A este artigo de opinião publicado no jornal "Expresso" deste fim-de-semana, aguardam-se reacções de alguns professores, certo de que serão menos ofensivas, em termos pessoais do que as que me dirigiram no Diário do Sul, fruto de vários equívocos nos quais alguns membros da classe teimam em mergulhar:
- 1º eqívoco: as políticas são definidas pelo Governo, traduzidas em planos de acção e medidas concretas pelos Ministérios, sustentadas em argumentação técnica e científica sempre que possível, seleccionadas por opções políticas. Quem se pronuncia sobre tais decisões, seja como cidadão, como agente ou actor político ou mesmo como membro de classe implicado pelo sistema de forma mais directa, não deverá constituir o alvo a abater pelos que se sentem prejudicados por tais medidas. Quem não o entende, não presta um contributo positivo à suposta defesa dos interesses daqueles em nome de quem se pronuncia;
- 2º equívoco: quando alguém se debruça sobre este tipo de matérias e decide pronunciar-se sobre elas publicamente, sustentando a sua argumentação no debate das ideias, não merece ser objecto de respostas de natureza pessoal, ofensivas e indignas de quem as corporiza, humilhando muito mais este que o primeiro, pelo carácter agressivo que se lhes coloca. Quem à discussão de ideias responde discutindo coisas mundanas ou, pior ainda, pessoas, desce ao mais baixo nível que se possa admitir em qualquer classe profissional. Quem não o entende, não presta um contributo positivo à suposta defesa dos interesses daqueles em nome de quem se pronuncia;
- 3º equívoco: quem assume tomar publicamente posição (o contrário da neutralidade indiferente de quem pretende passar pelos intervalos da chuva e parecer sempre bem com todos) sobre as matérias que afectam os modos de vida quotidianos e a nossa organização social, económica ou política, expõe-se publicamente à discordância, à oposição e mesmo, não raro, ao ressentimento de certas pessoas individuais ou colectivamente organizadas que não só não se revêem nas posições expressas como se sentem de certa forma afectados ou ao mesmos ameaçados pelas mesmas. Dada a existência de algum grau de organização colectiva da categoria profissional a que pertençam, tendem a seleccionar, incentivar e investir um dos seus membros mais visíveis e vulneráveis às debilidades que eles mesmos sentem ver expostas, na missão de resposta ao "estranho". Ao desferir o ataque contra o suposto agressor externo, o eleito provoca uma reacção de simpatia momentânea em seu benefício, criando-lhe a ilusão de uma concordância alargada com a sua posição geral no seio da classe, com a sua pessoa ou com as ideias que o mesmo decide não discutir, continuando o substancial das questões anteriormente colocadas, por discutir. Este é outro equívoco. Quem não o entende, não presta um contributo positivo à suposta defesa dos interesses daqueles em nome de quem se pronuncia.
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