É difícil não perder a esperança no futuro de um país onde há classes profissionais (e são muitas) em que uma parte dos seus elementos se consideram acima da crítica ou da necessidade de prestação de provas sobre o seu desempenho e sobre as suas atitudes.
Pensamentos e atitudes-tipo que é frequente observar numa parte dos seus membros:
- Que todos os outros tenham que ser submetidos a avaliação de desempenho? Quero lá saber, isso é para a função pública em geral, desde que não seja eu nem os meus colegas, não é matéria que me afecte;
- Que a idade da reforma tenha que ser aumentada para sustentar o pagamento de reformas futuras de quem ainda trabalha e desconta para a minha reforma que já aí está a chegar? Isso não é para já, pois o que me interessa é que esse aumento não ocorra nos próximos tempos, para que eu me possa reformar rapidamente, porque as reformas dos outros não me interessam;
- Que a previdência está falida? Quero lá saber, eu sou funcionário do Estado e ele tem que pagar a reforma. Se não chegar para todos, que fiquem os que trabalham para as empresas privadas a arder;
- Que alguém possa questionar o meu desempenho? Mas quem julgam eles que são? Com que direito? Percebem alguma coisa do assunto? Deveriam perceber que quem me paga é o Estado, não são eles, nem é com os seus impostos;
- Que todos deve assumir a sua quota parte na falência do sistema e reflectirem sobre o que podem fazer para o melhorar, de forma aberta e aceitando os contributos dos agentes e actores influenciadores do contexto? Não estão a ver bem o assunto: a culpa é dos sucessivos Governos, que só tomam medidas que prejudicam o funcionamento do sistema. Apesar de já terem sido tomadas medidas em todas a direcções e sentidos, não se consegue encontar uma única que não tenha prejudicado o sistema. Por outro lado, há agentes no sistema a quem nunca se poderá atribuir qualquer responsabilidade pelo funcionamento ou resultados do mesmo, porque na verdade, o sistema é assim mesmo, é o sistema e o resto é conversa;
- Que há pessoas que não se serviram da política nem dela nunca necessitaram para alguma coisa? Não acredito que a malta que anda para aí a levantar a coroa feitos espertos, que alguma vez conseguissem alguma coisa pelos seus próprios meios, não fosse a política. Isso é bom para mim, porque eles são sim uns medíocres que só sabem é dar palpites bacocos sobre o desempenho profissional da minha classe, porque têm inveja de não pertencerem a ela;
- Que há pessoas que reflectem sobre as coisas de forma desinteressada e são capazes de apoiar medidas e reformas, independentemente de quem as executa, por considerarem a sua justeza e necessidade para o futuro das próximas gerações, da melhoria do sistema e do país? Não acredito, essa malta tem é interesses pessoais e por isso há que tratar de lhes responder com ataques à sua pessoa e à sua vida profissional, para eles aprenderem a ficarem calados, porque o país está farto dessa malta que só atrapalha.
E assim continuará a ser, infelizmente para Portugal
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