2006-09-26

A BOLHA ...

Em vária notícias é possível ler que, segundo o relatório do Banco de Portugal:
«Mais crédito ao consumo - Os empréstimos bancários a particulares continuam a registar uma subida de 10,5%. Diz o banco central que este crescimento esteve associado ao aumento significativo do crédito para consumo e outros fins. Uma das razões para o crescimento do crédito ao consumo pode ser a baixa das taxas de juro neste segmento. Os bancos tinham margens muito elevadas neste crédito e a concorrência e a necessidade de captar mais negócio levou-os a abrandar os preços cobrados, num período em que o crédito à habitação, que tem as margens mais esmagadas, sofreu uma subida de juros.»
Desconhecia que uma retoma da economia baseada no consumo privado fosse uma retoma com sustentação a prazo, num país que importa cada vez mais do que consome. Mais desconhecia ainda que, com elevados e cada vez menos aceitáveis níveis de endividamento das famílias, se encare como sustentado o aumento do consumo privado com recurso ao crédito (ao consumo), numa altura em que os juros à habitação não param de subir, deixando menos rendimento disponível nos orçamentos familiares.
Como se comportará o consumo privado (sem recurso ao crédito) nos próximos meses, com tal redução do orçamento familiar mas com exigências crescentes como a aquisição de livros escolares a preços quase proibitivos para muitas famílias?

O mês de Agosto, mês de férias por excelência, pode considerar-se representativo de todo o ano? E podemos confiar na sustentação de um crescimento económico baseado no aumento de um consumo em época de férias para o qual as famílias se vêem já obrigadas a recorrer ao crédito bancário?

E a venda de automóveis novos, que parece ser cada vez menos uma venda ou uma compra, antes assumindo um formato de arrendamento do automóvel cuja proprietário é o Banco, responsável em boa parte pelo aumento do volume de recurso ao crédito bancário, durante quantos meses mais vai continuar a subir, acompanhando a tendência de subida dos preços dos combustíveis?

O BP não vê sinais de fragilidade neste crescimento da economia, mas apenas a retoma?

A história repete-se todos os meses da governação deste executivo, parecendo que o optimismo tomou conta dos relatórios de um momento para o outro, contrariamente ao cinzentismo que marcava o período da anterior governação.

Não vimos já este filme nos tempos de Guterres? Qual foi o resultado?

2006-09-22

ÉVORA MERECE UMA CÂMARA MUNICIPAL QUE FUNCIONE MELHOR

Ao fim de 5 anos na gestão da Câmara de Évora, o único balanço que pode ser feito sobre o funcionamento dos serviços municipais é o do seu bloqueio e inércia, provocados pelo PS.
Atente-se nos utentes que aos serviços municipais se dirigem diariamente para esclarecimentos, resolução de problemas quotidianos, para apresentação de projectos de construção, ... As queixas são mais que muitas, quotidianas e repetidas.
Já uma vez apresentei ao Presidente da Câmara de Évora, em sessão de Assembleia Municipal, esta percepção de insuficiência funcional, decorrente dos contactos que diariamente estabeleço com munícipes e os mesmos comigo, os quais desabafam a sua desilusão, desespero e mesmo indignação.
Não será difícil adivinhar a resposta de um Presidente de Câmara arrogante e pouco dado a ouvir reclamações ou sugestões, com a escola de formação política que teve, a entender como ataques da oposição, como se a mesma não representasse eleitores: a oposição elegeu 4 vereadores e o PS apenas 3, nas últimas eleições autárquicas.
O resultado é o de uma degradação do funcionamento da CME, apesar de o número de Departamentos Municipais ter mais que duplicado e o número de Chefias de Divisão ter aumentado em 1/3 desde que o PS ganhou a Câmara de Évora.
No ano passado, foi o que se viu com a abertura das escolas do 1º ciclo no concelho: um desastre (basta ver os posts deste blog no mês de Setemro de 2005). O que melhorou em 2006? Nada; antes piorou a situação, sendo ainda mais amplos e graves, para além de menos desculpáveis e aceitáveis, os erros, faltas, omissões e incapacidade da Câmara de Évora em matéria de gestão do parque escolar.
Vem esta crítica ao funcionamento dos serviços municipais de Évora (agora substancialmente ampliados em número de Departamentos e Divisões) por aquilo que presenciei hoje na Escola Básica do Rossio, em Évora, não resultando de qualquer denúncia ou queixa de outros munícipes que possa representar politicamente.
Imagine-se que, na referida escola da cidade de Évora (cidade à qual o PS prometeu trazer a excelência, começo agora a perceber a mediocridade dos parâmetros utilizados), um alarme (daqueles bem sonantes que existem para serem ouvidos a larga distância) disparou por volta das 10 horas da manhã em consequência de comportamento menos aceitável de algum miúdo, o que levou de imediato ao disparo de telefonemas para a CME com vista a que os serviços pudessem proceder ao silenciamento do estridente e insuportável toque.
Quando fui buscar a minha filha à escola, já depois das 15,30 horas, informaram-me que tinham acabado de desligar o referido e incomodativo toque, altura em que os serviços municipais conseguiram (apesar de terem agora menor campo de intervenção funcional em consequência de terem sido criadas várias empresas municipais, à boa moda do esbanjamento socialista), com grande sacrifício imagino, deslocar-se ao local.
Entretanto, esteve uma escola inteira submetida, durante mais de 5 horas, ao toque permanente de um alarme. Imagine-se só como estavam as crianças (uns choraram durante largo período, outros queriam fugir da escola, outros queriam chamar os pais ...), os professores (desesperados por não poderem desenvolver actividades normais com os alunos) e os funcionários.
Tudo isto enquanto o Presidente e os vereadores do PS na CME estavam a fazer "show-off" para as câmaras de televisão no salão nobre dos paços do concelho com o Secretário de Estado do pelouro, indiferentes ao (não)funcionamento de um órgão que deveriam dirigir, conforme ditaram os resultados eleitorais que todos respeitam (ao que parece, só o PS não o faz, como revelou no recente caso das eleições para a RTE).
Ao nível do caos que está instalado em Évora quanto ao funcionamento das escolas, já não tenho mais palavras, porque todos os dias, todos os meses, repetidamente todos os anos, os mesmos erros acontecem ampliados e são denunciados, sem que a CME revele qualquer intenção de os corrigir.
Ainda poderia alimentar a esperança de que, com 5 anos de gestão municipal, por acaso ou consciência de que 5 anos é substancialmente mais que 5 meses, o PS se dedicasse a cumprir alguma das promessas com que iludiu o eleitorado apenas com a finalidade de conquistar o poder, o que já representaria algum contributo positivo, ainda que escasso, para a construção do futuro da cidade.
Mas, como referia em tempos João César das Neves num dos seus artigos no DN, os incompetentes nunca melhoram o seu desempenho, pelo facto de revelarem não possuir competência para reconher a sua própria incompetência.
Decididamente, o PS revelou, ao fim de 5 anos, não ter competência para gerir Évora.

2006-09-17

IGNORÂNCIA OU TEIMOSIA DOS PAIS?

Manuel Arroja, director-executivo da empresa de recrutamento Michael Page International Portugal, explicava há pouco tempo num jornal nacional as razões porque alguns idiomas são preferidos pelas empresas. «O inglês é uma língua que se pode considerar universal. O espanhol devido à iberização do mercado é cada vez mais solicitado como segunda língua. As empresas, muitas delas têm neste momento a sua sede ibérica em Espanha onde não só estão os directores gerais, como também algumas áreas de suporte». No futuro, o responsável considera que continuarão a ser estas as línguas mais importantes.
Ora, vá-se lá saber porque carga de razão, continua o francês a ser a língua mais escolhida pelos alunos de algumas escolas de Évora, ainda que as mesmas já ofereçam a opção de espanhol?
Só pode ser, a meu ver, por ignorância ou teimosia dos pais (alguns têm ainda aquela incompreensível atitude de rejeição de tudo o que vem dos nuestros hermanos, menos os produtos que compram nos hipermercados), a que se associará algum interesse corporativista dos professores de francês (excedentários desde há muito, como se sabe) que influenciam igualmente as opções dos alunos.
A questão de fundo é no entanto a das consequências dessas escolhas em termos de oportunidades de emprego futuro, ou da falta delas. Será o governo sempre o principal responsável pelo desemprego, num mercado tão aberto e liberal como aquele em que vivemos hoje e onde, perante ofertas diferenciadas teimamos em continuar a escolher erradamente, sabendo que a escolha é errada?
Ou ainda há quem escolha e opte convencido que está a escolher a opção certa? Em qualquer dos casos, fico sempre com a sensação que estamos bem pior do que aquilo que julgamos ser o nosso estadio de desenvolvimento.

ESCOLAS EM OBRAS

A Câmara de Évora volta este ano a prejudicar os alunos do 1º ciclo das maiores escolas de Évora, ao impedir o início normal das aulas na semana prevista, por incapacidade de em tempo útil executar as obras de remodelação e beneficiação das instalações escolares.
As maiores escolas de Évora estão em obras no momento em que já deveriam ter iniciado as aulas, porque as obras que podiam ter sido executadas durante as férias, apenas se iniciaram pouco tempo antes do início prevista das aulas. Os prejuízos para os alunos que começam mais tarde, sem cantinas nem tempos livres operacionais são mais que muitos, bem como para os pais, que não dispõem de espaços de ocupação para os seus filhos durante este período.
A Câmara de Évora tem-se revelado igualmente incompetente no estímulo ou gestão directa de adequada oferta de ocupação de Tempos Livres para crianças e jovens durante o verão e as restantes interrupções escolares, não aproveitando os espaços públicos existentes, prestando por isso um mau serviço (por inércia) aos habitantes do concelho com filhos em idade escolar.
Preocupante é que a reiterada incompetência da Câmara de Évora na gestão do parque escolar do concelho e na oferta de actividades extra-escolares para os jovens em idade escolar, prejudique não só os residentes, como enfraqueça também a imagem da qualidade de vida no concelho, afastando intenções de investimento em sectores de elevada tecnologia que poderiam contribuir para a criação de postos de trabalho e diminuição do elevado desemprego que já cresceu 70% em Évora com a gestão socialista.

2006-09-15

PERDA DE CREDIBILIDADE DAS INSTITUIÇÕES

Como os meninos ainda não se fazem de barro, alguns dos professores do 1º ciclo do Ensino Básico e Educadores de Infância recém formados ou ainda em formação, nunca virão a exercer a profissão para cujo perfil estão a adquirir competências.
Tal constitui, por um lado, um desperdício de recursos públicos que poderiam e deveriam ser canalizados para outras áreas em que o país é manifestamente deficitário, para além de, por outro lado, acarretarem uma enorme frustração para os afectados, que confiaram e apostaram numa área de formação que, apresentada enquanto oferta pelas universidades do Estado, deveria à partida, oferecer garantias de adequação na resposta às necessidades do mercado de trabalho.
Até quando vai o Estado permitir que a confiança que nos seus organismos deveriam os cidadãos depositar, continue a ser corroída desta forma?
Mais do que coragem, exige-se aos governantes que gerem a máquina administrativa do Estado, o respeito pelos cidadãos, não criando neles expectativas que se sabe, à partida não poderem ser satisfeitas mais tarde. Poderia ainda acrescentar a falta de respeito que constitui o desperdício de recursos financeiros públicos, provenientes dos nossos impostos, de forma consciente e deliberada (a informação sobre as carências e excesso de competências no mercado de trabalho é abundante e de acesso generalizado).
Às Universidades e Escolas Superiores do ensino público podem e devem os recém-licenciados que estão e provavelmente continuarão desempregados, pedir responsabilidades por não responderem à missão para a qual foram criadas, podendo para tal pedir ajuda à Associação Sindical dos Professores Licenciados.

2006-09-09

SUA EXCELÊNCIA, A ARROGÂNCIA, sita na Praça do Sertório.

O Secretário de Estado do Turismo, mandou repetir as eleições para a Região de Turismo de Évora sabendo à partida, tal como se veio a comprovar agora pela decisão do Tribunal Administrativo de Beja, que tal não poderia nunca alterar a questão de fundo: a garantia de democraticidade do acto e representatividade plural dos membros do colégio eleitoral, entre os quais consta a Câmara Municipal de Évora (CME).
Do ponto de vista dos resultados eleitorais, a escolha do representante da CME nos órgãos da RTE, foi um processo arrogantemente e desastrosamente conduzido pelo Presidente da CME, boicotando uma votação que sabia lhe seria desfavorável.
Ao contrário das outras Câmaras Municipais que integram o colégio eleitoral da RTE e que colocaram a votação a escolha do representante, o Presidente da CME pretendeu arvorar-se em representante de um executivo municipal composto por 7 elementos, cuja maioria (4 vereadores, que espelham as opções políticas da maioria do eleitorado eborense) não se considerava bem representada, não tendo por isso mesmo legitimidade para representar a Câmara de Évora, do ponto de vista político.
Ao que parece, segundo a decisão do Tribunal, também não o podia fazer, do ponto de vista legal. Velhos hábitos de (de)formação política que teimam em persistir, privilegiando os bastidores à transparência marcante de uma modernidade que se apregoa nas palavras e se bloqueia nos actos.
O PSD resolveu, bem a meu ver, evitar qualquer acordo de circunstância com o PS ou CDU, na medida em que tal violaria os compromissos eleitorais assumidos com a população de Évora, pois não dispõe o PSD de peso suficiente para influenciar directamente a eleição do Presidente da RTE, o qual viria sempre a ser, ou do PS ou da CDU.
Tal não significa que o PSD tenha abdicado dos seus princípios de respeito pelo interesse geral das populações que expressaram nas urnas as suas preferências e expectativas.
Esse é o motivo pelo qual se deve defender que ninguém, absolutamente ninguém, poderá querer representar o órgão colegial Câmara Municipal de Évora sem ouvir aqueles que o povo elegeu, na proporção que entendeu, para os representar.
Na Câmara Municipal de Évora não há maiorias absolutas.
A não ser que o PS de Évora e o Presidente da CME decidam mudar de atitude e resumirem-se ao seu devido lugar (minoritários no executivo municipal de Câmara), a questão de fundo continuará por resolver tantas vezes quantas as eleições repetidas que vierem a ocorrer.
Pelos vistos, não aprendem ...

2006-09-02

ENGANOS ...

O arauto da desgraça em tempos idos e da "mais que desejável" miragem recuperadora agora, que é o máximo do Banco de Portugal, não se cansa de fazer publicar relatórios sobre a suposta sustentada recuperação da economia nacional.

Eu, que percebo pouco do assunto mas aprendi a somar 2+2, escaldado pelos tempos em que os Governos de Guterres+Sócrates nos pretendiam fazer crer que é possível crescer sustentadamente em termos económicos com base apenas na variável consumo interno (num mercado pequeno como este), pergunto como cidadão desconfiado: e agora?

Como é que essa variável vai dar votos ao então Ministro Sócrates que permitiu de boca fechada o endividamento que hoje temos (acima das azinheiras como se diz no Alentejo) das famílias (quando era Ministro do refugiado Guterres)?

Por acaso o PM (com a experiência acumulada que tem) já avisou o país que em breve haverá novas subidas de juros e acréscimo substanacial dos encargos para as famílias, devido ao aumento das prestações mensais do crédito à habitação?

E como será então o comportamento da procura interna no crescimento económico?