2007-01-14

A FUGA DO PRESIDENTE DA CÂMARA DE ÉVORA ÀS SUAS RESPONSABILIDADES

A falta de iniciativa de animação cultural da Câmara de Évora durante o ano em que o concelho comemorou os 20 anos da sua elevação a Património Cultural da Humanidade (2006) foi mais que vergonhosa, foi mesmo escandalosa, especialmente nos meses de verão, durante os quais os turistas mais afluem à cidade e ao concelho.
Como se não bastasse a omissão do verão, a inércia municipal prolongou-se, ao nível da animação comercial, ao período natalício, influenciando negativamente todo o mês de Dezembro e fechando o ano sem dignidade.
Acusado desta lacuna, o Presidente da Câmara de Évora, em vez de responder justificando-se com o trabalho desenvolvido, que a oposição eventualmente desconhecesse, lança-se pelo contrário ao ataque:
  • Que a oposição revela um profundo desconhecimento do que é a vida da Câmara;
  • Que a oposição tem duas linguagens e duas intervenções, apelando na CME à contenção orçamental e na rua à intervenção da CME devido a insuficiências detectadas;
Que a demagogia do Presidente da CME não tem limites, já sabíamos e conhecíamos, bastando para isso recordar as promessas megalómanas e irreais feitas pelo mesmo em 2001, quando ganhou a CM.

Vindas de um então vereador e presidente da CCRA, tais promessas ultrapassaram em larga escala o que de razoável deverá ser aceite enquanto posição política responsável, de alguém que se preocupe efectivamente com o futuro de um concelho.

Mas, como os maus vícios não se perdem, eis a "remake" da demagogia, constituída pela fuga para a frente sempre que se sente acossado, não sendo capaz de enumerar as supostas iniciativas de animação relativamente às quais a oposição se revelaria desconhecedora.
Por uma única e simples razão: quem sempre mentiu à população de Évora, e continua, não é a oposição.

Se o Presidente da CME tivesse razão e a oposição estivesse errada nas críticas de falta de animação da cidade e do concelho, não teria faltado a evocação das estatísticas do turismo recentemente divulgadas pela RTE sobre o ano de 2006: mais turistas visitaram o concelho, relativamente a 2005.

O problema é que esses turistas passaram menos tempo no concelho do que nos anos anteriores (a estada média caíu em 2006). Porquê? Porque também eles, tal como a oposição, estavam distraídos e não repararam na "excelente" animação do concelho ao longo de todo o ano, tendo decidido zarpar ainda assim?

Por outro lado, a oposição ao PS na CME não tem duas linguagens e duas actuações, antes pelo contrário, sempre foi suficientemente coerente para dar lições ao Presidente da CME nessa matéria. Talvez por isso lhe tenha conquistado um vereador.

A oposição ao PS na CME sempre apontou a necessidade de gerir o executivo municipal com rigor e contenção orçamental, propondo alterações substanciais aos orçamentos da CME em cada ano, nomeadamente no que toca a despesismos como o ÉvoraModa, o financiamento de uma telenovela ou o gasto supérfluo do Arco do Triunfo, que mais não servem do que para promover poíticamente o Presidente da CME e o PS enquanto partido governante ao nível municipal.

Também não poderá a oposição ser responsabilizada num dia e o Governo noutro, pelos insucessos do Presidente da CME ou pela inércia do executivo a que ele preside. Ao fim de 5 anos de estagnação de Évora, não há mais desculpas para os fracassos do Presidente da CME.

Longe vão os tempos dos Governos do PSD que colocavam garrotes financeiros às Câmaras deste país, como então vociferava o PS.

Agora, o Governo é justo e bondoso, por isso, mãos à obra, porque, em Évora, daquela que o PS prometeu há 5 anos, ainda nada se viu. Não chegam 5 anos? São necessários outros tantos como o anterior executivo que o Presidente da CME tanto critica? Serão ambos iguais?

Évora precisa de outro rumo e outros actores.

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