Cavaco Silva foi reeleito à primeira volta com vitórias em todos os distritos do país e em muitos dos concelhos e freguesias onde antes não tinha sido vencedor. Apesar da campanha suja e repugnante, dos ataques de tristes figurantes do Governo, do partido que o sustenta e da designada “esquerda caviar”, certo é que obteve mais 800.000 votos que a soma dos candidatos da área socialista (Alegre e Nobre), os quais perderam, tal como Cavaco, meio milhão de votos do resultado das eleições de 2006 (se somarmos igualmente aí os votos obtidos por Alegre e Soares). Mas, a este decréscimo, há que juntar ainda os 288.733 votos obtido por Francisco Louça em 2006, somando assim ¾ de milhão a perda de votos de Alegre+Nobre relativamente às anteriores eleições presidenciais.
Bem podem os controleiros de opinião e de imprensa ao serviço do governo desvalorizar a vitória de Cavaco atirando com a abstenção e o número de votos expressos, que não encontram mais que a escolha clara do eleitorado do PSD e do PP e a desconfiança com os candidatos da área do PS, sendo que esses é que necessitavam de mobilizar eleitores para conseguirem passar à segunda volta. Poucos são os cantos do país onde Cavaco não ganhou, mesmo naqueles onde a abstenção foi igualmente elevada.
Por isso, a abstenção é em boa parte da responsabilidade dos opositores a Cavaco, mais do que deste e, a expressão elevada dos seus valores em nada lhe diminui a legitimidade para ser efectivamente mais activo e actuante neste segundo mandato, tal como Sampaio o foi, igualmente eleito com cerca de apenas 25% dos votos dos portugueses, que ainda assim dissolveu um parlamento onde havia uma maioria estável com legitimidade democrática para governar.
Mais clara fica ainda a situação se atendermos às recentes contas divulgadas na imprensa e não desmentidas, de que afinal figuram nos cadernos eleitorais cerca de 1.250.000 mortos e emigrantes (apesar da reestruturação da Administração Pública e do Simplex que o governo socialista diz ter feito), o que atira a expressão da abstenção para valores próximos dos 46%, um valor perfeitamente razoável nos dias que correm. Não se consegue acrescentar com precisão a este valor o peso dos que não puderam votar por obra e graça do Plano Tecnológico que concebeu o CC exclusivamente para efeitos de propaganda e por isso mas esqueceu o equipamento acessório de leitura do mesmo.
Todos concordarão que se espera isenção, independência, coesão e estabilidade neste mandato, a que o Presidente da República sem dúvida não deixará de atender como antes fez, mas também será de aceitar que possam os mesmos não resistir à frequência com que o Governo repete asneiras que arrastam o país para a desgraça financeira e económica. O interesse nacional será certamente o guia da actuação e a âncora da magistratura deste Presidente da república, pelo que, nesse sentido, representa este segundo mandato uma esperança de competência face aos ameaçadores efeitos da crise, que o Governo não consegue inspirar.
Depois das tentativas de difamação a que foi sujeito nesta campanha, cabe a Cavaco exigir de uma vez por todas que a verdade sobre a situação do país seja transmitida pelo Governo a cada momento aos portugueses, com objectividade e transparência, sem propaganda que iluda os mercados financeiros e nos acarrete mais tarde acrescidos encargos de dívida agora escondidos, a que os Governos socialistas nos habituaram com várias das PPP como é o caso das SCUT.
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