2009-08-18

MAIS OU MENOS INVESTIMENTO PÚBLICO?

Os investimentos públicos devem obedecer a uma lógica de planeamento que procure fazer avançar o país face aos objectivos de crescimento económico em resultado de um melhor posicionamento competitivo do país em alguns sectores económicos no futuro, crescimento do emprego directo e induzido, redução das assimetrias regionais internas, financiamento não comprometedor do futuro do país.

Ora, não parece que tais pressupostos básicos estejam acautelados pelas opções do Governo socialista, cuja desconfiança de reverência ao interesse particular das empresas de construção agora presididas por ex-ministros do ramo e ainda homens fortes do PS, enfraquece a capacidade de discernimento do Governo entre o fundamental e estratégico para o país e o acessório e interessante para o PS.

O que sempre esteve em causa na discussão sobre os grandes investimentos públicos foi mais a trapalhada e falta de fundamentação do governo, do que a natureza dos mesmos. Quem não se recorda da mudança de localização do novo aeroporto de Lisboa, ainda com Marques Mendes que levou o Governo a recuar numa localização que não tinha fundamentos suficientes.

Quanto ao TGV, a análise custos-benefícios do mesmo, especialmente no que concerne ao troço Lisboa-Porto (para poupar meia hora de viagem), não está suficientemente consolidada, para além de que cada vez mais se avolumam as incertezas sobre a capacidade e vontade espanhola em construir a rede Madrid-Lisboa neste momento de crise financeira e económica profundas.

O carácter reprodutivo do investimento em grandes obras públicas como o TGV está por demonstrar neste momento de crise em que os volumes do endividamento externo de Portugal atingem os valores mais elevados de que há memória em largas décadas, colocando em risco opções das próximas gerações quanto a um futuro sobre o qual este governo não está mandatado. A má experiência deste Governo em matéria de planeamento e má execução não permite que se possa passar qualquer cheque em branco sobre as decisões que afectem o nosso quotidiano, menos ainda o nosso futuro.

Mas, já não é de agora a má recordação dos governos do PS em fugirem para a frente em vez de resolverem os problemas estruturais do país, com as consequentes pesadas facturas a pagar mais tarde.

Basta recordar a construção dos 10 estádios de futebol do Euro 2004, quando 6 chegavam, e sobravam. O TGV é imprescindível para o futuro do país como eram os 10 estádios de futebol?

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