2008-03-29

É normal que as associações ambientalistas cumpram a função de vigilância activa (implicando denúncia e tomadas de posição) no âmbito da defesa das causas inerentes à missão que assumem. É sem dúvida saudável a defesa do que for possível (travar alguma parte excessivamente intensa da procura de maximização do lucro da exploração que não respeite o equilíbrio e a preservação ambiental) dos valores naturais da Rede Natura 2000.
A destruição propositada e ainda mais oficialmente autorizada do montado alentejano de sobro e azinho e a sua substituição por culturas intensivas como acontece no caso do olival, terá indesmentivelmente custos de aceleração dos processos de erosão do solo, em consequência do uso de herbicidas, o que poderá igualmente estar a acontecer em alguma medida no caso da vinha.
A mesma vigilância deverá ser exercida no que toca aos projectos turísticos previstos para o regolfo de Alqueva e outras parte do Alentejo, através da inovação PIN (ultrapassando as condicionantes de construção que a classificação REN e RAN impunham ou impediam mesmo), especialmente os baseados no golf.
Interessante é verificar que os ambientalistas acusam os organismos do Ministério da Agricultura de ineficácia no cumprimento da sua missão, o que não seria de esperar, tendo em conta a reestruturação que, no âmbito do PRACE, deveria ter conduzido em sentido contrário, a uma melhor organização dos mesmos. Na verdade, a este Ministério deveria caber, para além da gestão de uma parte substancial das verbas vindas da União Europeia, assegurar a opção generalizada por modelos agrícolas que garantam a compatibilização entre o desenvolvimento rural e a conservação da natureza, com vista à sustentabilidade futura do interior do país e à coesão económica e territorial.
A sustentabilidade do modelo de desenvolvimento regional do Alentejo, assente em boa medida no turismo, deverá acautelar um compromisso de inovação competitiva da oferta turística com o respeito pela sustentabilidade ambiental e a valorização do património cultural, a vários níveis, entre eles no mundo rural, de forma a que este contribua de modo positivo para o desenvolvimento sócio-cultural da região, evitando a deterioração do ambiente e a perda da identidade local.

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