2011-07-02

HÁ RESPONSÁVEIS PELO ESTADO DA GRÉCIA, DE PORTUGAL E DE ÉVORA

Não sei se por estar a ler Philip Roth, a “indignação” emerge perante a irresponsável demagogia das declarações de Soares face à situação da Grécia, de Seguro face ao novo governo e do Presidente da CM de Évora face à suspensão do TGV. A todos eles é comum a rejeição consciente e intencionada da responsabilidade dos socialistas pela situação a que conduziram a Grécia, a Espanha, Portugal e também o concelho de Évora, mais do que alienação perante as causas da crise, como alguns defendem.


Soares considera que é um atentado o que a Europa (entenda-se Alemanha) está a fazer à Grécia, indiferente ao facto de ser insustentável que um país sem produtividade correspondente, suporte mordomias como um ordenado mínimo de 740€, de 1250€ (ordenado médio) para os funcionários públicos, contraindo por isso dívida de cerca de 150% do PIB e, pior ainda, que equacione recusar-se a pagar essa dívida. Que a falta de vergonha dos gregos seja a principal responsável pela situação em que se encontram, nada diz a Soares, mas dirá alguma coisa a Alemães e a todos os restantes europeus que pagam:


i) Aos 45 jardineiros que cuidam dos 4 arbustos no jardim dum hospital público; ii)) as aquisições de pace-makers pelos hospitais gregos, 400 vezes mais caros do que aqueles que são adquiridos no SNS britânico; iii) as 600 profissões (mineiros, cabeleireiras e apresentadores de tv) que podem pedir a reforma aos 50 anos (mulheres) e aos 55 anos (homens); iv) o funcionamento do Instituto para a Protecção do Lago Kopais, com dezenas de funcionários afectos à conservação de um lago que secou em 1930; v) a pensão vitalícia de 1000€ mensais que auferem as 40.000 filhas solteiras dos funcionários públicos falecidos. Há dinheiro que resista para isto tudo? Não, mas isso não é importante para os socialistas como Mário Soares, desde que ele venha de alguma parte, incluindo das poupanças (mesmo as forçadas por via dos impostos) dos europeus que trabalham noite e dia para conseguirem sobreviver razoavelmente.


Seguro vai pelo mesmo caminho de branqueamento, no plano nacional, da escandalosa governação socialista que ele consentiu silenciosamente em nome da sua estratégia de poder pessoal: a austeridade do novo governo não faz sentido, apesar de o país ter sido conduzido ao abismo, de nenhuma factura do Estado ter sido paga desde o início de 2011 e de, ainda assim, o défice da execução orçamental do 1º trimestre ser superior ao previsto no OE deste ano. Estão ainda mais 3.735M€ por pagar, referentes a bens e serviços adquiridos no ano passado, segundo o insuspeito Eurostat.

Diz ele que a austeridade agora imposta não se justifica, o que significa não querer ver a realidade que os socialistas criaram, tal como Sócrates fazia, ou ser demagogo, tal como Sócrates era. Parece que o PS não pretende mudar.

O rigor e contenção do Estado para que contribui a redução gradual dos Governos Civis, nada diz a Seguro, nem aos ex-governantes do PS, incluindo os ex-titulares desses cargos, indiferentes a atentado público que constitui o recente início das obras de adaptação (de obra nova) para acolher as instalações da PSP de Évora, com um custo de 25.000€ mês para arrendamento de um edifício particular durante 10 anos (= 3M€), fora do Centro Histórico de Évora (que é Património da Humanidade), onde mais um edifício do Estado (o actual Governo Civil, a extinguir) entrará em degradação, acompanhando o ex-Centro Comercial Eborim, igualmente edifício do Estado, mas que o ex-MAI abandonou adaptar (por 5M€) para acolher condignamente vários serviços da PSP hoje dispersos: o Comando Distrital, a Esquadra e Esquadra de Trânsito; a Unidade de Investigação Criminal, para além do SEF.



Como se não houvesse já suficiente degradação habitacional no CH de Évora, classificado pela Unesco, a requalificação patrimonial adaptada à necessidade de concentração e operacionalidade da PSP (carreira de treino/tiro interna e auditório nas salas de cinema desactivadas, um parque de estacionamento subterrâneo, ...) em defesa da ordem pública no distrito, no concelho e na cidade de Évora, permitindo ainda uma economia de meios, nada diz aos ex-governantes socialistas que parecem alheios à responsabilidade da gestão danosa do dinheiro dos nossos impostos, do comprometimento do futuro dos nossos filhos e do contributo para cheguarmos ao patamar da Grécia, como se fossem outros (com a Alemanha à cabeça) os culpados de tudo isso.

Indignação é o mínimo que podemos sentir se não houver castigos penais para quem geriu o país de forma tão gravosa, fundamentou, apoiou e tomou tais decisões, que arruinaram o presente e o futuro das próximas gerações.



Ao nível local, é de indiferença o sentimento mais comum aos eborenses que se desiludiram com o PS logo ao fim do primeiro mandato autárquico, retirando assim àquela força política a força eleitoral que lhe tinham confiado em nome de uma mudança prometida mas que desiludiu em toda a linha. Por isso já não surpreendem as declarações, na mesma linha de insignificância a que o executivo municipal nos habituou desde há vários anos, contra a suspensão do TGV (o mesmo que vê várias linhas serem agora encerradas em Espanha, 6 meses após a sua abertura, em cidades e regiões bem maiores que Évora, por falta de passageiros: 9 em média, por dia), com o argumento de que tal significa o abandono do Alentejo.

A irresponsabilidade das declarações é igual à de Seguro, na linha do PS, mas merecem que a oposição autárquica espere por esclarecimentos da CM de Évora sobre o andamento das obras do novo Centro Escolar dos Canaviais, obra da CME, com apoio do anterior governo do PS, mas que parece ter visto o empreiteiro e os trabalhadores debandarem por falta de pagamento, estando agora parada e abandonada. Tal como Évora, no Alentejo.

Melhores dias e melhor governo se aguarda para já no país e, em Évora, talvez mais tarde.

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