2008-08-31

PREFERÊNCIAS NÃO SE DISCUTEM? BEM PELO CONTRÁRIO ...

Depois de mais um verão ao abandono de actividades culturais de animação urbana, qual cidade fantasma diariamente percorrida pelos turistas, Évora vê-se agora palco de uma iniciativa inédita, amplamente mediatizada, com impacto na imagem do concelho.
Mesmo os moderados que não sejam particularmente adeptos da causa nem fundamentalistas à sua objecção total, reconhecerão que fica por demonstrar tratar-se de um evento que contribua propriamente para a promoção da imagem de uma Évora de cultura junto dos turistas que a vistam e dos potenciais mercados de penetração do turismo cultural, numa altura de retracção da procura.

Ficará por demonstrar igualmente o benefício do evento para a necessidade de captação de investimento directo estrangeiro na instalação de fábricas aeronáuticas prometido diariamente pelo PS (especialmente durante as campanhas eleitorais).

Ficará por demonstrar o contributo do evento para a diminuição do custo da habitação prometida pelo PS para ancorar a fixação de quadros jovens que encontram hoje dificuldades acrescidas na compra de casa, pela especulação imobiliária que o PS não travou e antes ampliou.

Ficará por demonstrar o contributo do evento para a melhoria da qualidade de vida na cidade (fundamental para atrair população jovem, qualificada, que suporte aos investimentos previstos, que contrarie a continuada perda de população sentida) em matéria cultural onde a erosão prevalece com a extinção dos mais elementares serviços como o cinema, as inexistentes condições de prática desportiva, a degradação dos espaços públicos de lazer nos bairros, o definhamento do comércio, ...

Não havendo benefícios palpáveis para Évora, não se percebe o envolvimento de estruturas do PS no mesmo, com a já mediatizada vinda do líder da JS, concentrado no evento, em vez de outras preocupações que os eborenses prefeririam ver abordadas pelo ilustre visitante e pelo PS local.

As preferências de muitos eborenses e dos 551 desempregados que perderam o seu emprego entre o passado Julho e Dezembro de 2001, seriam pela explicação do aumento de 41% do desemprego em Évora, crescimento que é mais do dobro da descida verificada no Alentejo.

As preferências de muitos eborenses e dos 521 desempregados que, em Julho, contabilizam mais de um ano na procura de emprego, seriam pela explicação do porquê de serem hoje mais 50% que em Dezembro de 2001, quando no Alentejo são menos 39%.

As preferências de muitos eborenses e dos 321 desempregados qualificados em Julho, seriam pela explicação das razões pelas quais, apesar de habilitados com qualificação de nível superior, terem visto o seu número aumentar em 81% desde Dezembro de 2001, altura em que o PS ganhou a Câmara de Évora.

Preferências não se discutem? Bem pelo contrário.

2 comentários:

Alentejano disse...

Não será esta uma versão "alegre" do congresso do PS em Évora?
E um desfile de Gays na Praça do Geraldo!
Tanto que eles ambicionavam um congresso que agora querem mais que isso, um encontro ibérico, pois, porque do outro lado também os há, se há!
Mas, Évora como Lisboa ou outras, são cidades "mulheres a sério" e gostam de homens a sério, sejam eles católicos ou não. Com Tanto "Gay"por cá a cidade fica sempre frustrada mais conspurcada e mais triste.

Anónimo disse...

Edição Especial – Setembro 2008 20:16 05/09/08
Edição Especial – Setembro 2008
Skylander voa para França
A GECI International anunciou ontem, ao final da tarde, em comunicado à bolsa de Paris, o lançamento oficial na Região da Lorena do programa Skylander, após uma reunião entre o presidente da GECI, Serge Bitboul, e Jean-Louis Borloo, ministro de Estado, da Ecologia, da Energia, do Desenvolvimento Sustentável e do Ordenamento do Território.



“Perante a oportunidade proposta pelo Estado [francês] e pela Região da Lorena de instalar esta nova indústria aeronáutica em Chambley-Bussières e a vontade de respeitar o nosso calendário de projecto, procedemos à relocalização do programa. A GECI Internacional conta apoiar-se numa rede de parceiros industriais e espera integrar franceses, portugueses e outros europeus”, afirma Serge Bitboul.

“Estamos orgulhosos do apoio oferecido pelo Estado e pela Região da Lorena para o lançamento do programa Skylander. Com a tomada de participação na Reims Aviation Industries, a GECI Internacional reforça a sua lógica industrial e afirma vontade de se tornar o novo actor no mercado do turbo propulsor ligeiro”, conclui o presidente da GECI.

Jean-Louis Borloo e o secretário de estado responsável pelo Ordenamento do Território, Hubert Falco, já felicitaram a decisão tomada pelo conselho de adminstração da GECI International. Para o ministro de Estado, "este projecto permitirá consolidar um tecido industrial sólido e com grande desempenho, entre outros aspectos".

França ganha “guerra económica”, com inteligência

O voo do Skylander para França é um claro sinal da falta de inteligência competitiva de uma burocracia de estado, sem inteligência e, portanto, sem estratégia e sem capacidade de decisão para o desenvolvimento económico e que não só não sabe o que quer fazer como não deixa fazer. As "dúvidas" portuguesas (de facto, manifestações de ignorância pura e dura) sobre a importância e qualidade do projecto não as teve Nicolas Sarkozy. A Espacialnews sabe que o governo francês contactou a GECI no início de Agosto e em três semanas resolveu o assunto que em Portugal as autoridades não conseguiram tratar em mais de quatro anos, perdendo assim esta “guerra económica”.

A "guerra económica" é isto: a região da Lorena e o Estado Francês conseguiram 'sacar' a Portugal e a Évora um excelente projecto económico... Não por falta de boa vontade do investidor francês que tem adiado sucessivamente o projecto face aos atrasos portugueses, fiel à decisão de concretizá-lo em Évora.

Assim fica provado, mais uma vez, aquilo que a Espacialnews tem defendido, desde há anos: não é possível qualquer "choque tecnológico" sem estruturas de inteligência competitiva e sem a existência de "fundos" especificamente alocados à inovação e geridos por profissionais competentes... Sem isso, o "choque tecnológico" é uma miragem.

Ao que a Espacialnews pôde apurar, esta decisão da GECI deve-se ao facto de o desenvolvimento do projecto em Évora, nos prazos definidos, se ter tornado impossível face aos entraves e outras questões absurdas colocadas pela burocracia portuguesa, encarregue de dar seguimento ao projecto, já há muito classificado como Projecto de Interesse Nacional.

Face a estas dificuldades (que eram do conhecimento do gabinete de Sarkozy em todo o seu detalhe...), a GECI Internacional não teve outra opção... O conselho de administração da GECI, face à proposta escrita e calendarizada do governo francês (com um prazo de resolução de três semanas, até ao fim de Agosto!), decidiu aproveitar a oferta do governo Sarkozy e transferir o projecto para a Região da Lorena, até para não pôr em causa as mais de 600 intenções de compra do Skylander já registadas.

Quanto ao modo como o mercado recebeu esta decisão, bastará ver a evolução em bolsa, hoje, das acções da GECI e a evolução nos últimos dois dias da sua participada Reims Aviation.

Como epílogo desta triste história, registe-se que a burocracia de estado, com Basílio Horta à cabeça, tem aqui um excelente episódio para descobrir o que é isso da "guerra económica global" e como essa "globalização" exige inteligência competitiva e impõe tempos de decisão muito curtos... Agradeçam, se fazem favor, esta lição de Sarkozy....

"Uma notável oportunidade para o tecido industrial da Lorena"

O presidente do Conselho Regional da Lorena, Jean-Pierre Masseret, salientou ontem que o Skylander “constitui para a nossa região uma notável oportunidade para estimular o seu tecido industrial, nomeadamente no domínio da construção aeronáutica”.

A Região da Lorena ajudará à instalação, em Chambley, das actividades do gabinete de estudos e actividades industriais do projecto e mobilizará o tecido industrial e financeiro regional.

Um grupo-projecto, dirigido pela Direcção do Ordenamento do Território (DIACT), a Região Lorena e a sociedade GECI International, foi já constituído e os primeiros trabalhadores vão chegar a Chambley antes do fim do ano, a partir de Novembro.

Sobre a GECI International

Há mais de 25 anos que o grupo exerce as suas actividades de consultadoria e desenvolvimento de engenharia de alta tecnologia, com uma presença privilegiada no universo dos transportes e da aeronáutica. Aliando conhecimento, excelência e inovação, o grupo, constituído por 700 trabalhadores e presente em mais de 10 países, participa em todo o mundo nos maiores programas aeronáuticos. Parceiro privilegiado dos maiores construtores, a GECI International capitaliza a sua experiência e know-how técnico para oferecer ao mercado conceitos e produtos próprios inovadores.

A GECI Internacional possui a certificação de “Empresa Inovadora” pelo OSEO/ANVAR.

Sobre a "guerra económica global"

Ecole de guerre économique - 3ème cycle en intelligence économique
Interview de Christian Harbulot dans le journal portugais TDS News...

Christian Harbulot: "De la guerre économique à la guerre de l'information"

Entrevista a Alice Lacoye Mateus, investigadora da École de Guerre Éconómique

A École de Guerre Économique traz a Portugal “Inteligência Económica”

"Guerre économique", revue Géoéconomie