Parece que vamos ter milagres em breve: com o novo QCA (agora QREN), vamos ter mais milhões no FSE, logo, consequência lógica e por acto de magia até aqui nunca ocorrido, ficaremos ao nível dos países mais desenvolvidos da União Europeia.
Certamente um resultado do Plano Tecnológico, através do qual um computador moderno calculou a fórmula mágica de correlação directa entre as variáveis recursos financeiros investidos no sistema de educação-formação, elevação dos níveis de instrução e qualificação e repercussões na economia.
Estranho é que as contas e os resultados dos vários estudos da OCDE sobre as relações entre as mesmas variáveis, não coincidam, repetidamente, relativamente à realidade portuguesa.
Antes pelo contrário, já que revelam, sem excepção, que o problema da educação e da formação em Portugal não é da quantidade de recursos financeiros, mas sim da ineficiência na sua aplicação.
Sendo Portugal um dos países da OCDE que mais investe, "per capita" em educação e formação, tem no entanto um dos piores retornos desse investimento, em termos da sua economia, ou seja, o impacto daquele investimento na economia é um dos mais fracos entre os países da OCDE (ao contrário de Espanha, como ainda recentemente se viu).
A causa parece estar relacionada com o desajustamento as estruturas formativas e educativas, isto é, o sistema de educação-formação não permite fertilizar tais investimentos, antes sendo em boa parte responsável pelo desperdício dos mesmos.
O sistema a que se atribui a culpa é grande e complexo, composto por uma extensa variedade de agentes e de complexas relações entre eles, nem sempre sendo fácil encontrar os pontos de fricção e de bloqueio ou entrave a um funcionamento mais profíquo.
No entanto, aspectos há que todos os dias saltam à vista como passíveis de interrogação e geradores de dúvidas razoáveis como o que segue:
- Os Institutos Politécnicos do interior do país parecem mais preocupados em abrir novos cursos do que em ajustar racionalmente a sua oferta, encerrando alguns cursos que continuam a gerar taxas de crescimento de desemprego elevadas entre jovens quadros qualificados;
- Diversificar a oferta formativa, num leque de duas dezenas e meia de cursos já existentes, constitui uma opção bastante discutível, nomeadamente pelo sentido tomado de expansão em detrimento da redução diferenciadora;
- O Ministério da tutela autoriza as opções tomadas pelos Politécnicos, dando cobertura a outro mais que discutível fundamento: a resposta a necessidades de formação locais e regionais (ainda não satisfeitas pela oferta existente em engenharias agrícola e zootécnica?).
Bem que podem chover milhões para a educação e formação, que o Alentejo continuará a secar em recursos humanos e a definhar na sua base económica.