Perante as calamitosas notícas, o Governo, ao invés de reflectir em profundidade sobre a eficácia das suas medidas e as causas reais do que está a contecer, reage de forma indiferente e com a única e exclusiva preocupação de evitar danos eleitorais. Repare-se na notícia do jornal Correio da Manhã:
Números Eurostat - Doutores sem trabalho
O Eurostat, gabinete de estatística da União Europeia, lançou ontem o pânico entre os governantes portugueses ao anunciar que a taxa de desemprego em Outubro era de 8,5 por cento, colocando assim o nosso país no terceiro lugar entre os 27 Estados da UE.
Apesar da “correcção” anunciada ao início da noite, a verdade é que o desemprego continua a aumentar em Portugal, com particular incidência entre os jovens licenciados.
Segundo os números do terceiro trimestre divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 64 700 portugueses com formação académica superior estavam no desemprego no final de Setembro. Mais 10 700 sem trabalho do que no mesmo mês de 2006 e mais 14 mil do que no trimestre que findou em Junho.
A taxa de desemprego entre os indivíduos com habilitações académicas superiores era, no terceiro trimestre, de 8,3 por cento (que compara com 6,5 por cento registado no segundo trimestre), com as mulheres a serem mais penalizadas – há uma taxa de desemprego de 9,6 por cento entre as universitárias.
Em relação aos números divulgados ontem pelo Eurostat – e depois de corrigido o erro – a taxa de desemprego em Portugal em Outubro foi de 8,2 por cento.
Fonte comunitária explicou à Lusa que o “desvio” de 0,3 pontos percentuais se terá devido a erro humano, designadamente ao facto de não ter sido tomado em conta o inquérito sobre as forças de trabalho. Deste modo, ao contrário do anunciado anteriormente, a taxa de desemprego não aumentou 0,2 pontos percentuais em Outubro face ao mês anterior, tendo, pelo contrário, descido ligeiramente (0,1 por cento). Este erro, precisou a mesma fonte, não altera os valores globais para a Zona Euro, onde a taxa de desemprego, corrigida das variações sazonais, estabilizou nos 7,2 por cento em Outubro, face aos 7,3 por cento verificados em Setembro.
O valor avançado pelo Eurostat relativamente a Portugal levou todos os partidos da oposição a pedir explicações ao Governo sobre o aumento da taxa de desemprego que se teria verificado em Outubro.
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PSD QUER MUDANÇA
Hugo Velosa, do PSD, defende que só com “outra política” o número de desempregados poderá começar a descer
PCP ACUSA GOVERNO
Jerónimo de Sousa, líder do PCP, acusou o Governo de ter uma política “desastrosa” e centrada na redução do défice
CDS APONTA EMPRESAS
Paulo Portas disse as empresas é que criam os empregos, sublinhando que “hoje o clima não é favorável ao investimento”
BE EXIGE EXPLICAÇÕES
Francisco Louçã exigiu ontem a José Sócrates que discuta no Parlamento os números do desemprego EUROSTAT VAI REVER
O ministro da Presidência, Silva Pereira, congratulou-se pela revisão dos dados do desemprego realizada pelo Eurostat
A posição do Ministro da Presidência é inacreditável e bem esclarecedora da insensibilidade do Governo. Daí que surja bastante adequada, na mesma edição do Correio da Manhã, a reacção do jornalista e as interrogações que levanta:
O Governo manifestou-se ontem “satisfeito” com a correcção feita pelo Eurostat em relação aos números do desemprego.
A taxa já não era de 8,5 por cento... passou para 8,2. Mas existem razões para tanta satisfação quando mais de 64 mil jovens licenciados não encontram ocupação para as sua habilitações?
Existem razões para satisfação quando foi o próprio Governo que prometeu a criação de 150 mil novos empregos e tem mais de 440 mil desempregados registados?
Não podemos rejubilar porque um organismo comunitário errou e em vez de nos colocar como campeões do desemprego da Zona Euro nos colocou atrás da Grécia, que tem uma taxa de 8,4 por cento. O erro de ontem pode ser a certeza de amanhã. Então ninguém manifestará qualquer satisfação.
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