O livro Olhos de Caçador, tem por protagonista um soldado do exército português chamado Zé Fraga, mobilizado para a guerra colonial em Moçambique. Com um passado de contrabandista e passador de emigrantes na fronteira com Espanha, vivia de expedientes e pequenos golpes, até ao dia em que é preso, alistado e mobilizado compulsivamente.
Zé Fraga é um rebelde que escarnece da autoridade, da obediência à lei e do respeito pela propriedade alheia. Recusa fazer o serviço militar e viver dentro do seu apertado sistema de regras. Quer continuar a ser um homem livre, sem freio. Mas ao mesmo tempo, sente-se fascinado pela possibilidade de descobrir um mundo de horizontes sem fim, que só a mobilização para África lhe pode proporcionar.
Mulherengo, brigão, malandro, Zé Fraga é um sedutor, fazendo relacionamentos e amizades com facilidade. Tendo vivido do contrabando nas serranias das Beiras, ludibriando a GNR e a Guardia-Civil, esse passado rústico, de regulares confrontos com a autoridade, vai fazer dele o soldado mais adaptado que todos os outros à dureza do mato africano, sendo temido pelo inimigo, e uma referência de coragem e liderança para os soldados da Companhia.
O que diz a crítica
“Olhos de Caçador, é um dos melhores romances testemunho sobre a guerra colonial publicado nos últimos anos. (…) A acção é veloz, o enredo é ficcionado, mas o discurso é cru e preciso, cheio de detalhes realistas”. (Filipa Melo/Luís Caetano – Programa Câmara Clara, RTP 2)
“Li e fiquei impressionada com o documento; acho que é um documento fortíssimo e, como documento, muito bem escrito. A linguagem é muitíssimo violenta, às vezes quase resvala um pouco para Zola, mas depois agarra bem e volta para trás e não abusa; fica em consonância entre aquilo que quer dizer e a própria linguagem. Está muito bem abraçado, está muitíssimo bem. (…) Foi uma surpresa imensa”. (Lídia Jorge - Programa Câmara Clara, RTP 2)
O autor
António Brito nasceu no distrito de Coimbra e é licenciado em Direito. Antigo combatente da Guerra Colonial, aos 18 anos alistou-se nas Tropas Pára-quedistas, sendo mobilizado para Moçambique, onde combateu nalgumas das mais importantes operações militares contra os guerrilheiros nacionalistas. Colaborou em jornais de Moçambique e Portugal, trabalhou em multinacionais, e escreveu guiões para televisão. O romance Olhos de Caçador, embora sendo uma obra de ficção, é baseada nas vivências africanas do autor na guerra de guerrilhas no antigo território português do Índico.
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