2011-05-16

O GOVERNO DEU O SEU MELHOR E DEFENDEU O INTERESSE NACIONAL?

Soubemos esta semana quais as taxas de juro que Portugal pagará ao FMI e às instâncias financeiras europeias pelo resgate financeiro do país: uma taxa média de 5,5% ao ano por 52.000M€ e de 5,25% por 26.000M€, o que ainda assim parece um favor que nos fazem, comparativamente aos juros superiores a 10% que Portugal pagaria para se financiar no mercado, na ausência do resgate.

Daqui resulta o valor de 4,22 mil milhões de €uros para pagar por ano, só em juros (sem contar com a amortização do empréstimo, a 13 anos, que faria subir o valor para 6.000M€), o equivalente a 8 submarinos que Portugal poderia adquirir por ano.

Olhando para estes valores assustadores a suportar por uma economia sem perspectivas de crescimento económico nos próximos anos, percebe-se a justificação da barreira de 7% apontada por Teixeira dos Santos em Novembro de 2010 e, mais ainda, percebe-se claramente que as elevadas taxas de juro que agora somos obrigados a aceitar, são o preço a pagar pelo atraso no pedido de ajuda, que Portugal deveria ter formulado mais cedo, quando ainda tinha algum poder negocial com os actuais prestamistas.

Vários especialistas da economia e das finanças acompanharam o PSD nos alertas ao Governo para a iminente ruptura financeira do Estado, que acabaria por acontecer, não por desejarem a vinda do FMI que Sócrates diabolizou e que hoje abraça e elogia, mas sim porque se exigia ao governo socialista uma atitude responsável de defesa do interesse nacional e não o esbanjamento em juros dos recursos que não temos e que agora sufocam os portugueses, só para que Sócrates tentasse salvar a sua carreira política.

Por isso é que causará náuseas a muitos portugueses que se preparam para sofrer dia a dia com as suas famílias as enormes dificuldades que se avizinham, ouvir os socialistas repetirem que ninguém poderá acusar o governo de não ter feito tudo para combater a crise e defender o interesse nacional, começando desde logo pela declaração pública de Sócrates sobre o plano da troika, numa mensagem eleitoralista e demagógica, que causou apreensão na Comissão Europeia e perplexidade em vários Estados-Membros, nomeadamente na Finlândia, um dos mais renitentes em alinhar na ajuda financeira a Portugal, que ouviam assim um irresponsável chefe de governo tranquilizar os portugueses perante um plano de austeridade de consequências sociais devastadoras.

Quem chama a isto defender o interesse nacional, apenas segue a linha da mentira repetida pelo governo socialista que diz tudo ter feito, mas que apenas conduziu Portugal à bancarrota. O descrédito do governo no exterior é, em consequência, bastante significativo e prejudicial para a imagem externa de Portugal, com reflexos negativos a vários níveis no plano económico e financeiro, traduzido por Wolfgang Munchau no jornal Finantial Times onde é colunista, na reserva sobre o sucesso da gestão da união monetária com os contributos de governantes como Sócrates.

Para Sócrates, continuar a insistir na construção do TGV como se nenhuma crise financeira ou económica tivesse afectado Portugal, é ser patriótico e defender o interesse nacional, indiferente à incredulidade dos nossos credores que não compreendem as opções de um país em ruptura financeira. É o mesmo Sócrates que ainda há poucas semanas acusava de traição à independência financeira nacional todos aqueles que aconselhavam o recurso ao FMI e ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, ao mesmo tempo que fazia negócios obscuros com três ou quatro Estados “amigos” para que eles nos comprassem dívida pública em leilão, a juros que duplicavam os que os portugueses irão pagar nos próximos anos.

A culpa da ruptura financeira do Estado não é, tal como Sócrates continua apostado em fazer crer, da Europa, nem das agências de rating, nem dos especuladores, nem da crise internacional, nem da Alemanha, nem do contágio da Grécia e da Irlanda, nem dos submarinos, nem da banca, nem do BPN, nem das contas da Madeira, nem do Passos Coelho. Nem tampouco será das exigências e condições impostas pela troika a culpa por aquilo que o PS tinha obrigação de ter feito enquanto governo nos últimos 15 anos.

É sim do Governo do Partido Socialista a responsabilidade pelo descrédito de Portugal nos mercados financeiros internacionais que exigiram juros cada vez mais elevados perante a insegurança quanto à (falta de) vontade política de redução da despesa pública (traduzida no falhanço consecutivo de 3 PEC’s no espaço de 1 ano, tal como Nouriel Roubini destacava há já um ano, em finais de Maio de 2010), o que nos empurrou para a necessidade de pedir ajuda financeira de emergência.

Tudo isso em defesa do interesse nacional? Os portugueses dispensam de boa vontade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se isto é o melhor do José Só Cretino, o que será o pior?