2013-08-04

MUNICÍPIO DE ÉVORA: QUE PERFIL ESCOLHER NAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS?

Os eborenses serão em breve convocados a escolherem o próximo Presidente da CM de Évora, que iniciará um novo ciclo político, findos os 12 anos correspondentes a 3 mandatos consecutivos do PS como força política absoluta primeiro e maioritária depois, desde 2001. Essa será a primeira nota a reter: o pior que os eborenses poderão fazer, será absterem-se do exercício dos seus direitos, mas acima de tudo, dos seus deveres como eleitores decisores a quem cabe a escolha da qual não poderão mais tarde queixar-se apenas pela crítica, se não tiverem exercido no ato da eleição, a sua opção efetiva.

Ora, como as eleições são um momento especial que tende a iludir todo o resto dos mandatos, procurando as candidaturas dirigir a atenção dos eleitores para os fatos mais recentes, para os últimos 6 meses antes das eleições, importaria fazer um exercício “à priori” ou “ex-ante” sobre qual o perfil de candidatura que melhor servirá os interesses da autarquia eborense neste momento, em 2013 e tendo em vista o horizonte de um novo ciclo político até 2020, correspondente ciclo europeu do novo QEC (Quadro de Referência Estratégica no âmbito do ciclo europeu 2020).

Podemos começar por questionar se o melhor perfil de Presidente do Município será o da continuidade da gestão dos últimos 12 anos, empenhado nos descalabros e insucessos da gestão anterior, prometendo agora fazer melhor não se sabe bem o quê, porque, já se percebeu que a medida de certas candidaturas quanto à melhoria conseguida é muito parca e que facilmente se reduzirá a uma pedra de calçada agora desencaixada ou a algum balcão supostamente único num serviço municipal que não conseguiram por a funcionar melhor em benefício dos eborenses, ao longo de 12 largos anos.

O insucesso do PS na gestão da CM de Évora durante 12 anos deve-se apenas à sua incapacidade e incompetência para governar os destinos do concelho, por um lado e, por outro lado, a uma total incapacidade e incompetência na gestão da máquina que é a autarquia em si, a qual em nada funciona hoje melhor que há 12 anos atrás. O mínimo que os eborenses esperariam hoje, passados 12 de vacas gordas com 8 anos de governação socialista ao nível nacional, seriam a redução da dívida herdada e uma modernização substancial do funcionamento dos serviços municipais. Nada disso foi conseguido, nem no primeiro mandato, quando o PS teve maioria absoluta, nem nos seguintes e, mesmo aí, poderão os eborenses agradecer ao vereador do PSD as iniciativas que foram levadas a cabo, com ponderação, responsabilidade e controlo, a partir de 2005.

Esta é, por outro lado, uma fragilidade da candidatura da CDU à CME nestas eleições: o número de propostas ativas, ou de iniciativa que 3 vereadores da CDU apresentaram (ou não) nomeadamente durante os últimos 8 anos em que o PS perdeu a maioria absoluta e ficou representado na CM com os mesmos 3 vereadores que a CDU. As atas das reuniões da CME, disponíveis no site respetivo da web revelam apenas uma atitude da CDU ao longo dos últimos 8 anos: uma oposição de rejeição total contra o PS que governava e contra o PSD que apoiava quando achava oportuno e do interesse de Évora e dos eborenses.

A permanente, reiterada e sistemática atitude de rejeição e de oposição negativa e destrutiva da CDU durante tantos anos, acabou por ser corrosiva até internamente, ao ponto de este força política deixar de funcionar de forma coerente e como alternativa, antes dando origem a uma candidatura de alguém de fora do concelho, já reformado e impedido de se candidatar a outro concelho, da linha mais ortodoxa do PCP e bem diferente em termos de perfil do ex-presidente Abílio. Será este o perfil desejado para presidir e gerir um novo ciclo de futuro para o concelho de Évora?

Em qualquer dos casos de escolha dos eborenses, pelas candidaturas do PS ou da CDU, poderão contar com presidentes de CM que apenas desculparão a dívida acumulada por má gestão própria, vociferando contra o governo que não resolve os problemas que o PS criou e agravou em Évora, ou então, manifestações de rua permanentes e uso e abuso dos autocarros da autarquia para transporte dos funcionários sindicalizados em direção às manifestações da CGTP em Lisboa, caso fosse a CDU a força vencedora nas próximas eleições autárquicas.

Restam assim, as candidaturas protagonizadas por independentes associados a forças políticas, suficientemente desprendidos das estruturas partidárias e que lhes permitam por um lado, algumas ruturas controladas com o passado dos últimos 12 anos em Évora e, que alarguem por outro lado o leque de abrangência para além das sedes dos partidos, que se sintam suficientemente à vontade para poderem criticar e exigir perante os governos (sejam do PSD ou do PS) o cumprimento das promessas que fazem em campanha e que são determinantes para a vida do concelho e do Alentejo, como seja a construção do Hospital Regional em Évora, que foi orçamentado pelo PSD em 2005 e abandonado pelo PS a meio do mesmo ano aquando das eleições legislativas seguintes.


O pior que poderia acontecer a Évora e ao futuro dos eborenses, seria que todos os que criticaram tão severamente ao longo dos últimos 30 anos a subserviência da gestão municipal à influencia da Rua de Avis ou da Travessa da Alegria, não valorizem o que nisso, poderá ser diferente nestas eleições por parte de outras candidaturas, bem mais promissoras.

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