2007-09-12

O TURISMO PODE MUDAR O ALENTEJO

O Turismo pode mudar o Alentejo, mas não será fácil nem automático, há que tomar consciência disso.

Não será fácil a mudança duma região pobre da Europa, com deficientes estruturas, poucos trabalhadores e quadros qualificados, sem atractivos ambientais e turísticos diferenciadores (com excepção do lago criado pela albufeira da barragem), na sua transfiguração em área de turismo de alta qualidade, em pouco tempo, daí o atraso dos supostamente “miraculosos” efeitos das valências de Alqueva (EFMA) para o Alentejo.

Um novo destino turístico que se pretenda posicionar nos mercados nacional, ibérico, europeu e mundial, partindo e surgindo do nada, levará anos a lançar e décadas a posicionar, segundo muitos especialistas do sector. Além disso, toda a área de influência do Alqueva, é uma área rural, território de baixa densidade em várias dimensões, sem investimento de raiz e cariz local durante várias décadas, mesmo com 3 QCA’s.

Por um lado, urge uma correcta identificação do tipo de incentivos ou acções de base local necessários para que a região desenvolva e fertilize a emergência de iniciativas empresariais de pequena dimensão, negócios de natureza familiar, com vista ao fornecimento e complementaridade dos grandes investimentos e projectos turísticos previstos para o regolfo do Alqueva.

Por outro lado, ao nível da geração de emprego e sua relação com a disponibilidade de recursos humanos locais, será importante determinar de que forma a região pode beneficiar de alguma complementaridade e construção de capacidade de abastecimento local, de forma activa, agressiva e antecipada na oferta.

Não menos importante será desenvolver estratégias locais de adaptabilidade a um conjunto de iniciativas empresariais externas que possam servir ao escoamento e ocupação profissional de uma parte do maioritário perfil de RH que não será certamente absorvido pelos modernos e exigentes empreendimentos turísticos a construir, dada a sua natureza de marcado e adiantado envelhecimento demográfico, com elevado atraso e desfasamento no que se refere às qualificações profissionais e às habilitações escolares.

Para além de ter de contornar a previsível dificuldade de encontrar capacidade de resposta para preencher os milhares de postos de trabalho que se prevê sejam criados em resultado dos investimentos turísticos previstos para a área do EFMA (nos próximos 10 anos, o turismo alentejano poderá vir a precisar de, pelo menos, o dobro da mdo que neste momento trabalha no sector (cerca de 11.000 trabalhadores), o Alentejo terá ainda um dilema de diferente natureza: garantir uma estratégia de turismo sustentável, que deverá obrigatoriamente ter em linha de conta a necessidade de promoção das actividades tradicionais e de cariz local, que permitam valorizar a identidade regional e preservar os valores culturais e a sua salvaguarda para as gerações vindouras.

Sem comentários: