2006-12-25

O COMÉRCIO NA CIDADE DA EXCELÊNCIA

A Câmara Municipal de Évora não parece preocupada com a natureza comercial a que têm vindo a ser destinados vários edifícios do Centro Histórico de Évora (que este ano celebra 20 anos da sua elevação a Património Cultural da Humanidade), nomeadamente em torno da sua mais nobre e central praça.
Deveria estar preocupada a Câmara Municipal de Évora e deveria, pelo contrário, tomar a iniciativa de:
  • Desenvolver contactos junto de potenciais investidores do ramo comercial, com vista a encontrar interessados na requalificação e utilização comercial adequada de espaços agora livres no Centro Histórico de Évora;
  • Elevar o grau de selectividade sobre os pedidos recebidos para licenciamento de espaços comerciais no Centro Histórico de Évora, subordinando tal decisão à adequação do tipo de comércio previsto a um Centro Histórico que é património cultural da humanidade;
  • Elevar o grau de selectividade sobre os pedidos recebidos para licenciamento de espaços comerciais no Centro Histórico de Évora, em função do benefício que os novos espaços comerciais acarretem para o concelho no que respeita a criação líquida de postos de trabalho e seu impacte sobre o emprego local, contributo para o sistema de segurança social e contributo para o sistema fiscal nacional.

2006-12-21

O FIEL DA BALANÇA DEFENDE O INTERESSE GERAL

O fiel da balança numa Câmara sem maioria absoluta, é frequentemente posto em causa nas suas posições, sendo acusado pelas várias partes de favorecer alguma delas, em função de interesses que injustamente se julgam nortear a sua acção.
Na telenovela que foi a eleição para a Região de Turismo de Évora, o vereador do PSD na CM de Évora foi acusado pelo PS e pelo presidente da autarquia de estar coligado com a CDU, por ter considerado necessário, bem, colocar um travão nos abusos de poder do PS na representação de um órgão onde não detém a maioria absoluta.
Em infelizes posições públicas então tomadas, alguns chegaram mesmo a catalogar então como negativa tal coligação.
Foi agora aprovado e viabilizado o orçamento da CM de Évora para 2007, sem entraves por parte do vereador do PSD, que, de forma responsável, ponderada e consciente, garantiu estabilidade governativa a um executivo que perdeu a maioria absoluta. Os comentários são agora provenientes de outros quadrantes político-partidários onde alguns entendem, felizmente cada vez menos, que o estatuto de oposição obriga a uma permanente posição contrária ao poder vigente, com vista ao bloqueio do seu exercício.
Ainda que correndo o risco de ser agora encarado como coligado ao PS, considero que o vereador do PSD agiu bem e decidiu correctamente, em respeito pelo interesse geral do município e não por interesses pessoais que marcam e influenciam quem, de vários quadrantes o critica, em diferentes momentos e circunstâncias.
Agiu correctamente o vereador do PSD na CME ao colocar acima da disputa partidária, os interesses do município, bem como ao respeitar a necessidade de assegurar os compromissos financeiros do município assumidos em anos anteriores, sobretudo na fase final do anterior mandato.
Agiu bem o vereador do PSD na CME por assegurar a satisfação dos interesses dos fornecedores e empreiteiros da CME que não se podem ver prejudicados de um momento para o outro por qualquer leviana e imponderada decisão de algum vereador menos consciente.
Agiu de forma construtiva o vereador do PSD na CME ao propor alterações às grandes opções do plano de actividades para 2007, dando particular ênfase ao avanço dos trabalhos no Aeródromo Municipal de Évora, do Parque de Feiras e Exposições, iniciando-o em 2007 e antecipando em um ano a programação apresentada para a sua conclusão, a melhoria das acessibilidades rodoviárias e a criação de estacionamento.
Actuou ainda o vereador do PSD de forma decisiva para o futuro de Évora ao tomar a iniciativa de apresentar a proposta de elaboração do Plano Estratégico de Évora em 2007, instrumento de planeamento considerado vital para a orientação e desenho de políticas de desenvolvimento concelhio, proposta que foi aceite e integra o Plano de Actividades da CME para 2007.

2006-12-10

GARANTIAS PÚBLICAS E PRIVADAS DOS FUNDOS DE PENSÕES

Ao que parece, faz cada vez menos sentido a resistência de muitos a uma aplicação mista dos descontos para pensão de reforma, nomeadamente no que toca ao envolvimento de fundos privados e produtos financeiros de operadores privados como seguradoras e bancos.
O argumento de que a garantia pública (do Estado) sobre a aplicação das nossas contribuições é mais fiável e segura, face ao risco sempre envolvido nas aplicações financeiras, não parece muito convincente.

Bagão Félix desacreditou totalmente os cálculos e garantias do Governo, num seminário recente em Évora, organizado por uma seguradora.

O seminário contou com o Presidente da Câmara de Évora na sessão de abertura, o que foi bastante adequado, pois para falar das pensões de reforma que não vamos ter (eu e muitos outros presentes na sala), ninguém mais entendido do que um presidente de câmara que tomou posse à sucapa e à pressa, de forma a poder beneficiar de 16 anos de reforma correspondentes a 8 de mandato autárquico.

Bem escolhido o orador. E, sendo do PS, tão credível quanto o Governo do partido dele.

2006-12-09

Por isso há quem diga "Prós e Prós" às segundas.

Aos funcionários públicos que vão passar ao quadro de excedentes, que votaram PS e que continuam a apontar no mesmo sentido nas sondagens, uma prendinha (retiramos o pessoal da segurança, da saúde das forças armadas, da educação da ... ).
A prenda é a descredibilização de uma reforma que é mais que necessária. Discurso e demagogia, mas, na prática, nada. Quem aguentaria correr com tantos socialistas incompetentes dos cargos para que foram nomeados?
Estarão á espera do próximo QCA (agora QREN) para transitarem de uns locais para outros?

Esta última, não é uma prenda do PSD, sempre considerado mau no Governo, mas do PS, por isso, tem outro sabor, mais amargo para muitos.

RISCO DE DESPROMOÇÃO

Não me envergonho de ser português, nem nunca estará em causa o meu sentimento de pertença a uma nação, ou seja, a nacionalidade e o patriotismo, mas que me envergonho muitas vezes do país onde vivo, é bem verdade, porque deixamos todos os dias que tal aconteça e, no resultado, temos responsabilidades.
O que deixamos que muitos políticos, autarcas, gestores de SAD's do futebol e governantes façam, é nossa culpa e, disso, do legado que vamos deixar aos nossos filhos e que já hoje é feio, devemos envergonhar-nos.
Muitos países catalogados no "terceiro mundo", poderão orgulhar-se de nunca ter visto capas de jornal como esta, tão repletas de "vergonhas".
Para um país da Europa e da União Europeia, corremos o risco de ser despromovidos a uma (a pior e menos desenvolvida) província ibérica, tal como Plutão foi despromovido por não ser um planeta a sério.
E ainda há quem tenha o descaramento de, nos jornais regionais, vir levantar a necessidade da regionalização? Para gerirmos, com os nossos próprios meios e vontades, o quê? A mediocridade? Essa que alimenta a manutenção de cargos políticos dispensáveis?
Não obrigado! De medíocres, está Portugal cheio. O resultado está à vista.

CADA TIRO... raposa.

2006-12-04

DIÁRIOS DE PESCA (Dezembro de 1999) - "Os Últimos Heróis"

DE UM AMIGO QUE MATA O TEMPO COM A ESCRITA. BOM VÍCIO...
O ano iniciava a sua décima segunda volta, as tempestades faziam transformar o país num autêntico lago, o governo demonstrava um significativo mau estar, o futebol ocupava os tempos de antena com a habitual peixeirada, “Camarate ressuscitava” e fazia tremer a justiça injusta deste país.
Era o fim do ano, do século e do milénio a demonstrar que precisava de mudança, o Partido Comunista agonizava, a guerra entre a ortodoxia fechada e a modernidade aberta, fazia cair cabeças antes do caloroso congresso.
O dono do mundo fazia gastar rios de tinta, enquanto indefinidamente não definia quem seria o substituto do mau, agora bom, Bill Clinton.
Morria-se na estrada, repetiam-se os assaltos nos montes do Alentejo e noutros locais e as discotecas da grande Lisboa dançavam ao som de tiros e as bebidas como que por milagre, transformavam-se em sangue, a ordem passava a desordem e a autoridade demonstrava que estava proibida de fazer justiça. É o país e o mundo que temos! Pensava eu.
Mas aqui, neste Alentejo profundo, neste canto do país lembrado sempre que há eleições, o tempo vai correndo (devagar que não temos pressa) e os homens, estes últimos, continuam a ser iguais a si próprios, a amar o seu canto, a desejar o seu campo e a adorar o seu gado.
Vem isto a propósito da verdade que ainda são os últimos homens e mulheres do campo, aqueles que sofreram com o Estado Novo, que tiveram esperança na “primavera” marcelista, que se entusiasmaram com a Revolução dos cravos, que foram empurrados para o infortúnio da Reforma Agrária.
Por estes homens e mulheres tudo passou, ou por tudo passaram!
O latifúndio por onde gastaram as suas mal pagas energias não deixou de o ser quando também mal pagos, trabalharam para uma reforma agrária que de reforma nada teve. Se eram explorados no antes, também o foram no depois.
É assim o raio da vida! Dizem eles.
As reformas, essas esmolas que os governos lhe oferecem são as mais baixas relativamente a qualquer outro cidadão, uma vez que depois de dezenas de anos a trabalhar, as recebem, iguais ou menores em comparação, às que recebem cidadãos que nada produziram para o bem da humanidade.
Mas mesmo assim, depois das agruras da vida os queimar mais que o sol ardente deste nosso Alentejo, continuam a amá-lo e a trabalhar por gosto.
E foi assim, que no princípio deste último mês de dois mil, quando a tempestade se abatia sobre os campos, o pastor, o único companheiro de algumas centenas de ovelhas, de uma burra e a sua cria e de dois rafeiros alentejanos, enquanto o solo gemia por excesso de água, enquanto os sobreiros se torciam obrigados pela força do vento, ele, mais por amor que por obrigação, encharcado até aos ossos, pegava num borrego que tinha tido o infortúnio de nascer num dia de vendaval e da vida pouco esperava.
A mãe, berrava/balia como que a pedir socorro e têve-o. Uma saca serviu para agasalhar o animal moribundo, que ao colo do pastor ia de cabeça caída.
O Alentejo estava parado, naquele espaço de planície só se ouvia o respeitável som que a força da chuva e do vento provocavam, o rebanho parou, as ovelhas encostaram-se umas às outras para se defenderem da tempestade, os cães enrolaram-se junto ao pé/tronco de um sobreiro e olhando em redor, só se viam movimentar dois seres, os únicos preocupados, a mãe ovelha e o pastor contrariando a tempestade, procuravam a salvação do futuro carneiro.
O monte onde se poderiam abrigar ainda era longe, as botas pesavam e a chuva e o vento travavam o passo do homem que procurava salvar o animal, parecia a acção desenrolada no “Barranco Dos Cegos” de Alves Redol, quando o filho do Relvas e a égua amiga, tentavam livrar-se da cheia do Tejo, como se um toiro das Lezírias, os procurasse com a ponta dos chifres afiada.
Mas enfim, o monte foi alcançado, a esposa do pastor tinha o lume aceso, a saca molhada foi substituída por uma outra seca que foi colocada dentro de uma caixa de papelão, o futuro carneiro foi limpo e metido dentro da caixa que foi colocada junto ao lume, a morte parecia aproximar-se, a mãe ovelha ficou à porta do monte como que à espera que o amigo lhe trouxesse novidades do filho.
No interior da casa, o homem e a mulher, conseguiram transformar aquele espaço num local de recuperação de vidas, que em termos de calor humano, fazia inveja a muitos hospitais para onde os cidadãos despejam dinheiro a rodos, em troca de quase nada.
O pastor enxugava a roupa encharcada ao calor da lareira, a esposa, depois de cuidadosamente ter limpo o borrego, preparava-se para amornar um pouco de leite num biberon à espera que o animal se aproximasse da vida ou a vida dele, o pastor massajava-o, mas a vida parecia não gostar do calor da lareira.
A luta era terrível, mas eles não desistiam, por amor ou por serem companheiros de longa data, ou por terem os dois passado pelas mesmas agruras da vida, “navegavam” nas mesmas águas turvas, à procura de um encontro com esta.
Quase que por milagre, passadas cerca de duas horas, o animal começou a reagir, primeiro levantou a cabeça, depois berrou/baliu como que a chamar a mãe que o aguardava à porta da casa.
A vida de repente encheu aquele animal de energia, parecia tê-lo avisado que o lugar dele não era ali, mas no campo junto à mãe e aos seus jovens companheiros e ás outras mães, bem como junto à burra e sua cria e aos dois rafeiros que eram os defensores do rebanho.
O homem e a mulher sorriam um para o outro, não conseguiam esconder a alegria de estarem na eminência de salvar uma vida.
A mulher, após verificar que o animal reagia pegou no biberon com leite morno e ferrado, ajeitou-lhe a boca e deu-lhe uma leve refeição que ele recebeu com alegria e prazer pelo que se notou pela sua expressão corporal.
O pastor, radiante por ver o animal a recuperar, retirou-o da caixa de papelão, incentivou-o a andar um pouco pela casa e depois foi mostrá-lo à mãe que o esperava à porta.
O encontro foi emocionante, a mãe amamentou com extrema ternura o filho ex-moribundo, mas o pastor, não fosse o diabo tecê-las, fê-lo regressar ao calor da casa.
A mãe ovelha percebeu a intenção do seu protector e numa reacção de conforto e alento, foi descansadamente comer as ervas que despontavam do valado do quintal e depois deitou-se em silêncio à espera que lhe devolvessem o filho, para depois regressar ao seu mundo, ao rebanho.
Eu vi, estava ali, o silêncio foi também meu companheiro, a pesca ficou guardada para o próximo século porque a tempestade me obrigou a “assentar arraiais” num sítio mais seguro com a permissão dos salvadores do jovem futuro carneiro.
A recuperação da vida do animal, deu-nos alento para podermos falar, o homem e a mulher do campo, a quem a chuva e o vento não importunam grande coisa, bastou-lhe ver transparecer vida, para que as suas expressões rejuvenescessem e transbordassem alegria.
As horas de trabalho já iam longas àquela hora do dia, era necessário fornecer energia ao corpo, comer qualquer coisa substancial, porque ali governam outros hábitos e o corpo não é de ferro.
O lume estava aceso, os paus dos chouriços bem preenchidos no interior da chaminé, cruzavam-se com os olhos brilhantes que também os espreitavam.
A faca não perdoou e em segundos uma linguiça estava a grelhar sobre as brasas, a esposa do pastor preparou a mesa enquanto o cheiro nos ia deliciando e a conversa começava agora a despontar quase em simultâneo com o estalar da rolha de um garrafão de tinto também do Alentejo. Dizia-me o homem, é assim a vida amigo, no campo tem que ser assim! Mas eu gosto disto, sinto-me bem com eles, gosto de os ver crescer, de os baptizar e de continuar a conhecê-los pelo nome, gosto de os ver brincar e de começar a marcar o seu terreno, gosto de os ver à marrada quando começam a pensar que já são adultos. E depois, os escolhidos para reprodutores, gosto de os ver tornarem-se imponentes e demonstrarem que são os senhores do rebanho.
Eu tinha sido convidado, estava ali obcecado com o que acabara de ver e perguntei-lhes, como se sentem aqui neste quase deserto? Como vivem aqui todos os dias e todas as noites, apenas com os animais, o lume e a televisão? Sentimo-nos bem! disseram-me.
Apenas sentimos saudades dos nossos filhos e dos netos, os filhos não quiseram ficar por aqui, disseram-nos que precisavam de viver, de conhecer outros mundos, de estudar mais e de procurar outra vida para os filhos, melhor que aquela que nós lhes pudemos dar, os estudos deles aqui, foram até ao possível, mais não podíamos ter feito. Mas felizmente eles entendem isso..
Só vêm quando podem, um está em França, o outro está para a zona de Lisboa, ela conheceu um homem do Norte e foram viver para a terra dele.
Estão todos bem, mas nós não podemos sair daqui para os visitarmos porque temos os animais do patrão e também os nossos, eles precisam de trato e de companhia.
E os netos, os netos amigo! Esses, não nos deixam dormir, a saudade é imensa, gostávamos de os ver fazer diabruras, nem isso conseguimos, mas é a vida, é a vida, que lhe havemos de fazer?
Qualquer dia, quando os pés nos começarem a pesar, vamos para o bairro junto à cidade, (Évora) onde conseguimos comprar um terreno e construir uma casa que ainda gostaríamos de habitar alguns anos.
Por enquanto ficamos a aguardar que o Alqueva nos traga novidades para que possamos melhorar a nossa vida. Vamos ver, vamos ver amigo…o que isto vai dar…
Começou a tornar-se tarde, na pesca nem valia a pena pensar, a hora aproximava-se do almoço, a conversa prolongou-se e o casal fazia questão que eu ficasse para almoçar, a senhora insistia que iria sair um cozido à moda da casa, mas eu tinha que partir antes que a viatura de estrada não fosse capaz de sair de algum abismo que inesperadamente lhe aparecesse naqueles caminhos de terra batida.
Já tínhamos falado muito sobre a vida nos campos, os assaltos, o ordenado baixo o isolamento do mundo e da família, mas nunca reconheci na expressão daquele casal sinais de tristeza ou de revolta com a vida, o que interessava era a saúde, o trabalho e a paz. O resto logo se veria…
Despedi-me destes que eu considero uns dos “últimos heróis”, que ainda sobrevivem neste nosso Alentejo, os apontamentos enchiam-me o cérebro depois de algumas horas a presenciar aquele extraordinário espectáculo de humanidade, no carro reforcei os que considerei mais importantes e passei-os para o papel, para não esquecer este dia e depois parti.
Seis anos depois, o reencontro.
Passaram os tempos e a vida vai-nos fazendo partidas, a pesca apesar de ser um momento de descompressão, não consegue ultrapassar as necessidades de uma vida moderna obcecada pelo tempo, pela hora, pelas necessidades de cumprimento dos indesejáveis ou desejáveis valores ou objectivos do mundo actual, voluntária ou involuntariamente, somos forçados a seguir regras culturais ou sociais, que por vezes até nem conseguimos explicar.
Mas a vida não pára, os Homens são mesmo assim, não temos que parar e sem querer, neste deambular de vidas, acabamos por nos encontrar.
Quase seis anos depois, quando deambulava pelos arredores da cidade, encontrei o homem que tinha salvo o borrego, laborava na terra onde tinha construído a casa de que orgulhosamente me tinha falado, naquele dia inesquecível de chuva e de salvação de uma vida, a do borrego.
Reconhecemo-nos imediatamente e ele disse-me: amigo, como lhe tinha dito, tivemos que partir, veio-nos a reforma mesmo escassa e decidimos abandonar o campo, vendemos as ovelhas e a burra, ficámos apenas com os dois companheiros, os nossos rafeiros que também já vão sentindo a idade mas não perderam o carinho que sempre tiveram por nós e como paga, para eles não sentirem a falta das companheiras, trouxemos-lhes seis ovelhas que eles defendem ainda com fervor.
Quis que eu entrasse para cumprimentar a esposa tendo esta demonstrado como há seis anos atrás, a sua extrema simpatia.
A primeira conversa foi sobre o célebre borrego que com alegria, descreveram como um animal que se tornou imponente, bem armado de cabeça e chefe dos reprodutores, deixaram-no com pena já bem adulto, mas não puderam evitar a partida.
Fiquei embevecido com a recepção, falaram-me dos filhos, dos netos, da sua maior e mais fácil proximidade e abriram-me a casa e a mesa, foi um reencontro maravilhoso que se tem repetido nestes últimos tempos.
Como se aprende com os que dizem incultos! Que triste incultura, alguma cultura, que se vende e cara!
Ficou-me interiorizada esta história real dos homens e mulheres do campo, dos animais e da terra, e muito em particular deste casal, deste homem bom e desta mulher boa, que depois de os voltar a ver e conviver com eles, apeteceu-me voltar ao local onde os tinha conhecido.
O milénio estava quase a começar quando isso aconteceu, quando os vi pela primeira vez. Hoje, voltei a pegar na cana de pesca e no livro de apontamentos e quis ir ver, reconhecer o velho monte e o espaço onde tinha estado, agora que a roda do tempo está quase a acabar a sua sexta volta e esta quase a terminar a sua décima primeira jornada.
No caminho, como anteriormente, (seis anos se passaram) meditei sobre o meu país e o mundo, e os homens “loucos” que o comandam, interroguei-me como se prendem policias e se soltam ladrões, como se fazem experiências nucleares quando os senhores do mundo dizem ter um projecto para a paz, como se desconta tanto dinheiro para a saúde e educação e somos tão mal servidos, como há uma comissão de análise da função pública que ganha balúrdios para a analisar vindo não sei de onde, deixando o trabalho incompleto mas concluindo que os males deste país advêm dos chamados funcionários públicos.
Mas outros há que recebem democraticamente quantias chorudas (não ordenados) provenientes dos impostos que todos pagamos, nunca sendo culpados de nada, é a isto a que chamam democracia, ia eu pensando.
Antes de chegar ao velho monte, ia já a minha mente com uns laivos de extrema alegria, e consegui mesmo colocar-me a pensar que o nosso país vai ficar melhor, vai sim senhor!
Acaba-se com os funcionários públicos de seguida com os professores, com algumas maternidades e alguns hospitais, fecham-se as escolas, constroem-se mais campos de futebol, retiram-se os medicamentos financiados pelo Estado aos doentes velhos e novos, aumenta-se o ordenado de alguns médicos não os que trabalham mas os que estão mais perto da sua ordem, regressam as férias grandes dos senhores juízes e aumentasse-lhes também o seu mísero ordenado, renegoceia-se com alguns bons administradores e aumentasse-lhes também os insuficientes ordenados, sem querer saber quantas empresas eles levaram à falência, fecham-se alguns lares para os idosos deixarem de fazer despesa na Segurança Social, as viaturas do Estado passarão a andar mais na rua ás compras com as senhoras de alguém, ou noutras andanças, por conta do grupo dos chamados bons cidadãos deste país.
Assim, o Senhor Engenheiro Sócrates conseguirá na posteridade, tal como o papá do Bill, fazer enormes palestras sobre o seu grande trabalho neste país á beira-mar sepultado.
Parei e reparei que tinha estado por algum tempo a sonhar e voltei à realidade que ali me levava antes de começar a azáfama da pesca.
Retrocedi no tempo e depois de meditar algum tempo, ainda acreditei que de facto a História se repete.
Há seis atrás, a chuva era torrencial, o campo estava completamente alagado, as cheias atrofiavam a vida das pessoas, a justiça (não a dos tribunais) também parecia tal como agora, fazer renascer o mistério de Camarate, os assuntos do futebol choviam na comunicação social, hoje assim acontece, alguém parece ter lidado com algum dinheirinho como quem não quer a coisa, o partido comunista anda outra vez de candeias ás avessas, continua a morrer-se na estrada, os desempregados aumentam, os idosos continuam a ter uma reforma que lhes dá nem para medicamentos, os servidores públicos que não são funcionários públicos, continuam a receber chorosas maquias e o país em que eles mandam (mal) continua sem levantar-se mesmo com toneladas de cifrões enviados de Bruxelas e que se bem aplicados, poderiam tornar este rectângulo de alguns, num paraíso para todos.
Tornava-se já uma tarefa difícil, deixar estes pensamentos, estas revoltas, este condenar de injustiças.
Mas não podia deixar de levar a cabo a observação que para além da pesca me fez deslocar algumas dezenas de quilómetros. Parei para me certificar que me encontrava exactamente no mesmo local onde tinha estado no final do último século e milénio, as diferenças eram significativas mas o local era de facto o mesmo.
O espaço onde encontrei o rebanho e presenciei a cena de recuperação da vida do borrego, está já todo vedado a arame farpado a espaços bem curtos e no interior da vedação lá pastam como antes, as centenas de ovelhas mas não se avistam nem burra, nem cria, nem rafeiros alentejanos e muito menos o homem alentejano.
O monte está rodeado de ervas, a rua do mesmo que se encontrava limpa, bem varrida, já não se reconhece como tal, as paredes parecem ter chorado ultimamente porque o seu telhado foi alvo de vandalismo, as telhas estão retiradas, partidas, deixando de fazer a sua real função.
No fundo vim reencontrar um espaço que se transformou completamente. Transformou-se num lugar triste, desolado e sem vida.
O aumento da produção e da produtividade transformaram a relação de homem rebanho, numa outra forma substancialmente diferente.
Outros homens, outros trabalhadores, de outras partes do mundo, estão hoje ligados ao velho rebanho, visitam-no de tractor, de moto quatro, de jipe, mas a relação do homem com o animal, essa ternura que eu presenciei há meia dúzia de anos, já não se sente ali.
Depois desta observação, parti com alguma tristeza rumo ao local de pesca onde passei por vários montes alentejanos verificando que já são raros os nativos que ainda por ali se vão vislumbrando. Os que existem, na sua grande percentagem, já estão na última etapa da sua vida.
Não seria tão preocupante o que acabei de verificar se este êxodo fosse fácil de fazer recuar, ou se o mesmo acontecesse em pequenas percentagens do nosso Alto e Baixo Alentejo, mas não é assim, os Alentejanos estão a partir, ou já partiram, porque a História assim o demonstra, a economia, a política, a educação, a segurança social, o isolamento, a exploração, obrigaram-nos a partir.
Eram eles e ainda são os que restam, que percebiam e percebem, entendiam e entendem, este nosso campo, este nosso espaço, este nosso clima, que defendem e seguram esta nossa forma de estar e de ser, sem eles o Alentejo passará apenas a ser terra e água subaproveitadas que lentamente se aproximam do deserto.
Hoje outros trabalhadores que certamente partiram dos seus países por razões idênticas ás que fazem partir os alentejanos, estão a desempenhar funções nos campos do Alentejo, como sabem, como podem, como lhes ensinam ou ordenam, mas qualquer emigrante, pelo que se houve, espera melhores tempos para regressar ao seu país de origem, para encontrar a sua família, para voltar ao seu espaço natural e certamente quando isso acontecer, os nossos governantes e as classes com grandes interesses económicos no Alentejo, irão pensar porque não pensaram, irão reflectir fora de tempo porque não criaram condições aos seus para se desenvolverem como trabalhadores e pessoas, usufruindo de uma vida mais digna?
Posso estar completamente enganado, mas o tempo me dirá e não vai ser longo certamente, que “estes últimos heróis” ainda irão ser chorados, porque quando os países de Leste e Africanos tiverem o bom senso de acabarem com as guerras de vária natureza que externa e internamente os envolvem e comecem racionalmente a aproveitar a riqueza que têm, ocorrerá outro êxodo, estes emigrantes que hoje à falta de melhor, se vêem obrigados a ser os substitutos dos alentejanos, partirão e aí sim, naturalmente, uma reforma agrária não política mas natural, ou social, de sobrevivência, ou sabe-se lá como a vão apelidar, irá ocorrer.
Para a História, ficarão muitas Histórias…, incluindo muito especificamente e especialmente, a história que deveria ser bem escrita e bem contada, mas que não interessa certamente a muita gente, sobre o que foi a Reforma Agrária de setenta e cinco, todo o seu processo, o seu princípio meio e fim, este em tempos já anunciado, mas que certamente ainda irá fazer correr muita tinta e muitos Euros.
Os últimos heróis e os outros que ainda são também alentejanos, imitando os Americanos relativamente aos índios, como aliás sempre se tenta fazer neste país, por ordem do governo que por esses tempos des/comande, irão ficar junto ao Alqueva numa zona designada de reserva, para que, os turistas de qualquer nacionalidade, a partir da relva que certamente é para o que vai servir a água que tanto se esperava para a agricultura, os possam ver através da vedação que não faltará não para evitar que eles fujam mas para manter segura a verba que os mirones irão pagar para verem esta espécie em extinção.
Mas já agora, em jeito de aviso aos futuros candidatos a governantes deste país, quando esse tempo chegar, digo-vos.
Cuidado porque mesmo alentejanos, andando devagar, se não se apressam a fazer a reserva, como eles continuam a pensar, qualquer dia não está cá nenhum.
E depois? Que fazem os senhores? Para fazerem dinheiro com os bilhetes para a visita à reserva, que lhes dará sustento e espaço económico para passearem no Estoril e noutras andanças da estranja?
Tenham cuidado… não tenham que recorrer a alguns desses falsos alentejanos que fizeram ou mandaram fazer alguns montes nestes campos ardentes, pois poderão ter que fazer mesmo isso.
Mas atenção! Os turistas têm dinheiro e cérebro e não pagarão bilhetes para ver falsos alentejanos.
Enquanto acabo de escrever sobre a preocupação que tenho com o meu Alentejo e estas minhas gentes que ainda resistem no seu interior, julgo poder concluir que a máquina política é a culpada deste prolongar de sistema que obriga ao êxodo de pessoas a quem se deveria dar condições de vida suficientes em todos os aspectos para se sentirem bem consigo próprios e com os outros.
Acabo de ler uma entrevista dada por uma mulher que eu e certamente muitos portugueses admiram, Dulce Pontes e transformo as palavras dela naquilo que eu penso e queria dizer.
“Tem que se furar esta merda deste sistema. Peço desculpa mas não pode ser desta forma. Desta forma eu não aceito. Preocupa-me o meu povo, o meu país. A vida pertence-lhes caramba!”
Évora 31 de Novembro de 2006.
Francisco Martinho

2006-12-02

ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2007 - O GOVERNO DO PS VOLTA A PREJUDICAR ÉVORA

O Governo do Partido Socialista desperdiça, com o Orçamento de Estado para 2007, mais uma oportunidade de voltar a colocar o país no rumo certo do desenvolvimento económico e social, a par dos nossos parceiros europeus.
O apregoado esforço de contenção da despesa pública resulta num rotundo falhanço e se a despesa pública não cresce mais em 2007, tal fica a dever-se apenas e só aos cortes que, pelo segundo ano consecutivo, atingem o investimento público. O Governo limitou-se a cortar onde era mais fácil, no PIDDAC, deixando por fazer uma verdadeira reforma do Estado, única forma como a despesa pública poderá ser, de facto, reduzida, prejudicando as regiões do interior do país, como acontece com Évora.
Muitos concelhos do interior do país, vítimas de processos de desertificação acelerada, de envelhecimento populacional e de dificuldades de captação de investimento industrial, ficarão ainda mais debilitados com a ausência de investimento do Estado na criação e melhoria das infra-estruturas e serviços de apoio à mobilidade, à educação, à saúde, à terceira idade.
O concelho de Évora vê mais uma vez, pelo segundo ano consecutivo, os valores do investimento do Estado caírem em 2007 cerca de 22%, depois da quebra de 30% com que o PS brindou Évora em 2006.
Depois do recente abandono do Governo em matéria de política cultural, Évora volta a ver-se ultrapassada com o PIDDAC para 2007, onde estão inscritos valores irrisórios de investimento do Governo socialista, sendo adiados mais uma vez projectos estruturantes e essenciais ao desenvolvimento do concelho: a nova Biblioteca Pública, o Museu de Évora, o IP2, o novo Hospital Regional.
O que podem os eborenses esperar da nova Biblioteca Pública de Évora, anunciada pelos socialistas em cada campanha eleitoral, mas na qual o Estado apenas se propõe gastar 55.000€ em 2007? Será para mais algum estudo?
Com que obras de construção do troço do IP2 a partir do nó de S. Manços poderão os eborenses contar, se o governo do PS apenas inscreveu 25.000€ no seu plano de investimentos, apesar de os socialistas terem anunciado a obra vezes sem conta nos últimos meses?
Como pode o Presidente da Câmara de Évora afirmar ter garantia orçamental para a obra, por parte do Governo?
E como pode a Câmara de Évora sentir-se satisfeita com os 1.000€ inscritos para a componente 2 do Polis, depois de lhe terem sido retiradas substanciais fontes de receita com a recente aprovação da nova lei das finanças regionais?
O decurso do ano 2007 mostrará aos eborenses se o concelho ficará parado todo o ano em termos de obras do Estado, ou se o Orçamento de Estado que agora está em discussão é apenas ficção e pouca transparência, ocultando o compadrio e o favorecimento político do Governo às Câmaras do PS, por debaixo da mesa, através de contratos programa que vão muito para além dos concursos de propostas de execução cujos valores irrisórios agora surgem em PIDDAC.

A SEGURANÇA SOCIAL REFORMADA, ATACA DIREITOS ADQUIRIDOS DOS PORTUGUESES

Foi aprovada na AR, com os votos de apenas um dos partidos políticos com assento na mesma, a “Reforma da Segurança Social”. Tratando-se de uma área da governação que é essencial para o futuro destas e das próximas gerações, deveria ter sido procurado um entendimento alargado entre Governo e Oposição, justificando mesmo, pela importância do seu impacte, a celebração de um pacto de regime, ao que parece, insuficientemente promovido pelo Presidente da República.
Trata-se de uma reforma de grande alcance, que afecta os direitos e os interesses de todos os cidadãos e que atravessa várias gerações. Por essa razão, é inconcebível que subsistam dúvidas sobre as sustentabilidade do sistema, no futuro, apesar da reforma aprovada unilateralmente, a qual pode apenas adiar a falência do sistema por mais 15 ou 20 anos.
Tive oportunidade de ouvir recentemente Bagão Félix em Évora apresentar, sobre este tema, a fundamentação de uma posição de crítica à reforma aprovada, demonstrando através dos seus cálculos que a minha geração já não terá direito a pensões da segurança social, para a qual desconta todos os meses, continuando ainda assim sem direito de opção pela aplicação de parte desse montante em produtos alternativos ou complementares, em consequência da teimosia e arrogância de um governo que se julga detentor da verdade, pelo facto de ser detentor de uma maioria política.
Não me surpreendeu a demonstração de Bagão Félix, apenas me convenceu em definitivo, do não retorno da situação, a partir deste ponto, dado o incontornável envelhecimento da população, o extraordinário aumento da esperança de vida e de gozo do período de pensões das gerações que agora estão a retirar-se da vida activa de forma antecipada, a ausência de mecanismos de retiro gradual da vida activa e de manutenção de actividade parcial nos primeiros anos (talvez mesmo décadas) de benefício de pensões.
Se a isso juntarmos as tendências de um mercado de trabalho que todos os meses vê crescer o número de desempregados licenciados, que passarão cada vez mais tempo à procura de empregos que já se deslocalizaram para outras regiões do globo e que, por isso, entrarão mais tarde na vida activa, em actividades desqualificadas relativamente às suas competências e habilitações, com salários mais baixos daqueles que hoje vigoram, então o quadro de sustentabilidade da segurança social agora reformada, será um perfeito desastre e uma total erosão do sistema.
A desvalorização de opiniões e propostas divergentes com o Governo, da opinião de reputados especialistas (com maior credibilidade do que os que calcularam a sustentabilidade financeira do modelo SCUT), é revelador de grande arrogância por parte do Governo. Governar exige responsabilidade na tomada de decisões e, se necessário, arrepiar caminho quando este se revela errado. Para perceber isso, a humildade é fundamental, traduzida numa atitude de audiência alargada e sem recurso a preconceitos de natureza ideológica.
A ideia de que só há uma solução e um caminho para reformar a segurança social, não faz sentido, pois o interesse nacional exigiria um debate sério, despido de demagogia política, na procura da melhor solução. O país merecia mais informação e aprofundada discussão sobre quais as medidas que contribuem para a sustentabilidade da segurança social e quais as que são políticas avulsas de saneamento financeiro as quais, sendo necessárias para reduzir a despesa pública a curto prazo (redução de pensões e de direitos), provocam no entanto perdas financeiras e sociais significativas para os futuros pensionistas, em particular para as gerações mais novas.
A solução escolhida pelo Governo apenas garante a certeza de que serão inevitáveis no futuro mais cortes de pensões combinadas com aumento de impostos, perante uma mais que previsível inevitável ruptura financeira do sistema.

2006-12-01

ÉVORA CIDADE QUÊ?

Em mais uma iniciativa da CM de Óbidos de animação do seu Centro Histórico (que não tem dimensão de comparação com o de Évora), esperam-se cerca de 80.000 visitantes dos vários cantos do país durante o mês de Dezembro. Para os acolher, foram construídas infra-estruturas, entre elas os parques de estacionamento (mais de 3.000 novos lugares).
Em Évora, no ano de comemoração dos 20 anos de elevação do seu estatuto a património da humanidade, o natal de 2006 será ... igual aos outros anteriores.
Valha-nos ainda assim a animação proposta pela Associação Comercial do Distrito de Évora, em cuja notícia não se vislumbra qualquer apoio por parte da Câmara de Évora, como se pode observar:
A Associação Comercial do Distrito de Évora, no âmbito do projecto MODCOM, pretende levar a efeito um Programa de Animação de Natal, no Centro Histórico de Évora, entre os dias 1 e 23 de Dezembro de 2006.
Do programa de actividades previsto consta:
- Espectáculo de dança, dia 1 e 8 de Dezembro, pelas 16:00 horas na Praça do Giraldo: danças sevilhanas pelo IPJ, uma apresentação pelo ginásio Ritmus Health Club, capoeira e hip-hop pela Sociedade Harmonia Eborense, acordeon pelo Instituto Musical Patrício, Lda; apresentação pelo grupo B1; grupo de saxofones, grupo de clarinetes e grupo de trompetes, trompa e bombardino pelo Conservatório Regional de Évora - Eborae Musica. Nesta iniciativa contámos com o apoio da ÓPTICA HAVANEZA.
- Criaturas endiabradas (dia 2 de Dezembro, por diversas ruas do comércio tradicional): actores que através dos seus gags temáticos interagem com o público, realizando acrobacias, danças e belíssimas combinações de malabarismo. Chegam para criticar, caracterizar e ridicularizar a nossa sociedade através de divertidas rábulas. Fazem as delícias dos presentes.
- Animação pela G.A.T.U.É (Grupo Académico de Teatro da Universidade de Évora), no dia 9 de Dezembro, pelas 16:00 horas, na Praça do Giraldo, na qual fazem parte um pequeno número de palhaços, com malabarismo e música ao vivo.
- Animação e entretenimento das crianças pelas alunas do 3.º ano da licenciatura em Educação de Infância (dia 12 a 16 de Dezembro, numa tenda montada na Praça do Giraldo). Esta iniciativa tem o apoio da papelaria NAZARETH E FILHO, LDA PAPELARIA SALESIANA DOM BOSCO, LDA e da UNIVERSIDADE DE ÉVORA.
- Chegada do Pai Natal na charrete de cavalos (dia 18 de Dezembro). O Pai Natal sai do Rossio pelas 10:00 horas, chega à Praça do Giraldo pelas 10:15 horas, onde permanecerá até às 11:00 horas.
- 2 Pais Natais percorrem as ruas do comércio tradicional, distribuindo guloseimas, balões e punch balls a todas as crianças. Algumas das guloseimas são oferta do supermercado CASÃO.
- Ateliers: atelier de enfeites de Natal, carta ao Pai Natal e face painting, para os mais pequenos. A criança com a melhor carta ao Pai Natal será premiada com um brinquedo surpresa, oferta da CASA MILHO.
- Passeios na locomotiva animada, durante os dias 18 a 23 de Dezembro, com o seguinte percurso: Praça do Giraldo, Rua Serpa Pinto, Volta à Muralha, Rua Cândido dos Reis, Rua José Elias Garcia, Rua do Menino Jesus, Portas de Moura, Rua Dr. Eduardo Nunes, Rua da República e Praça do Giraldo.
- Animação de Rua, durante os dias 21, 22 e 23 de Dezembro: modelador de balões e personagem em andas.
- Mini-Praça das brincadeiras (de 18 a 23 de Dezembro): Insuflável (na Rua João de Deus, no Largo junto à Farmácia Ferro); Cama elástica (no Largo Álvaro Velho); 4 carrinhos a pedais (a circular por diversas ruas do comércio tradicional);
- Pai Natal oferece pipocas (dia 20 de Dezembro, na Praça do Giraldo e Rua João de Deus);
- Entrega de brinquedos, livros e computadores usados a crianças carenciadas;
- Concurso de Montras, com prémios para os 3 primeiros classificados, uma oferta da agência de viagens TURALENTEJO (1.º prémio), POUSADAS DE PORTUGAL - Região Alentejo: Alcácer do Sal, Arraiolos, Évora, Alvito, Beja, Torrão e Santiago do Cacém (2.º prémio) e agência de viagens RAINHA SANTA ISABEL (3.º prémio). Serão ainda atribuídas menções honrosas ao 4º ( 1 Kit de Telesegurança Homeguard Plus, oferta da PT COMUNICAÇÕES) e 5º classificado (1 telefone sem fios PT ONE).
- Concurso Melhor Ementa de Natal, com prémios para os 3 primeiros classificados, oferta da PT COMUNICAÇÕES, a saber: 1 Kit de Telesegurança Homeguard Plus e um telefone sem fios PT ONE(1.º prémio); 1 Kit de Telesegurança Homeguard Plus (2.º prémio) e um telefone sem fios PT ONE (3.º prémio).
Nestas iniciativas tivemos o apoio da PT COMUNICAÇÕES.
Convidamos toda a população, principalmente os de palmo e meio, a participarem esta iniciativa.O comércio tradicional deseja-vos BOAS FESTAS.

2006-11-30

O DISTRITO DE ÉVORA ELEGEU ALGUM DEPUTADO?

Obrigado Luis Rodrigues, deputado eleito pelas lista do PSD no distrito de Setúbal, à Assembleia da República
Exm.º Senhor Presidente da Assembleia da República
Requerimento
Assunto: Equipamentos Culturais em Évora
O património cultural e arquitectónico é um traço fundamental da nossa idiossincrasia, constituindo-se como um factor distintivo e afirmativo, de outros povos e outras culturas.
A importância da preservação dos monumentos constitui uma obrigação do Governo e dos Municípios.
Um País sem passado é um País sem futuro, sem capacidade de se promover como povo e como cultura.
Évora, no que respeita a equipamentos fundamentais à sua afirmação, enquanto cidade de cultura não tem merecido o investimento adequado, porquanto a biblioteca pública continua obsoleta e o museu encerrado para obras, mas sem obras.
A Cidade de Évora, Património Mundial, merece mais consideração e empenho do Governo na recuperação e requalificação dos equipamentos culturais necessários à construção de um destino turístico com potencial de valorização do seu património, enquanto factor distintivo.
Por ser do interesse público o Deputado abaixo-assinado, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais em vigor, vem requerer ao Ministério da Cultura e à Câmara Municipal de Évora, que informem:
1. Para quando a construção da nova biblioteca pública municipal e do novo arquivo distrital, contratualizados em legislaturas anteriores e agora abandonados, retirando as verbas do PIDDAC para 2007?
2. Para quando as obras do Museu de Évora, encerrado há 3 anos para obras?
3. Pondera o Governo distinguir Évora como Capital Europeia da Cultura? Quando?
Assembleia da República, 29 de Novembro de 2006
O Deputado
Luis Rodrigues

GOVERNO PREJUDICA ÉVORA NOS EQUIPAMENTOS CULTURAIS

A situação de Évora quanto a equipamentos fundamentais à sua afirmação enquanto cidade de cultura é ridícula: uma biblioteca pública obsoleta e adiada e um museu encerrado para obras, mas sem obras.
Como pode a Ministra da Cultura considerar que Évora tem potencial mas não reúne as condições ideais para ser Capital Europeia da Cultura, ao contrário de Guimarães, se o desprezo do Governo por Évora é mais que gritante?
Como pode a Ministra da Cultura advertir Évora para o desafio de manter a classificação de património da humanidade, explorando rotas turísticas associadas ao património, se o desprezo do Governo pelos equipamentos culturais de Évora cresce a cada dia que passa?
Para quando a construção da nova biblioteca pública municipal e do novo arquivo distrital, contratualizados nos Governos PSD e agora abandonados pelo PS, retirando as verbas do PIDDAC para 2007?
Para quando as obras do Museu de Évora, encerrado há 3 anos para obras pelos Governos PSD, mas não tendo ainda sido terminado o concurso para tais obras nos 2 anos de Governo PS?
Évora merece mais consideração e empenho do Governo socialista na recuperação e requalificação dos equipamentos culturais necessários à construção de um destino turístico com potencial de valorização do sue património, enquanto factor distintivo.

2006-11-29

O SECTARISMO SOCIALISTA

Durão Barroso pode ter e terá certamente muitos defeitos. Mas, não fugiu do Governo após uma derrota eleitoral como fez Guterres, deixando o país num pântano por ele criado, por incapacidade de corrigir o rumo que erradamente tomou, cujas consequências desastrosas hoje estamos a sofrer na pele e na carteira.
Barroso assumiu um lugar numa das mais importantes instituições mundiais, prestigiando Portugal com a sua nacionalidade e com o seu desempenho, como se vê agora, porque, de diplomacia (enquanto competência fundamental à construção europeia), ele percebe realmente.
Pelo contrário, Guterres assumiu um lugar adequado ao seu estatuto e de muitos outros socialistas que entretanto também desertaram do país, para não serem chamados à responsabilidade pelos males que aqui causaram (basta recordar o último relatório sobre economia, da CE).
No entanto, aquilo a que assistimos de toda a imprensa nacional, por influência e controle socialista, é a uma valorização do estatuto de "refugiado" de Guterres e a uma desvalorização do estatuto altamente prestigiante de Barroso, para Portugal.
Não consegui ver até hoje a mínima iniciativa socialista de valorização do trabalho de Barroso na CE, o que é lamentável, a avaliar pelo que vamos sabendo da avaliação de outros, não portugueses.

2006-11-27

É doloroso mas fundamental reformar a Administração Pública

Um partido político responsável e de poder, nunca poderá, ao mesmo tempo, acusar o Governo de pouco ou nada fazer e, atacá-lo sempre que este tenta fazer alguma coisa.
A reforma do Estado é a única forma de reduzir com sucesso a despesa pública. O insuficiente funcionamento a deficiente organização da Administração Pública é um estrangulamento ao desenvolvimento económico e social de Portugal. A produtividade, eficácia e eficiência da máquina do Estado repercutem-se negativamente em todos os sectores da sociedade, desde a assistência social ao desemprego, na saúde, na economia e na vida privada das pessoas. A proliferação de estruturas autónomas na AP, com competências e áreas de actuação claramente sobrepostas entre si e com as existentes, o aumento do número de chefias e dirigentes, sem grande controle e rigor relativamente a áreas de intervenção, quadros de pessoal, competências e responsabilidade, em boa medida para criar mais lugares de chefia para os apoiantes das campanhas eleitorais, recompensando-os pelo trabalho desenvolvido e apoio concedido no processo de conquista do poder, são algumas das memórias que guardamos dos governos socialistas.
Tal como noutros momentos, o que ouvimos agora do governo socialista sugere-nos que os anúncios de acção se atropelam, mas que, no final tudo acaba na mesma.
O recente retrocesso da ministra da educação e agora da saúde, desacreditando os quadros de supranumerários, na senda da falta de coragem em extinguir os Governos Civis, deixam antever que se trata apenas de folclore político sem consequência.

AS CONSEQUÊNCIAS DO GUTERRISMO

Os alertas sobre a má governação socialista de Guterres desde cedo se fizeram sentir. A sua arrogância e sobranceria altiva com que encarava as contrariedades marcou a construção de um atoleiro de onde não conseguiu mais sair.
O problema é que, por um lado, afundou o país e, por outro, deixou uma escola que agora está outra vez no poder, numa postura que não mudou relativamente à anterior passagem pelo Governo, antes pelo contrário.
Como ter confiança na bondade dos anúncios, depois do relatório da CE a que este artigo se refere?
Jornal de Negócios - RELATÓRIO DA COMISSÃO EUROPEIA
As consequências do facilitismo financeiro: o país precisa de uma cura de "regime"! Primeiro ficámos a saber que somos os campeões do número de funcionários públicos per capita da Europa e agora, a Comissão Europeia, na sua revisão da economia europeia de 2006, arrasa as políticas orçamentais adoptadas por Portugal na década de 90 e no início deste século, responsáveis pelos actuais desequilíbrios macroeconómicos. Ao ler o relatório somos levados a concluir que o país entrou em bebedeira financeira no final dos anos 90 e que a saída da ressaca está a revelar-se muito difícil. A combinação de uma redução das taxas de juro por virtude da convergência monetária e subsequente adesão ao euro com uma expansão nunca antes observada dos mercados financeiros – em resultado do fim da guerra fria – criou uma noção de facilitismo financeiro que conduziu, entre outros aspectos, ao descontrolo das contas públicas portuguesas.
O relatório da Comissão refere ainda as consequências nefastas da política orçamental pró-cíclica, seguida até ao início deste século, com um impacte brutal na subida acentuada da despesa pública e o subsequente aumento de emprego e de salários na administração pública e que geraram graves desequilíbrios na nossa economia. (...)
Além da conjuntura extremamente favorável da época, Portugal ainda beneficiou das receitas de privatizações que, entre 1989 e 2000 atingiram, sem ajustamento da inflação, cerca de 18 mil milhões de euros, dos quais cerca de 11 mil milhões foram afectos à redução da dívida pública. Ou seja, se não fosse esta fonte extraordinária de receitas – concentrada fundamentalmente entre 19995 e 2000 – o rácio de dívida pública em 2000 seria superior a 60% em vez dos 53% então registados! A facilidade de acesso a recursos financeiros – baixas taxas de juros, subsídios comunitários e receitas de privatizações – sustentou decisões de investimento perfeitamente desajustadas do ponto de vista da viabilidade económica e, em muitos casos, sem qualquer justificação sequer de ordem social. Isto é, em vez de se aproveitar o período de vacas gordas, para emagrecer o Estado e reorganizar as suas estruturas, inchou-se de forma irresponsável toda a máquina da administração pública e enveredou-se por investimentos sem viabilidade e de interesse altamente questionável. Este aumento insustentável da estrutura da administração pública está agora a gerar as consequência que o relatório da Comissão europeia aponta.(...)
O problema é que, no caso do Estado, quem sofre as consequências dos erros de decisão dos responsáveis da administração pública são os cidadãos e as empresas. Para o Estado, o recurso ao aumento de impostos é a forma de cobrir as asneiras do passado. O paradoxal é pois que a penalização das asneiras do passado, não cai sobre os seus mas sobre todos nós. E o grande risco é que, para evitar a falência do Estado, os decisores políticos conduzem o país – isto é as empresas e os cidadãos – à falência, por via do aumento crescente do fardo fiscal.

2006-11-19

TERRA DA EXCELÊNCIA OU DO NADA?

Depois do fiasco que foi a falta de condições de Évora para acolher o congresso de um partido político, agora parece ter calhado à cultura, aquela que deveria ser a competência distintiva de afirmação de Évora, numa altura em que a cidade comemora a sua elevação a património cultural da humanidade.
Já lá vão 5 anos de mandato PS. O que há de novo para além do futebol e da novela?

Assustam-me as palavras de Rui Rio recentemente proferidas em Évora, segundo o qual os eborenses só conhecerão o verdadeiro significado de uma gestão autárquica ruinosa após o termo do reinado socialista.

2006-11-02

DE MAL A PIOR NO DESEMPREGO E NO EMPREGO. URGE A ADOPÇÃO DE MEDIDAS ACTIVAS

Segundo a notícia (DN Online: Portugal é dos que menos investem no emprego), as Políticas passivas têm peso preponderante. As chamadas políticas de mercado de trabalho dividem-se entre as políticas activas de emprego - que passam sobretudo pela formação profissional, incentivos à criação de emprego e de empresas, entre outras medidas - e as passivas, que dizem respeito à protecção social dada aos desempregados, com o intuito de substituir os rendimentos laborais perdidos - que correspondem basicamente ao subsídio de desemprego e às reformas antecipadas.
Os dados divulgados ontem pelo Eurostat confirmam que é o segundo grupo de medidas o que pesa mais nas despesas dos vários países. Em Portugal dois em cada três euros são gastos em prestações sociais, enquanto a média da UE se situa nos 63%. A restante parcela da despesa diz respeito às políticas activas de emprego, que incluem também os custos com o funcionamentos dos serviços públicos (Instituto de Emprego e Formação Profissional e os centros protocolares, por exemplo).
A Suécia destaca-se do conjunto dos Quinze por investir praticamente o mesmo nas políticas activas de emprego e nas passivas. No Leste, alguns países - a Hungria, por exemplo - também se aproximam desta estrutura, mas apenas porque têm regimes de protecção no desemprego muito débeis.

No que respeita à formação dos empregados (e temporariamente desempregados), ao longo da vida activa, o panorama nacional é igualmente lamentável (Formação ao longo da vida em Portugal está “à beira do desastre” - DiarioEconomico.com), pois, Estudo analisa consequências das políticas laborais revela que Formação ao longo da vida em Portugal está “à beira do desastre” - Estudo analisa consequências das políticas laborais e conclui que Portugal é a economia europeia que menos investe na qualificação das pessoas.

Portugal é, num grupo de 13 países da União Europeia (UE), o que menos investe nas pessoas. De acordo com um estudo publicado pelo ‘think tank’ Lisbon Council, com sede em Bruxelas, a aposta nas qualificações ao longo da vida (educação na família, escola, universidade, formação de adultos, aprendizagem/formação laboral, etc.) foi de apenas 69,6 euros.

2006-10-30

JÁ ERA TEMPO

Já era tempo de avançar em definitivo com um projecto que já teve demasiados recuos.
A importância deste projecto para uma região pobre como o Alentejo é por demais evidente, não só pelo volume de emprego directo que gera, ou pelo que indirectamente induz, mas também pelo tipo de tecnologia que atrai para a região e pela influência sobre a actividade turística regional, ao permitir acrescentar a componente de "ecologia" e amizade com o ambiente ao Alentejo, enquanto destino turístico.

Só um receio me atormenta, que é esse acto tão simbolicamente deprimente para o Alentejo que constitui o "lançamento da primeira pedra" pelos governantes socialistas.

Quem não se recorda daquela primeira pedra da nova fábrica de Mourão que Guterres lançou, enquanto Primeiro-Ministro, aquando do desmantelamento da antiga fábrica da Portucel?

Ou deveremos perguntar quem se recorda dela? É que nunca mais descobriram o seu local, mesmo quando no governo seguinte se iniciou e terminou efectivamente a obra.

Por isso, seria conveniente ter sempre por perto deste tipo de cerimónias dos governantes socialistas um topógrafo certificado para assinalar devidamente o local: para mais tarde (desejo que desta vez não seja tão tarde quanto o habitual da governação socialista) recordar.

2006-10-23

ENIGMÁTICO

Não pretendendo ir pela clássica argumentação de que o sistema educativo é reprodutor das desigualdades sociais existentes, desenvolvida e refinada pelos marxistas, há no entanto algo enigmático que nos deverá preocupar, por crescer com o aprofundamento da globalização, a qual era suposto ter trazido outros resultados:
É que a globalização da informação, afinal, não está a acarretar iguais oportunidades para todos, em consequência da difusão e proliferação das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação pelo mundo inteiro.
Antes pelo contrário, a concentração de conhecimento (o único factor com valor efectivo das sociedades modernas, que representa muito mais do que o simples acesso à informação), é cada vez maior, nos polos urbanos e nas regiões que já levavam avanço da era industrial.
As assimetrias de desenvolvimento económico e social, entre regiões do mundo, países, ou regiões internas, por isso, não se esbateram, antes se acentuam a cada dia que passa, porque os recursos financeiros e humanos, mais o conhecimento, se continuam a concentrar e não a dispersar ou isolar.
Como podem os alunos do 1º ciclo do ensino básico de uma escola de uma aldeia alentejana em processo de desertificação, aceder algum dia aos lugares de topo do ranking nacional do ensino secundário (admitindo que passem do 9º ano, quando a cada ano aumenta o abandono escolar por essa altura), partindo de uma classe mista com os 4 anos de escolaridade ao mesmo tempo e apenas um professor para um grupo de 20 ou mais (diferenciados) alunos?
Imagino que, em teoria, alguma tese de investigação já tenha alguma vez demonstrado a possibilidade de que o grau de oportunidades entre estes alunos e os do litoral, numa escola de Lisboa, Porto, Coimbra, Aveiro ou Braga, seja igualitário. Mas, daí até que a sua veracidade seja comprovada, na prática, vai a mesma distância que separa os resultados dos alunos do interior aos do litoral: uma enorme brecha.
Mesmo que estejam rodeados de computadores e acessos à web, porque a brecha é, desde logo, digital, mas não só.