2006-01-31

DESENCONTROS, OU A IMPOTÊNCIA IDEOLÓGICA DA ESQUERDA FACE À REALIDADE INCONTORNÁVEL!

Depois de vermos Soares tentar galopar sozinho o cavalo de batalha da Globalização na recente e humilhante (especialmente para ele) campanha eleitoral, assistimos apenas duas semanas depois, ao coroar de glória do "suposto" maior responsável e hediondo cavaleiro da globalização (pela via da mundialização e tendencial universalização do acesso e utilização das NTIC, alicerçadas nas "ferramentas" ocidentais americanas e na língua inglesa).
Alguma coisa está errada neste contexto:
  • A coordenação e o alinhamento de posições dos personagens de um certo (ao que parece, cada vez menos rosa) quandrante político e ideológico nacional?
  • A rendição dos governantes ao imediatismo da acção concreta e prática que se traduza em votos expressos?
  • A marcha imparável de um movimento sem retorno face a um provincianismo encenado para consumo interno?
  • A incomparável "modernidade" (entenda-se "americanizada" que já vinha conquistando admiradores rosas desde 1996) de Gates, face ao produto nacional supostamente "explorador e condenável" que a esquerda continua a sentir pudor em reconhecer (ex. da Fundação Champalimaud com fins e objectivos de igual ou mais avultada monta no panorama nacional)?

2006-01-19

AFINAL, É POSSÍVEL ENGANAR TODOS DURANTE "MUITO" TEMPO!

Que o diga Mário Soares ao ver as primeiras páginas dos jornais e o alinhamento dos telejornais: não deve ser nada agradável assistir, enquanto candidato presidencial apoiado pelo PS, ao anúncio do aumento de impostos (ISP), apenas 2 dias antes das eleições, quando as sondagens diárias não só desprezam a probabilidade de passar à segunda volta, como ainda o colocam atrás de Manuel Alegre, a uma crescente distância deste.
Qual a necessidade de o Governo apoiado pelo PS, que também apoia oficialmente Mário Soares vir aplicar, no 3º dia anterior às eleições presidenciais, um novo imposto, previsto desde Outubro de 2005 aquando da apresentação do Orçamento de Estado na AR?
  • Arrecadação de impostos? Teria entrado em vigor em 01 de Janeiro de 2006!
  • Oportunidade política? Teria entrado em vigor na próxima segunda-feira, a 23 de Janeiro de 2006, passadas as eleições presidenciais!
  • Meter ordem no país? Não teria sido permitido o anúncio de mais impostos (suplementares) do mesmo tipo, sobre o mesmo bem, para os próximos tempos (para mal, já chegava este...);

São demasiados os sinais de dificuldade de entendimento e de coordenação entre a acção do Governo presidido pelo presidente do PS e o candidato que o mesmo diz apoiar oficialmente. A maldade da acção supera as aparências. Não havia necessidade.

Apenas contribui para alimentar a especulação dos vários analistas que sempre consideraram ter Sócrates escolhido Soares para este ser humilhado na derrota (e toda a sua família, incluindo um dos seus mais recentes opositores internos), garantindo por outro lado a eleição de Cavaco Silva, o expectável apoiante das supostas profundas e estruturais reformas a ocorrerem nos próximos tempos.

No fundo, Mário Soares foi bem enganado e ... sacrificado aos interesses pessoais do líder do PS (bem feito, não perco o sono, antes pelo contrário).

Mas, também os portugueses foram enganados, quando acreditaram, com aquela perdulária crença na bondade dos supostos humanistas de esquerda que anunciaram ainda há pouco tempo não aumentar os impostos e ao mesmo tempo aumentam os impostos sobre os produtos petrolíferos, com implicações directas nos transportes públicos, no transporte das matérias-primas e nos preços finais do super-mercado, devido aos custos da distribuição.

Num ano em que a classe média voltou a perder poder de compra pelo n...ésimo ano consecutivo, o aumento da inflação decorrente da subida dos preços finais no consumidor terá um peso ainda mais dramático sobre o já preocupante pessimismo dos portugueses quanto ao seu futuro.

Quando termina esta saga? Desiludam-se os optimistas. Está para durar ...

2006-01-15

O TEMPO AINDA TEM CASAS ONDE MORA

O tempo veio dar razão a Marques Mendes que se manteve firme nos seus princípios, resistindo ao populismo fácil.
Ao contrário de António Guterres e Jorge Coelho, relativamente ao caso Felgueiras, em 2001.
Quando há suspeição, que se deixe a justiça actuar e se afastem os partidos políticos (e, mais vergonhosamente ainda - quando tal não acontece - os Governos).
Um elogio merecido a Marques Mendes que teve coragem como poucos teriam no seu lugar...

2006-01-14

NO CENTRO HISTÓRICO DE ÉVORA... NÃO HÁ RECANTO SECO.

Estas imagens, publicadas em (http://jumento.blogdrive.com/) referem-se a uma campanha de sensibilização a decorrer em Gotemburgo.

Diga-se em boa verdade, por demonstração, que o Centro Histórico de Évora, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, bem que merecia idêntica campanha de sensibilização de cidadãos e turistas, onde não é difícil encontrar, a qualquer hora do dia, alguém em "idêntica figura".

A dificuldade estaria no entanto em perceber até que ponto a incapacidade da Câmara Municipal de Évora relativamente à gestão do seu Centro Histórico será ou não responsável pelos comportamentos prevaricadores (por necessidade) dos utentes daquele espaço.

A imagem ao lado, retratando as instalações sanitárias públicas sitas a 50m do ex-libris da cidade de Évora (o Templo Romano), encerraram para obras de remodelação em Junho de 2005 (não poderia ser melhor a altura, ou não fosse a febre eleitoralista que afinal não produziu os resultados esperados) e ainda não reabriram ao público, encontrando-se prontas, a espera de, segundo se diz, completar a instalação eléctrica, tendo a situação sido aqui denunciada em Setembro do passado ano.

Cada vez que observo os turistas a dirigirem-se (guiados pela sinalização existente) a tais instalações sanitárias e, perante a aflição, procurarem um recanto para descarregarem as suas necessidades fisiológicas mais básicas (por sinal, junto ao edifício da PSP e Governo Civil), sinto-me algo envergonhado na compreensão e aceitação da indução de comportamentos não desejados pelos seus protagonistas.

Até quando esta imagem degradante que Évora transmite aos seus visitantes? Não sei quem fica mais envergonhado: se os visitantes, se os eborenses, por verificarem que os vistantes são obrigados a praticarem actos que embaraçam os próprios.

2006-01-10

NO PAÍS DA ANEDOTA QUOTIDIANA, A REALIDADE JÁ PARECE FICÇÃO.

Desculpem a minha ignorância, mas ...:
  • O BCP é uma empresa de produção de energia ou de realização financeira?
  • São os bancos da esfera económica ou financeira no quadro de referência disciplinar da organização governativa e administrativa do Estado?

Por último, em 2001, quando abnadonou o Governo, qual era a pasta de Pina Moura?

Não era ele o mal-amado Ministro das Finanças do Governo de Guterres? Passaram 3 anos até começar a prestar a colaboração ao BCP? Não sei se o podia fazer ou não ... mas, não façam de nós parvos, pelo que não vale a pena virem com essa conversa do termo enquanto Ministro da Economia.

2006-01-09

PRESIDENCIAIS - CONTAR COM VITÓRIAS ANTECIPADAS?

Cavaco Silva esteve em Évora e encheu (ele) uma tenda enorme para jantar. Muitos não conseguiram mesmo arranjar bilhete e lugar.
O candidato "pareceu" ou "fingiu" mesmo estar surpreendido com tão grande adesão.
Quem não consegui lugar, ficou em casa à espera de ver a reportagem nas televisões. Ligados à tv, espantaram-se, contudo, com algumas das caras que apereceram logo na primeira linha, ao lado do "já quase Presidente"...
Pouco tempo depois da escassa presença na difícil, dura e à partida perdida batalha autárquica de 2005, nem queriam acreditar no que ofereciam as imagens televisivas resultantes da focagem daquela imensidão de apoiantes.
Desenterraram então dos arquivos a lista de apoiantes de Sampaio em 2001, publicada no Diário do Sul de 12 de Janeiro de 2001: não imaginam o que espanta o desenrolar da lista... É verdade que o Distrito é pouco povoado, mas... há nomes que saltam à vista na sobreposição dos apoiantes aos antecipados vitoriosos.
Há sempre alguém que está pronto a encher pavilhões e tendas para os jantares e páginas de apoiantes em jornais, a acompanhar quem, à partida, já assegurou a vitória... não importa de que cor ou de que lado ela surja.
Também aqui, em Évora, o já "quase Presidente" teve oportunidade de conhecer e constatar a existência de penduras, que pensam apenas em si, nos seus interesses pessoais, profissionais e monetários, na boleia. No fundo, aquele perfil que o candidato lamentava ser tão prejudicial ao PSD, ao Governo e ao país em 1995, quando definhava o seu último Governo e encetou o "tabu" presidencial.
Mas, eis que o engano é dissipado entretanto, ainda durante o discurso do candidato, naquela cerimónia, mostrando que está atento: o homem da estabilidade? Um Governo para 4 anos? Não era já para amanhã? Não me parece que o encantamento com o discurso tenha sido geral... É apenas uma desconfiança.

Como se fosse pouco, ainda vem o editorial do semanário de referência aqui no burgo a confirmar mesmo essa desconfiança de que demorará algum tempo a rentabilizar o investimento, porque a coisa ainda está para durar, pelo menos 3 anos. É a vida ...

HÁ QUE ORGANIZAR A RESISTÊNCIA?

Direitos das minorias o tanas! Não começará a ser demasiado tolerado para o gosto da maioria?
Começa a ser preocupante, levantando dúvidas sobre o que fazer: fugir antes que se torne obrigatório?
Como decidir? Quando estiveres em grupos aproximados à dezena, se todos te parecerem normais, será razóavel deduzir e aceitar que "o" somos nós?
A aplicação da estatística pelas ciências sociais, tem destas ...
Contudo, há que ter cautela, com tudo.

2006-01-03

DESESPERO E/OU ESQUECIMENTO...

Esta tirada soa um pouco a desespero de quem não consegue recuperar espaço nas sondagens que sistematica e repetidamente apresentam os mesmos valores e posições.
Mas, também não deixa de denotar algum esquecimento, deveras hipócrita.
Então não foi sempre assim? Só agora é que os jornalistas incomodam e os canais televisivos decidem abrir os seus diários de campanha pela ordem do posicionamento das sondagens? Quem ouviu o Dr. Mário Soares rebelar-se contra tal critério quando estava ele próprio na posição mais vantajosa? Ou mesmo em 1996, quando o mesmo critério era utilizado relativamente aos candidatos em cena nesse acto eleitoral?
Podemos mesmo falar do recente acto eleitoral de 2005 (eleições legislativas) quando todos os canais televisivos ordenaram as reportagens de campanha pelo peso eleitoral atribuído pelas sondagens de então e não pelo real peso no parlamento dissolvido. Quem era o primeiro partido a sugir nos ecrans televisivos? O que disse então o Dr. Soares?
Há que conservar a postura, para que o ridículo não invada as atitudes de candidatos a tão nobre função como a Presidência da República portuguesa.