2012-06-21

COISAS QUE NÃO ENTENDO EM ÉVORA: O DEFINHAMENTO DO MERCADO MUNICIPAL 1º DE MAIO

Frequentador habitual do Mercado 1º de Maio em Évora aos Sábados de manhã, fiquei claramente assustado, mais que desapontado, com o estado de definhamento em que encontrei o mesmo no passado dia 16 de Junho, Sábado, sem entender que motivação pode mover uma Câmara Municipal para permitir, por ação e por omissão, que as coisas corram tão mal por ali. Confesso-me impotente para entender tal motivação (se for deliberada) ou tal falta de competência (se for por opção de gestão), especialmente se equacionarmos, por referência comparativa, o percurso inversamente ascendente do mercado semanal de Estremoz, no mesmo dia.

Convém desde logo recuperar a discussão sobre a opção municipal da deslocação do mercado dos produtores hortícolas desde o jardim das laranjeiras para o Bacelo, justificada então por uma intenção de requalificação do Rossio de S. Brás e do jardim das laranjeiras. Ora, passados estes anos sem que tal tivesse acontecido (nem seria de esperar isso da CME, falida e sem que tais projetos fizessem parte programa eleitoral do PS em 2001), tal como não se realizaram qualquer uma das outras promessas emblemáticas, parece mais que justificado que se reequacione a decisão de dispersão de mercados municipais em Évora.

Nada justifica, à luz do bem senso que deveria estar mais presente na CME, que tal dispersão se mantenha, sendo uma das razões para o definhamento do Mercado 1º de Évora. Mas, outras haverá igualmente, como sejam a permissão da CME de que uma loja de fruta de um comerciante chinês se tenha instalado mesmo ao lado do Mercado 1º de Maio com preços de arrasar no comércio de frutas. Poderiam até o Presidente ou outros responsáveis da CME responderem a esta acusação invocando que a lei o permite, que eu continuaria a manter a mesma contra resposta que por diversas vezes usei: se o executivo municipal existe apenas para cumprir a lei, demita-se e permita a sua substituição por um técnico superior jurista, que o erário público agradece e os contribuintes eborenses enaltecem.

Mas, se é para defender o interesse municipal, que é o que se espera do executivo municipal eleito pelos eborenses, não se podem permitir tais afrontas ao comércio local, na senda do que já aconteceu com a instalação de uma loja de comércio de chineses em plena Praça do Giraldo, mesmo ao lado do Posto de Turismo de Évora. A lei permite, é certo, mas cabe ao Presidente da CME escrever, por despacho sobre o requerimento apresentado pelo proponente, que tal solicitação não é do interesse municipal e indeferir a mesma.

Chamar-se-ia a isso exercer o verdadeiro papel de Presidente da CME e eu próprio o elogiaria por esse feito, justificado pela defesa do estatuto da classificação patrimonial de Évora pela UNESCO e pela necessidade de preservar um comércio eborense que valorizasse os recursos do concelho.

Assim, não sei o que diga perante o definhamento do comércio intramuros, perante a mais que irresponsável decisão do executivo municipal do PS de aprovar a construção de um centro comercial fora de portas e longe do Centro Histórico mesmo depois de se terem gasto alguns milhares de Euros dos nossos impostos a encomendar um estudo sobre o comércio eborense que recomendava exatamente o oposto, ou de assistir à inauguração de mais uma edição da Feira se S. João naquele antro de pó e degradação que é o Rossio de S. Brás, votado ao abandono durante 12 anos por este executivo municipal do PS (na sequência do que já vinha acontecendo), cuja inércia não permitiu tampouco que, no mínimo, se asfaltasse o piso e se beneficiasse um espaço polivalente para efeitos de estacionamento e de feira anual. Tudo a troco de maquetes, ilusões e projetos de papel não concretizados, à bela maneira socratina e demagógica da caça ao voto e do insustentável aumento da dívida municipal.

Enfim, os eborenses têm hoje o resultado das suas opções: uma degradação e definhamento de Évora bem patente pela Feira de S. João ou pelo Mercado 1º de Maio. Tal como os portugueses têm hoje o resultado das suas opções políticas nas eleições e 2009 quando escolheram o irresponsável Sócrates, em vez da verdade dura mas realista apontada pelo PSD.

No país, como em Évora, há dois pontos em comum: a desastrosa gestão do PS e as consequências da mesma, que é o insuportável endividamento que compromete o nosso futuro e o dos nossos filhos. Nas próximas eleições autárquicas, em 2013, logo se vê as escolhas que serão feitas, sendo certo que das mesmas, só os próprios eleitores se podem queixar.