2011-06-15

UMA VITÓRIA DE PASSOS COELHO E DO PSD

A vitória do PSD nas eleições legislativas é histórica a vários níveis, desde logo porque quebra algumas das tendências do comportamento eleitoral nacional que ameaçavam transformar-se em lei da sociologia política em Portugal, como a da invencibilidade da recandidatura de um Primeiro-Ministro em exercício e, mais ainda, a da improbabilidade de o eleitorado escolher conscientemente um programa partidário da oposição que seja completo e transparente, realista e consequentemente duro, não mascarado pelo facilitismo eleitoralista, em alternativa ao programa do partido do Governo. Do ponto de vista da ciência política, nomeadamente da sociologia, é notável.

A combinação de factores de sucesso do PSD é visível, sem que se determinar para já o peso de cada um: a ascendência de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, o desgaste e a rejeição eleitoral de Sócrates, a crise económica e financeira a que o governo socialista conduziu o, a apresentação de um programa eleitoral ajustado à urgência de sair da crise e por isso credível, … Mas, uma análise mais fina dos resultados eleitorais ao nível distrital e local, fazem-nos acreditar que não terá sido apenas pelo efeito da mudança nacional induzido por Passos Coelho, que os resultados do PSD terão sido o que foram, por todo o distrito de Évora.

Outros factores haverá que procurar para explicar uma boa parte dos resultados que, ao nível regional e distrital, revelam um crescente depósito de confiança das populações no PSD enquanto alternativa séria e credível à governação do país, mas também das autarquias locais. Isto é, há uma sustentação do crescimento dos resultados do PSD por todo o distrito de Évora que não poderá ser alheia ao reconhecimento pelo trabalho autárquico desenvolvido pelo PSD durante os últimos 10 anos.

O PSD cresceu nestas eleições 36% no distrito de Évora (bem mais que os 30% de crescimento do PSD no país), face às legislativas de 2009, ultrapassando claramente a votação de 2002, quando Durão Barroso ganhou as últimas eleições legislativas pelo PSD, apesar de enfrentar hoje um PS muito mais forte que então: i) o Presidente da Federação de Évora do PS é hoje uma das mais destacadas figuras nacionais do PS; ii) o PS tem hoje mais de metade das câmaras no distrito e teve o apoio declarado de mais 2 presidentes independentes; iii) os 3 candidatos da lista do PS gozaram de visibilidade e exposição pública permanente ao longo dos últimos 6 anos, no Governo e na Administração Pública regional; iv) o PS caminha para 12 anos de mandato à frente da Câmara de Évora, a capital do distrito … Não será preciso continuar para demonstrar a evidência. E o PSD fica apenas a 1.382 votos do PS no distrito de Évora.

O PSD, que apresentou em 2º lugar da sua lista o vereador à Câmara de Évora, António Dieb, vence as eleições legislativas no concelho de Évora, sendo o partido mais votado em todas as freguesias urbanas e mais na Azaruja (S. Bento do Mato), ficando a escassos 14 votos nos Canaviais, ultrapassando a votação de 2002 em 15%, com mais 1.145 votos. O PSD cresceu 41% no concelho de Évora face às legislativas de 2009.

Se este crescimento do PSD no concelho de Évora, bem acima do distrito e do país, resulta de uma situação conjuntural e não do crescente reconhecimento dos eleitores pelo trabalho de proximidade dos autarcas do PSD eleitos à CM, Freguesias e à Assembleia Municipal, como alguns se apressaram a atirar para os jornais, então já não sei o que dizer.

Mas, também acredito que outros não saibam bem o que dizer perante isto, porque não será fácil a um Presidente de Câmara do PS, vai para 12 anos, explicar de forma convincente como se pode perder para o PSD assim as eleições legislativas, desta forma tão evidente, num concelho tão emblemático onde residem tantos ilustres e distintas figuras do Partido Socialista.

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