2010-12-03

AEROPORTO DE BEJA: OUTRO ELEFANTE ROSA


A comunicação social divulgou amplamente o Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas sobre o novo Aeroporto Civil de Beja, destacando a incerta viabilidade económica do empreendimento, por um lado e, por outro lado, as derrapagens dos custos de construção, por erros e deficiências na execução e gestão do projecto, bem como a frágil contestação socialista ao mesmo relatório, por não conseguir desmentir as mais elementares peças de informação, nem o clima de incerteza existente.

Do ponto de vista da viabilidade económica, aponta-se a discrepância entre a vocação inicial da unidade aeroportuária e as actividades económicas que entretanto não se desenvolveram a montante do empreendimento, que não o acompanharam e cuja indução pelo mesmo podem agora estar em causa, bem como o fraco impacto sobre a criação de emprego na fase de construção, a única até agora decorrida, ao longo de 10 longos anos.

A derrapagem no tempo de execução do projecto resulta agora num impasse quanto à operacionalização, pela perda de oportunidade enquanto plataforma logística de carga para o comércio com a China, bem como quanto ao transporte de passageiros, devido a uma requalificação e operacionalização acelerada das unidades espanholas da Estremadura. O resultado é a falta de operadores interessados e a inexistência de acessibilidades rodoviárias ou ferroviárias adequadas.

Ora, o relatório do TC apenas vem confirmar o que todos sentem em relação aos grandes projectos públicos e que ninguém contesta, por se considerar politicamente incorrecto, antipatriótico, pessimista ou resistente à modernidade: que a elevada dependência da evolução de um substancial conjunto de variáveis económicas, regionais e nacionais, permite justificar a construção e desculpar o falhanço dos mesmos.

O que não deveria ser permitido é a ausência de desresponsabilização dos decisores que se baseiam nos estudos que constroem apenas cenários forçadamente optimistas para todas essas variáveis, porque apenas aumentam a desconfiança sobre a credibilidade dos mesmos estudos e sobre a sua necessidade: veja-se a implicação de actuais e ex-governantes socialistas nas equipas desses estudos e os pornográficas montantes que os governos socialistas repetidamente gastam todos os anos em estudos e consultorias para justificarem tudo e o seu contrário quanto à viabilidade das grandes obras públicas e às parcerias público-privadas.

Quem não se recorda das centenas de estudos que asseguravam a viabilidade económica e financeira do aeroporto da OTA, realizados por protagonistas que conseguem o mesmo feito para a nova localização, alterada por decisão meramente política? O desrespeito dos governantes socialistas pelo dinheiro dos contribuintes assenta desde logo nesses estudos à medida, que viabilizam economicamente e rentabilizam financeiramente todos os grandes projectos e obras públicas que os socialistas pretendam construir, mesmo quando não sentidas como necessárias.

Foi assim com a construção dos estádios de futebol Euro 2004 e os catastróficos resultados no endividamento das autarquias que hoje as sufoca financeiramente, foi assim com as PPP para os novos hospitais que conduziram à actual situação de falência do Serviço Nacional de Saúde, foi assim com as SCUT que se pagavam a si próprias e cujos custos são hoje responsáveis pela situação de pré falência do país e, será de esperar o mesmo com o TGV.

A esta propaganda socialista, sem qualquer seriedade quanto ao futuro do país, das famílias e dos portugueses, nem pelas regras de um planeamento responsável, junta-se ainda a ruinosa gestão socialista que se prolonga pela fase da construção, acumulando derrapagens financeiras gritantes. Os atrasos, os erros de construção, os trabalhos a mais, as omissões, as correcções e rectificações, os custos de manutenção do que ainda não está operacional, são apenas exemplos de gritantes derrapagens financeiras que em todos os projectos executados pela governação socialista geram uma desconfiança crescente devido ao descaramento, à falta de responsabilização pelos erros e ao total desrespeito pelos contribuintes.

Uma democracia madura não pode tolerar situações de tal gravidade e que se repetem tantas vezes, sob pena de se auto enfraquecer a cada caso que acontece e de permitir a deterioração da legitimidade democrática que decorre da relação entre a sociedade e os seus representantes políticos. Que respeito esperam merecer os governantes que não assumem as suas responsabilidades pelos erros cometidos e ainda ousam desafiar e provocar os eleitores quando questionados sobre as suas opções e acções?



























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