2010-02-28

ASSIM ESTIMULA O GOVERNO A ECONOMIA


"Conheço colegas, em início de carreira, que estão a passar muito mal, porque, não tendo ainda clientela, contavam com os cheques-dentista para pagar despesas fixas decorrentes do exercício da actividade. Só que, como o Estado é o primeiro a dar o mau exemplo, é mau pagador, esses colegas não têm, agora, como pagar, até, os materiais usados com os pacientes enviados pelo Ministério da Saúde", assegurou, ao JN, um médico do Porto, a quem a Administração Regional de Saúde do Norte deve cerca de seis mil euros, desde Outubro de 2009.
O JN contactou o Ministério da Saúde, administrações regionais de saúde (ARS) do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve e a Ordem dos Médicos Dentistas para apurar os valores totais em dívida, desde a criação do cheque-dentista, em Junho de 2008. Porém, só a ARS de Lisboa e Vale do Tejo, a menos contestada, revelou: 178.960 euros.
As ARS que pagam pior são as do Norte e Centro. As que pagam melhor são as do Algarve, Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo.
Há médicos na Região Norte que, até hoje, ainda não receberam qualquer serviço prestado no  ambito dos cheques-dentista. A maior parte, no entanto, não recebe desde Outubro de 2009. A João Pedro Oliveira, da Clínica do Cértoma, em Anadia, a ARS Centro deve, desde há meio ano, cerca de dez mil euros. A Ana Lampreia, da Clínica Supermed, a ARS Alentejo deve cerca de 800 euros. Mas os exemplos são mais do que muitos. O JN ouviu mais de meia centena de dentistas e todos se queixam de pagamentos "incompreensivelmente tardios".
Ana Filipa, de Braga, diz que numa das clínicas onde atende, desde Julho de 2009, pacientes com cheque-dentista, a ARS Norte nunca lhe chegou a pagar qualquer serviço.
Maria José Cameira, de Faro, critica a burocracia conducente aos pagamentos e diz que demora menos tempo a atender alguns pacientes do que a preencher os seus formulários.
André Neto, da Clínica Sorriso Alfacinha, em Lisboa, diz que o que costumam ter em dívida consigo dá para pagar a uma funcionária e que se tivesse de viver com o dinheiro dos cheques-dentista "já tinha morrido". Rita Barroso, de Coimbra, queixa-se de não receber desde Outubro de 2009.
Ao JN, Filomena Lages, da ARS Centro, reconheceu ter facturas por pagar com cerca de quatro meses, mas atribuiu parte da culpa aos médicos, que "preenchem incorrectamente os formulários". Antonino Leite, da ARS Norte, atribui a "culpa" ao volume de trabalho.
MIGUEL GONÇALVES  - publicado a 2010-02-26 às 00:07

ESTE É O PAÍS "MODERNO" DOS SUCESSIVOS GOVERNOS PS?



Apesar da irrelevante taxa de execução do QREN e dos seus programas regionais como o INALENTEJO, a notícia dá conta de que:

Os trabalhos arqueológicos realizados ao abrigo do projecto Alqueva e da construção da barragem custaram 14 milhões de euros, mas os quase 1000 vestígios recolhidos continuam fechados em contentores, à espera que haja condições que permitam o seu estudo e a sua divulgação científica.
Foi um trabalho laborioso, efectuado ao longo de sete anos, entre 2002 e 2009, e que incidiu no território onde a barragem de Alqueva foi construída, no que ficou submerso pela água da albufeira e na área onde foram instalados blocos de rega (albufeiras e sistema de canais). Uma tarefa sem paralelo, segundo o arqueólogo Samuel Melro, do Igespar, que salientou, anteontem, em Castro Verde que "a arqueologia deve muito a Alqueva".
Este responsável falava no quarto colóquio de arqueologia do Alqueva, que termina hoje naquela localidade, tendo acrescentado que "resta saber até que ponto a arqueologia ficou refém das obras". Isto porque depois do forte investimento na barragem e de 14 milhões de euros gastos em escavações - segundo o montante referido por Miguel Martinho, técnico da empresa que gere este empreendimento - ainda não houve capacidade para dar sequência aos quase 1000 achados arqueológicos que foram identificados naquela região.
O material recolhido enche centenas de contentores à espera que haja condições que concretizem o seu "estudo e divulgação científica", observou António Carlos Silva, coordenador dos trabalhos arqueológicos de Alqueva entre 1996 e 2002.
O impacto deste tipo de intervenção tem sofrido as inconveniências associadas à instalação do empreendimento hidro-agrícola. Miguel Martinho destaca a quantidade de obras que ocorrem em simultâneo. "Em em 2009 havia mais de 20 empreitadas a decorrerem ao mesmo tempo" salienta. E foi neste enorme estaleiro de obras que os arqueólogos tiveram de gerir uma espécie de jogo de batalha naval, com a execução das sondagens no terreno partilhado com os trabalhos de construção dos canais de rega.
Durante os três dias do colóquio foram apresentados os resultados de cerca de 30 trabalhos de pesquisa arqueológica realizados sobre a Pré-História Recente, Proto-História, Época Romana e Tardo-Romana Medieval na área destinada ao plano de rega, que inclui 110 mil blocos de rega.

2010-02-21

NINGUÉM FEZ TANTO PELO ALENTEJO E ... PELO DÉFICE (O DEMOCRÁTICO TAMBÉM). BEM À VISTA DE TODOS

DISTRACÇÕES NA REGIÃO MORNA

Nada de novo, apenas bastante tempo depois, se tivermos em conta o que se dizia aqui em 2007-04-14:

O retardamento que se faz sentir dos supostamente “miraculosos” efeitos das valências de Alqueva (EFMA) para o Alentejo, nomeadamente no que se refere a uma eventual transformação da região da noite para o dia, vêm dar algum crédito à oportunidade de reflexão sobre as reservas da probabilidade de que uma das regiões mais pobres da Europa, com deficientes estruturas, poucos trabalhadores e quadros qualificados, sem atractivos ambientais e turísticos diferenciadores (com excepção do lago criado pela albufeira da barragem, mas mesmo esse ameaçado pela contaminação dos esgotos da região, crescentemente denunciada pelos ambientalistas), se transfigure em área de turismo de alta qualidade, no curto prazo.
Um novo destino turístico que se pretenda posicionar nos mercados nacional, ibérico, europeu e mundial, partindo e surgindo do nada, levará anos a lançar e décadas a posicionar nos mercados, segundo muitos especialistas do sector. Mas, para além disso, toda a área de influência do Alqueva (concelhos de influência do EFMA), é uma área rural, um território de baixa densidade em várias dimensões e critérios, onde o investimento de raiz e cariz local é e foi quase nulo ao longo de várias décadas, (criação de empresas, de negócios e emprego), apesar dos instrumentos e apoio existentes (vejam-se os fracos resultados dos instrumentos de apoio à criação de emprego disponibilizados no âmbito dos vários QCA’s), situação que não se espera venha a mudar substancialmente nos próximos anos deste novo QREN, apesar do EFMA, pois tal não aconteceu igualmente nos últimos anos e décadas.
Para que alguns ganhos sejam conseguidos, urge uma correcta identificação do tipo de incentivos ou acções de base local necessários para que a região desenvolva e fertilize a emergência de iniciativas empresariais de pequena dimensão, negócios de natureza familiar, com vista ao fornecimento e complementaridade dos grandes investimentos e projectos turísticos previstos para o regolfo do Alqueva.
Ao nível da geração de emprego e sua relação com a disponibilidade de recursos humanos locais, será importante determinar de que forma a região pode beneficiar de alguma complementaridade e construção de capacidade de abastecimento local, de forma activa, agressiva e antecipada na oferta.
Mas também será importante desenvolver estratégias locais de adaptabilidade a um conjunto de iniciativas empresariais externas que possam servir ao escoamento e ocupação profissional de uma parte do maioritário perfil de RH que não será certamente absorvido pelos modernos e exigentes empreendimentos turísticos a construir, dada a sua natureza de marcado e adiantado envelhecimento demográfico, com elevado atraso e desfasamento no que se refere às qualificações profissionais e às habilitações escolares.
Uma outra questão determinante será a de conceber estratégias públicas e privadas de contorno à mais que constatada dificuldade de o Alentejo encontrar capacidade de resposta para preencher os milhares de postos de trabalho que se prevê sejam criados em resultado dos investimentos turísticos previstos para a área do EFMA. Em Junho de 2006, a APEA (Agência de Promoção Externa do Alentejo) estimava que nos próximos 10 anos, o turismo alentejano virá a precisar de, pelo menos, o dobro da mdo que neste momento trabalha no sector (cerca de 11.000 trabalhadores), dos quais apenas 20% têm formação profissional adequada. É certo que existe uma fileira de actividades com potencial de exploração regional em associação ao EFMA e que são as indústrias de energia renovável (nomeadamente solar), com os investimentos realizados em Serpa e previstos para Moura, gerando sinergias com os empreendimentos previstos, que beneficiarão da imagem de um destino saudável, ecológico, amigo do ambiente e sustentável.
Também é certo serem elevadas as expectativas quanto aos impactes do um conjunto de empreendimentos turísticos de grande porte, enquanto catalizadores da descolagem da economia regional alentejana. Mas, não deixará de ser conveniente recordar e ter-se em consideração que, o turismo sustentável deverá ser sempre uma prioridade para a oferta a construir, enquanto motor de uma estratégia de desenvolvimento sustentável para a região. Uma estratégia de turismo sustentável deverá obrigatoriamente ter em linha de conta a necessidade de promoção das actividades tradicionais e de cariz local, que permitam valorizar a identidade regional e preservar os valores culturais e a sua salvaguarda para as gerações vindouras.


PERIGO REAL