2008-07-04

FEIRA DE S. JOÃO PODIA MELHORAR, APESAR DE TUDO

São sobejamente conhecidas as condições pouco adequadas em que a Feira de S. João decorre actualmente em Évora, apesar das repetidas promessas da sua requalificação, naquele ou noutro local, ainda não concretizadas até agora e que tenderão cada vez mais para uma miragem.

Neste contexto, resta reflectir sobre como pode a feira funcionar melhor e proporcionar momentos de maior satisfação aos eborenses, nas circunstâncias actuais, havendo desde logo a destacar, pela positiva, na realização deste ano, um melhor arranjo do espaço e organização das actividades. Do ponto de vista global, a feira estava este ano mais agradável no conjunto, relativamente a edições anteriores, do meu ponto de vista.

A organização conseguida para o espaço da Horta das Laranjeiras contribuiu igualmente de forma positiva para uma melhoria das condições de acolhimento aos visitantes que ali podiam desfrutar das tradicionais tasquinhas, apesar dos discutíveis critérios de distribuição dos espaços pelas entidades candidatas.

Em contrapartida, a definição dos horários da feira e dos seus espaços, como a Horta das Laranjeiras, funcionam em sentido contrário, retirando aos eborenses a possibilidade de uma fruição mais solta de um dos poucos períodos de animação nocturna da cidade que ocorrem durante todo o ano, além do mais com tradição, mas cada vez mais afrontada. Se é aceitável o argumento de que a limitação de horários da feira se prende com a sua localização no seio de um perímetro urbano residencial ao qual causa perturbações, já mais discutível será a aplicação de semelhante rigidez a espaços de lazer como o do Jardim das Laranjeiras.

Não será leviano considerar que o funcionamento daquele espaço até mais tarde perturbasse sem significado maior os moradores da envolvente, tratando-se apenas de barulho humano sem acréscimos musicais. Maior perturbação ao Centro Histórico causou sim o seu encerramento compulsivo diário à hora determinada, por um cordão policial acompanhado de ameaçadores cães como se da dispersão de uma manifestação anti-regime da América Latina se tratasse, despejando nas ruas da cidade milhares de pessoas a contra gosto.

Os danos resultantes deste despejo maciço sobre o mobiliário urbano, os automóveis, montras e edifícios do Centro Histórico, apenas contribuem para aumentar o deprimente carácter de um espectáculo que não dignifica a cidade nem contribui para a melhoria da sua qualidade de vida, antes pelo contrário.

Repensar este modelo em próximas edições contribuirá certamente para um melhor funcionamento e intensidade de fruição da feira enquanto tradicional instituição do espaço de lazer eborense.

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