Os alertas sobre a má governação socialista de Guterres desde cedo se fizeram sentir. A sua arrogância e sobranceria altiva com que encarava as contrariedades marcou a construção de um atoleiro de onde não conseguiu mais sair.
O problema é que, por um lado, afundou o país e, por outro, deixou uma escola que agora está outra vez no poder, numa postura que não mudou relativamente à anterior passagem pelo Governo, antes pelo contrário.
Como ter confiança na bondade dos anúncios, depois do relatório da CE a que este artigo se refere?
Jornal de Negócios - RELATÓRIO DA COMISSÃO EUROPEIA
As consequências do facilitismo financeiro: o país precisa de uma cura de "regime"!
Primeiro ficámos a saber que somos os campeões do número de funcionários públicos per capita da Europa e agora, a Comissão Europeia, na sua revisão da economia europeia de 2006, arrasa as políticas orçamentais adoptadas por Portugal na década de 90 e no início deste século, responsáveis pelos actuais desequilíbrios macroeconómicos.
Ao ler o relatório somos levados a concluir que o país entrou em bebedeira financeira no final dos anos 90 e que a saída da ressaca está a revelar-se muito difícil.
A combinação de uma redução das taxas de juro por virtude da convergência monetária e subsequente adesão ao euro com uma expansão nunca antes observada dos mercados financeiros – em resultado do fim da guerra fria – criou uma noção de facilitismo financeiro que conduziu, entre outros aspectos, ao descontrolo das contas públicas portuguesas.
O relatório da Comissão refere ainda as consequências nefastas da política orçamental pró-cíclica, seguida até ao início deste século, com um impacte brutal na subida acentuada da despesa pública e o subsequente aumento de emprego e de salários na administração pública e que geraram graves desequilíbrios na nossa economia. (...)
Além da conjuntura extremamente favorável da época, Portugal ainda beneficiou das receitas de privatizações que, entre 1989 e 2000 atingiram, sem ajustamento da inflação, cerca de 18 mil milhões de euros, dos quais cerca de 11 mil milhões foram afectos à redução da dívida pública. Ou seja, se não fosse esta fonte extraordinária de receitas – concentrada fundamentalmente entre 19995 e 2000 – o rácio de dívida pública em 2000 seria superior a 60% em vez dos 53% então registados!
A facilidade de acesso a recursos financeiros – baixas taxas de juros, subsídios comunitários e receitas de privatizações – sustentou decisões de investimento perfeitamente desajustadas do ponto de vista da viabilidade económica e, em muitos casos, sem qualquer justificação sequer de ordem social.
Isto é, em vez de se aproveitar o período de vacas gordas, para emagrecer o Estado e reorganizar as suas estruturas, inchou-se de forma irresponsável toda a máquina da administração pública e enveredou-se por investimentos sem viabilidade e de interesse altamente questionável.
Este aumento insustentável da estrutura da administração pública está agora a gerar as consequência que o relatório da Comissão europeia aponta.(...)
O problema é que, no caso do Estado, quem sofre as consequências dos erros de decisão dos responsáveis da administração pública são os cidadãos e as empresas. Para o Estado, o recurso ao aumento de impostos é a forma de cobrir as asneiras do passado. O paradoxal é pois que a penalização das asneiras do passado, não cai sobre os seus mas sobre todos nós. E o grande risco é que, para evitar a falência do Estado, os decisores políticos conduzem o país – isto é as empresas e os cidadãos – à falência, por via do aumento crescente do fardo fiscal.