2007-10-27

EM DEFESA DE ÉVORA - EXIGE-SE MAIS

Nas últimas décadas, à semelhança de muitos outros agregados urbanos nacionais e ibéricos, uma boa parte da base económica de Évora consolidou-se em torno de um sector terciário de vocações comerciais e administrativas. A este movimento de terciarização da economia e do emprego locais e regionais, não foram indiferentes as decisões de desconcentração de serviços da Administração Pública Central.
A centralidade geográfica de Évora jogou um papel fundamental em proveito da localização de muitos desses serviços públicos, dinamizando a Cidade como capital administrativa do Alentejo, tornando-se, por essa via, o centro de muitas deslocações no seio da Região.
Dos apregoados objectivos políticos do governo socialista de melhoria da eficiência administrativa do aparelho estatal, esperar-se-ia a modernização de equipamentos e serviços públicos regionais, bem como a formação de sinergias a partir daquela oferta local e regional, enquanto vector complementar de desenvolvimento por um lado, mas também como vantagem competitiva na captação e fixação de variados recursos (investimento externo de impacte tecnológico, quadros altamente qualificados, novos habitantes promotores da revitalização demográfica, …), tão caros à sustentação de processos de alavancagem do desenvolvimento nas regiões de baixa densidade do interior.
Neste contexto, nenhum governo, de nenhuma força política, ousou até hoje diminuir e menos ainda destruir a centralidade administrativa regional de Évora, por se entender que a mesma constitui um factor de diferenciação e desenvolvimento de Évora. Antes pelo contrário, observou-se mesmo o seu reforço durante o último Governo do PSD (mudança de Lisboa para Évora da Secretaria de Estado da Cultura), apesar da desvalorização do acto que o Presidente da Câmara de Évora então manifestava. Nunca, até hoje, assistindo-se agora à destruição política do pilar administrativo de Évora, evidente na extinção dos Serviços Distritais de Finanças e da Região de Turismo de Évora, na transferência dos serviços do IFADAP e da Autoridade para as Condições de Trabalho, do Instituto Português da Juventude e do Instituto de Desporto de Portugal, pondo em causa o desenvolvimento e sustentabilidade do concelho de Évora.
Ora, o que se estranha é o silêncio e a passividade dos actores e agentes políticos locais, que mais parecem coniventes com os princípios subjacentes às prejudiciais decisões do Governo ou, no mínimo envergonhados por estas, especialmente os deputados eleitos pelo distrito de Évora, os representantes distritais do Governo, os membros do Governo, os dirigentes de topo da Administração Pública desconcentrada, ….
A Câmara de Évora, apesar de gerida pelo PS, assiste também passivamente ao esvaziamento administrativo de Évora pelo Governo do mesmo partido, tendo sido necessária a iniciativa do vereador do PSD, na defesa dos interesses de Évora e das suas populações, para aprovar uma moção de contestação ao Governo.
É importante, mas certamente insuficiente, em defesa de Évora.

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