Primeiro foram as piscinas e o polidesportivos das autarquias, ao longo da década de 90. Antes (na década de 80) tinham sido os parques industriais, das mesmas entidades. Em ambos os casos, os protagonistas foram os mesmos, os autarcas que, por razões de política pura e apego ao poder (ou melhor, para a sua conquista ou manutanção e exercício do mesmo), não tiveram o mínimo de racionalidade e procuraram criar, cada um à sua porta, uma infra-esturutura. O resultado é desastroso, lastimável e repudiante, pelos recursos financeriso nacionais e comunitários que foram gastos sem o mínimo de racionalidade, ou sejua, desbaratados.
É bem verdade que, à política eleitoralista pura que impele cada autarca a construir uma piscina na sua terra, a 5 km da do vizinho do lado ou um parque industrial que hoje esteja às moscas, alguém com responsabilidades em níves superiores devereia ter tomado nas suas mãos a correcção dos disparates e da irresponsabilidade. A CCR do Alentejo não o fez. Há nomes e figuras de quem esteve décadas à frente da gestão daquele organismo que deveria ser chamado à responsabilidade por tais dislates, protagoniziados com o nosso dinheiro, dos nossos impostos, nacionais e com os fundos comunitários. Enfim, a formaão conta muito e, quer queiram, os ou não, a veterinária não proporciona propriamente competência ajustadas neste domínio, ajulgar pelos exemplos.
Mas, o pior é que não aprendemos. Achamos que isso é normal e que os responsáveis, coitados, estão agora reformados e, não vale a pena chatear essa malta. Quem paga? Ninguém... Apesar do mal que fizeram e dos transtornos que nos causaram.
Por essas e por outras, o disparate continuou, sempre em subida de tom.
Passámos para o domínio do ensino superior. Com uma Universidade nova mas com tradição anterior, que poderia ter feito valer os seus trunfos de consolidação e afirmação em áreas estratégicas e distintintivas, apostámos em mais dois Institutos Politécnicos (em Beja e Portalegre) numa lógica (com alguma razão) de dinamizar através do conhecimento científico, os polos de centralidade urbana interior.
Mas, mais uma vez, sem leituras das experiências noutros domínios (como o caso das piscninas, polidesportivos e parques industriais, que todos se inibem de criticar, como se a crítica fundamentada para melhorar a gestão do nosso futuro e o futuro da nossa gestão fosse crime), voltàmos ao exagero e ao excesso da autonomia universitária, permitindo que o Instituto Politécnico de Beja chegasse a uma oferta de 25 cursos, pelo que posso pressupor o mesmo leque relativamente a Portalegre. Juntos com a Universidade de Évora, por este andar, com as perspectivas demográficas existentes e recentemente actualizadas, vão sobrar cursos e não alunos daqui a poucos anos.
O que vai acontecer aos professores que ali trabalham e quem fizeram o seu percurso acdémico com base em pressupostos não fundamentados? Que vão pedir contas ao governo que nessa altura estiver em funções, não tenho dúvidas, mas esquecem-se de quem foram os responsáveis pela situação em que vão caír.
Mais uma vez, a irresponsabilidade prevaleceu e comprometeu o futuro: em vez da procura de áreas distintivas de afirmação individual, a diversidade e a massificação falou mais alto.
Quem paga por tais erros? Os responsáveis por tais instituições de ensino, sem dúvida, mas também os que acima, nomeadamente ao nível governamental, deveriam ter colocado entraves, críticas e chamadas de atenção para uma actuação que, sem deixar de se subordinar e responder às necessidades de uma região, deveria ter sido mais responsável e realista quanto ao futuro. Ao invés, incentivaram o aumento de cursos e de alunos, financiando tais instituições pelo número de alunos em vez de por critérios de eficácia e eficiência regional.
Mas, também é bem verdade que quem elaborou as propostas de abertura de novos cursos, ao nível regional, por parte dos Politécnicos e das Universidades, está cada vez mais distanciado e alienado das verdadeiras necessidades do meio circundante e da missão que deveria ser prosseguida pela instituições cujo destino pretende influenciar e decidir.
É a irresponsabilidade no seu máximo esplendor. Infelizmente para toda uma região. O futuro de Beja e de Portalegre, enquanto cidades, vai ser tormentoso e atribulado. Évora, para lá caminha, em especial nesta área do ensino superior, que muito influencia e determina os destinos de uma região, nem sempre da melhor forma.