Já não conto os repetidos congressos. É obra.

Mobilizando autarcas e militantes, as estruturas concelhias e distritais do PSD em Évora procuraram e conseguiram ainda assim reflectir sobre as principais necessidades do territórios e das pessoas, de forma a poderem passar, numa segunda fase do ciclo de preparação para o crescimento autárquico, à discussão com populações e entidades mais amplas, a envolver e mobilizar para as grandes ideias já traçadas. Em breve, embora com atraso justificado, esse trabalho virá à superfície e será partilhado em plataformas já desenhadas.

Após o tempo já irremediavelmente perdido, é chegado o momento de união do PSD para, aos níveis local e regional, se consolidarem as opções trabalhadas até agora e que necessitam ser apresentadas ao eleitorado a breve prazo.

É tempo de empenho de todos os militantes na discussão interna das opções das estruturas regionais e locais do PSD, com vista a que, com elevado grau de exigência, se validem as ideias e propostas mais ajustadas ao eleitorado.

É tempo de participação dos militantes do PSD na construção das soluções e na personificação das mesmas junto do eleitorado, nos vários espaços que exigem mobilização de competências internas e externas no próximo acto eleitoral autárquico, sem afastamentos ou retracções calculistas que os militantes e eleitores tendem a rejeitar.

Não tenho a menor dúvida de que este desígnio será assumido empenhadamente por todos os militantes do PSD, porque outra forma não há para o crescimento autárquico em 2009 que não seja o trabalho de continuação e aprofundamento, não sendo esperadas, por incompreensíveis ou inexplicáveis, outras posturas, nomeadamente afastamentos ou contestações perturbadoras do caminho traçado.

QUAL O FUNDAMENTO?

No Jumento, um bom comentário, que poderia mesmo ser mais duro.