O anterior Presidente da República, zeloso guardião do reinado socialista, recordava no anterior governo PSD/PP que havia mais vida para além do défice, dando assim uma substancial ajuda à oposição socialista que criticava todos os dias aquilo que considerava uma obsessão do Governo pelo combate ao défice das contas públicas, acusando-o de esquecer outras áreas fundamentais à governação do país.
De um momento para o outro, como já nos habituou uma certa área política, a obsessão pelo défice a que o pacto de estabilidade obrigava Portugal na União Europeia tornou-se um desígnio nacional inquestionável. Compreende-se em parte pelo facto de ter sido metade do actual Governo, incluindo o Primeiro-Ministro, os principais responsáveis pelas dificuldades a que o anterior governo e agora este, tiveram que submeter os portugueses, para corrigirem o descalabro das finanças públicas. Por isso e, só por isso, estão desculpados.
Mas, isso seria aceitável se os portugueses estivessem perante um governo humilde, mas, o que vemos é o contrário.
O investimento público deste ano, a despesa onde é mais fácil cortar, foi sacrificado em 330 milhões de € para ajudar a correcção das contas públicas e a redução do défice até aos valores agora conhecidos e calculados segundo métodos diferentes do que acontecia no anterior governo.
Ora, embora não seja nem deva ser decisivo, o investimento público representa ainda assim um factor importante no crescimento económico nacional, considerada uma despesa virtuosa, nomeadamente quando o investimento privado não descola antes se retrai e as empresas se deslocalizam todos os dias em sentido desfavorável. Mas, para cumprir as metas do défice e acelerar a consolidação orçamental, objectivos que o PS criticou ao governo PSD/PP, este governo corta na despesa pública (saúde, ensino superior, educação, …) e aumenta bastante a carga fiscal sobre os contribuintes.
Se é bem verdade que, mesmo sem Sampaio o referir, a vida continua para além do défice, também é verdade que é agora bastante mais difícil: o desemprego atingiu os valores mais altos de que há memória nos últimos 20 anos e ameaça agudizar-se enquanto problema do próximo ano, segundo a OCDE e outros organismos internacionais, sem que se vislumbre capacidade de inversão da tendência, nem mesmo a assunção da gravidade do problema.
José Sócrates vociferava demagogicamente contra o Governo PSD/PP no início de 2005, quando a taxa de desemprego era de 7,1%, sinal de uma crise social muito significativa e consequência de uma governação falhada. Prometeu que Portugal criaria empregos suficientes para baixar o desemprego, mas tal não parece ter acontecido, antes pelo contrário.
Parece que a “emenda foi pior do que o soneto” e que a gravidade deu um passo ao fundo durante a governação socialista.
Ficaremos à espera que os actuais governantes sintam novamente o pântano ou sua proximidade?
Já é a segunda vez e sempre do mesmo lado… Nem bons ventos…
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