2014-11-28
2014-11-20
2014-11-19
2014-11-16
POR UMA DIMENSÃO REGIONAL DO DISCURSO POLÍTICO
A
recente alteração da terminologia da organização territorial da JSD,
introduzindo a dimensão regional em detrimento da distrital e o desafio lançado
no momento da sua tomada de posse na passada sexta-feira pelo recentemente
eleito Presidente do Secretariado Distrital de Évora dos TSD (Nuno Alas) de
encetar a discussão sobre a dimensão regional de abordagem de problemas como o
desemprego, constituem importantes marcos de manifestação e identificação de
necessidade de modernização do discurso político, perante uma mudança social
que tem sido demasiado rápida nos últimos anos, face à capacidade instalada de
reação e acompanhamento por parte das estruturas partidárias e afins.
O
inoperacional Aeroporto de Beja e o seu suposto milagroso potencial, continua a
ser defendido por muitos como local, de Beja, cidade tão pequena num mundo cada
vez mais globalizado e não do Alentejo, da mesma forma que a Universidade de
Évora se revela incapaz de, com as restantes Instituições de Ensino Superior do
Alentejo (os Institutos Politécnicos de Portalegre e Beja), encetarem processos
de concertação e, muito menos de associação ou fusão, com dimensão regional,
com vista à criação de uma IES do Alentejo.
Em
todos os casos enunciados, a lógica que subsiste na gestão e alimentação de
interesses particulares e locais pouco revela de dimensão regional ou de
integração com vista à conciliação de missões, direcionadas a uma maior escala
para afirmação competitiva nacional e mesmo global. Predomina a matriz
gestionária da sua constituição, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, com os
quadros contextuais que justificaram as suas constituições, como seja o caso da
rede dos Institutos Politécnicos, raramente fieis à sua génese. Fará isso
sentido hoje em dia?
José
Manuel Henriques, sobejamente conhecido e reputado investigador dos ISCTE/IUL
sobre as dimensões locais do desenvolvimento e as virtuosidades das iniciativas
locais que durante as décadas de 1990 prestaram o seu contributo à
revitalização do mundo rural alentejano, chamava a atenção na passada semana em
Odemira, num colóquio sobre Economia Social e Desenvolvimento Local, para a
necessidade de revisitar o já bem gasto mas necessário conceito de
desenvolvimento local, mas nada avançava quanto à viabilidade da escala local
das iniciativas económicas de criação de negócios e emprego, nos dias de hoje,
face ao aprofundamento da globalização, a uma escala e profundidade bem
diferentes daqueles conhecidas nas décadas de 1990 ou 2000.
Ora,
o discurso político local, desajustado face a tais preocupações, continua
muitas vezes preso às formalidades estatutárias da dimensão distrital, sem
sentir nem assumir que as novas tipologias da exclusão social e territorial
atingem hoje tantos as dimensões urbanas como rurais, litorais e interiores,
indiferentes à localização, antes determinadas pela capacidade dos territórios
(estruturas políticas, económicas e sociais) desenvolverem estratégias
integradas de aproximação às oportunidades de inserção nas redes globais de
relações e de dinâmicas sociais, empresariais e económicas, evitando ficarem
excluídos das mesmas.
O
desafio é o de refletirmos sobre o quanto continuamos afastados deste patamar
de reflexão política no Alentejo, para aqueles que reflexionam efetivamente, com
uma preocupação de dimensão regional: vale o esforço falarmos de estratégias de
combate ao desemprego ao nível concelhio ou mesmo intermunicipal perante as recentes
transformações dos mercados de trabalho nacionais e que afetam as gerações Z, Y
e X de uma forma ainda pouco compreendida e para as quais ainda não temos soluções
satisfatórias, sem equacionar o seu enquadramento numa dimensão regional de
intervenção?
Precisamos
de revisitar o discurso político regional com os atuais ou com novos atores
políticos, dependendo dos mesmos saberem interpretar os desafios do futuro,
mais que a tentação de responderem aos anseios de uma segurança dos eleitores nem
sempre possível de garantir num mundo em profunda mudança.
2014-11-09
2014-11-05
ORÇAMENTO DE ESTADO E AUTÁRQUICOS
Segundo
dados recentes do Eurostat, Portugal registou a maior diminuição de desemprego
em termos homólogos na U.E., inspirando o Governo a avançar com um Orçamento de
Estado para 2015 bastante ambicioso, apontando ao crescimento económico e ao
crescimento do emprego, sem descurar a dimensão social, como seja a proteção
dos mais idosos: aumento das pensões para cerca de 1,1 milhões de pensionistas,
isenção de taxas moderadoras para mais de 5,5 milhões de portugueses,
apetrechamento financeiro do Programa de Emergência Social para combater a
pobreza e a exclusão social, manutenção das majorações do subsídio de
desemprego para casais desempregados com filhos a cargo e para famílias
monoparentais, estendida aos trabalhadores independentes, subsídio esse a
assegurar a cerca de 250 mil empresários em nome individual, …
Sobre
o desemprego, o INE confirma igualmente através dos dados divulgados na
presente semana, que a taxa de 15,5% registada em Portugal no 3º trimestre de
2013, viu o seu valor reduzido em 2,4 pontos para 13,1% no mesmo 3º trimestre
de 2014, sendo que, no Alentejo essa quebra foi bem mais expressiva, descendo
de 16,1% para 12,6% entre os mesmos 3ºs trimestres de 2013 e 2014. Ou seja, num
quadro de substancial dificuldade europeia e nacional de exercício da
governação, procurando (re)equilibrar as finanças públicas, reduzir a dívida
pública e diminuir o défice, o Governo conseguiu ainda assim diminuir
substancialmente o desemprego, cuja escalada parecia não ter fim.
É neste
mesmo contexto de restrição que as autarquias, incluindo as do Alentejo,
apresentaram os seus Orçamentos Municipais para o próximo ano, invocando todas elas
as restrições do contexto nacional (que o Governo também padece do mesmo, na
conjuntura internacional), as heranças de dívida herdadas dos mandatos
anteriores, já que as mudanças de Presidências e/ou de forças políticas
afetaram mais de 1/3 das mesmas, que gostariam de fazer muito mais (o Governo
também).
Algumas
semelhanças mais que é possível encontrar, são a seriedade, realismo e
transparência dos orçamentos municipais apresentados, tal como o OE 2015,
assentes na prudência que ajudará ao reequilíbrio das finanças, sejam elas
locais ou nacionais. Respeitando as opções programáticas dos municípios que são
traduzidas nos Planos de Atividades autárquicos para 2015, também se deverão
respeitar as opções do governo em funções, fiel às suas promessas ao eleitorado
que, só não serão mais simpáticas porque o condicionamento financeiro o não
permite. O mesmo acontece nos municípios, a não ser que se pretenda
escalpelizar as divergências entre o prometido ao eleitorado e o que agora
apresentam em opções para 2015, os executivos municipais, o que seria
interessante.
Só
não se compreende pois como é que neste quadro de paralelismo entre a elaboração
dos Orçamentos de Estado para 2015 e dos Orçamentos autárquicos do Alentejo,
vemos ainda assim uma procura de legitimação da desresponsabilização das
autarquias do PS e da CDU perante os eleitores, escudada nas políticas do
Governo e na gestão municipal anterior, justificando os orçamentos restritivos
e de contenção apresentados para 2015 com os mesmos argumentos que contestam ao
Governo atual todos os dias, na comunicação social e na rua.
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