2008-04-02

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Transcrição do texto da notícia (de 01 de Junho de 2007):

Fazem o que querem, são indisciplinados. Começam cada vez mais cedo. São pequenos ditadores. Habituados a ter tudo, exigem sempre mais. A solução, dizem os psicólogos, está nas mãos dos pais. Mas estes parecem não querer assumir o papel de disciplinadores

A geração de crianças mimadas, desobedientes e agressivas para os pais e professores foi esta quinta-feira alvo de debate, numa conferência sobre o último livro do escritor espanhol Javier Urra, intitulado «O pequeno ditador».

Mas afinal porque é que este «é um problema que se tornou mais agudo nos dias que correm»? E de quem é a culpa?

Daniel Sampaio aponta a insegurança dos pais na educação dos filhos como uma das principais causas. «Os pais sempre tiveram um modelo autoritário na infância e agora que são adultos querem o inverso para os filhos. Não traçam limites e gratificam em excesso», explicou.

Mas se os pais «têm tendência para dizer que sim a tudo», os filhos também ganham cada vez mais terreno a dar um redondo «não!» como resposta.

Para o psicólogo espanhol e autor do manual para pais não há dúvidas de que a solução «está na educação que se transmite».

TV e Internet (des)educam

O psicólogo aponta a falta de referências das crianças de hoje como uma das razões para existirem cada vez mais pequenos mas grandes ditadores. As actuais rotinas das crianças e adolescentes completam o retrato, «saem da escola cedo, ficam em casa sozinhos e quem educa é a TV e a Internet», rematou.

Para Urra é determinante que os pais «tracem limites, imponham regras» em casa, desde cedo. Porque quanto mais tarde, mais difícil é «domar um adolescente rebelde», frisou.

Daniel Sampaio e Javier Urra concordam sobre métodos. «Os pais devem ser mais presentes e dar o exemplo aos filhos». E como é que se vence essa maratona?

Para Daniel Sampaio a resposta é simples: «É preciso dar amor aos filhos e interessar-se por eles, mas sobretudo disciplinar quando é preciso». O castigo ou a palmada não são a solução: «Não é a humilhar os filhos frente aos outros, a usar da violência física ou a retirar regalias do quarto que se estabelecem regras, pelo contrário, estão a reforçar um comportamento de revolta», referiu o psicólogo português.

«Pais: aprendam a dizer «não!»

O problema, dizem os psicólogos, é anterior à agressividade para muitos «típica» da adolescência. A geração do «Posso, quero e mando» começa muito antes de se perderem os dentes de leite. Para Javier Urra, é fundamental que os pais «aprendam a dizer não».

Os rótulos da sociedade também influenciam o comportamento das crianças e adolescentes. Javier Urra traça o perfil: há cada vez mais «crianças-agenda» que vivem o dia cheias de responsabilidades em actividades extra-curriculares. Por outro lado, há vários tipos de pais, os «pais peter-pan» que se comportam como filhos, os «pais light» que deixam fazer tudo e os pais desaparecidos que só aparecem à noite. Por conseguinte, o psicólogo deixa a pergunta: «E os pais adultos, onde estão»?

Assiste-se a um «síndrome da educação parental», acrescentou. A questão dos limites sobressai. As famílias tradicionais estão a desaparecer e os filhos estão a tornar-se os «reis» da casa.

Afinal, o problema é dos pais ou dos filhos?

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