O antigo
ministro socialista Augusto Santos Silva, ao afirmar recentemente que as eleições
autárquicas deste ano vão ser a primeira oportunidade para os portugueses se exprimirem
sobre a situação do país e a responsabilidade dos partidos, procurando induzir das
mesma um significado nacional importante e um efeito sobre os atos eleitorais
seguintes e, mais ainda, afirmando que tal demonstrará claramente que o PS é a única
alternativa, legitimada pela ressuscitação do legado dos ciclos governativos socialistas
de Guterres a Sócrates, vem colocar em devido texto e tempo a ideia socialista que
poderemos esperar para o país, originando alguns pontos de reflexão a saber.
Desde logo o
de que as eleições autárquicas servem exatamente para os portugueses se
exprimirem sobre a situação de cada município onde residem, nomeadamente, no
Alentejo, sobre os buracos nas ruas de algumas cidades, sobre a degradação da
qualidade de vida em matéria cultural, sobre as falências dos estabelecimentos
comerciais por falta de atratividade comercial, sobre a diminuição populacional
por falta de atratividade territorial, sobre os parques industriais abandonados
e não preenchidos, sobre a falta de espaços de desporto enquanto sobram os
relvados sintéticos em aldeias sem jovens suficientes para constituir uma
equipa de futebol, sobre a falência dos agentes culturais por desprezo local,
sobre a ruinosa gestão dos clubes desportivos que permitiram que os políticos
locais interferissem nos seus órgãos sociais, sobre … as piscinas a cada
esquina e que encerram por falta de dinheiro para manutenção, sobre os pavilhões
multiusos para uso anual (quando muito), sobre a falsidade e demagogia das
(pelo menos) 100 medidas prometidas já em tempo de crise (na campanha eleitoral
de 2009) para o primeiro ano de mandato…
O que estará
em causa nas próximas eleições autárquicas é, no Alentejo, ajuizar sobre a
atuação dos autarcas que, irresponsável e demagogicamente, aumentaram
exponencialmente a dívida herdada, com menos obra que os seus antecessores, na
senda dos seus mentores governantes nacionais a cujo clube Augusto Santos Silva
pertence, que agora pretende reabilitar no PS e no país a herança do foragido Sócrates
e passar uma esponja sobre a governação dos que conduziram o país à beira da
bancarrota e cuja irresponsabilidade justifica os sacrifícios exigidos pelo
atual governo aos portugueses.
Para aumentar
a desilusão, basta observar como uma parte significativa de autarcas alentejanos
do PS e da CDU pretendem aproveitar o descontentamento que as incontornáveis medidas
do atual governo provocam (necessárias e decorrentes da irresponsabilidade da
governação socialista que levou o pais à falência) para desagravarem as suas erradas
opções de investimento, muitas vezes excessivo e desnecessário, em obras
construídas sobre pressupostos e projeções económicas ou populacionais não
consolidados nem justificados, com vista a delas retirar dividendos eleitorais,
mais do que efeitos sobre o desenvolvimento dos territórios.
Resta-nos
esperar pelo desfecho das próximas eleições autárquicas e observar se o
eleitorado alentejano será permeável a tal demagogia, em especial do PS, repetindo
a vulnerabilidade da sedução pela votação ocorrida em 2009, com os resultados
que se conhecem hoje, ao nível local, no Alentejo.
O corolário,
agora e então, será o mesmo: a responsabilidade será sempre dos eleitores e, a
maior ilusão que pode toldar a sua visão será a da suposta vingança e penalização
local perante o governo nacional, pois isso em nada contribuirá para melhorar o
nosso quotidiano, antes pelo contrário, ao escolher para a governação dos nossos
concelhos aqueles que levaram o país ao lastimável estado em que se encontra.
É preciso
aprender com os anteriores erros de escolha e corrigir os mesmos, evitando o
regresso dos que prejudicaram a nossa vida de hoje e cujos efeitos se prolongarão
pelas próximas gerações.
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