A
Juventude Social Democrata de Évora repetiu as jornadas distritais já antes
ensaiadas com sucesso, dedicando as do passado fim de semana a “Construir o Alentejo: património de futuro”,
um tema que me parece bem oportuno e de elevado interesse para a reflexão sobre
o futuro de uma região cada vez mais envelhecida na base da pirâmide etária e,
por isso, mais desertificada.
Para
além do papel do poder local na fixação dos jovens, foi o empreendedorismo e a
inovação que estiveram em destaque nos trabalhos das jornadas, procurando
estimular abordagens inovadoras à geração de iniciativa empresarial e à criação
de emprego, o que se afigura bastante pertinente, numa altura em que várias
forças políticas procuram incutir na sociedade portuguesa uma regressão à
predominância do Estado enquanto gerador de oportunidades, em desprimor da
iniciativa privada, nomeadamente da iniciativa individual.
Perante
um generalizado crescimento tendencial do desemprego jovem (ainda que
qualificado) em consequência da revolução digital e dos seus impactos na matriz
económica, do abrandamento do crescimento económico e da sua capacidade de
gerar novos empregos, da desregulação dos mercados de trabalho e da emergência
de novos modelos e relações de trabalho, para além do défice de qualificações
que persiste em resultado do desajustamento na produção de competências,
importa olhar para o futuro do trabalho com alguma inovação e iniciativa, que
estimule a criatividade individual dos jovens na abordagem, necessariamente
diferente, ao mesmo.
Mais
do que o lamento da inexistência de empregos ajustados às aspirações dos
jovens, à porta do mesmos, ou na sua região de nascimento, ganha relevo a
reflexão sobre qual o seu papel, ao nível individual, na procura das
competências necessárias a um mercado de trabalho que é hoje global, o qual
implica com elevada probabilidade, deslocações, estadias e experiencias
profissionais várias, noutras partes do país, da Europa e mesmo do mundo.
Por
isso importa estar atento às competências formais e não formais (de índole
individual e particular) que são valorizadas cada vez mais num contexto de
globalização e de multiculturalidade onde a predisposição para a mobilidade
geográfica e profissional são determinantes e incontornáveis atualmente, em que
a responsabilidade individual é cada vez maior na gestão do próprio cv e das
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida, de modo a manter a condição de
empregabilidade em permanência.
Perante
um mundo cada vez menos mediatizado nas relações de trabalho, o qual tenderá a
ser cada vez mais autónomo, isolado e individual, levar os jovens a tomarem
consciência do aumento da importância de uma atitude empreendedora na
diferenciação e na revelação do seu talento, bem como da necessidade de
abordagens inovadoras aos problemas crescentemente complexos com que se
depararão no futuro, só pode ser de louvar.
É por
isso merecido o reconhecimento à equipa liderada pela Ângela Caeiro pela
iniciativa que se deseja ver repetida regularmente nos próximos anos.
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