José Sócrates apresentou recentemente os projectos turísticos previstos para o Alentejo Central. A opção turismo, no seu entender, é compatível com o desenvolvimento sustentado numa região como o Alentejo?
Do ponto de vista económico, a opção pelo turismo permite a estruturação e o relançamento das dinâmicas de desenvolvimento regional e local no Alentejo e contribui para a sua sustentabilidade económica, decorrente do facto de as actividades turísticas representam uma considerável percentagem do PIB, da ocupação directa e indirecta de pessoas, bem como do volume global de emprego.
O Turismo contribui, efectivamente e de forma decisiva, para a sustentabilidade económica, social e ambiental dos processos de desenvolvimento nacional e regionais, considerando a sua capacidade de gerar riqueza, criar postos de trabalho, estimular o desenvolvimento regional, para além de contribuir para a protecção e valorização do património natural e cultural.
No fundo, o turismo permite a criação de riqueza a custos mais baixos e de postos de trabalho a um ritmo mais elevado que a maioria das restantes actividades económicas, a criação de oportunidades de emprego dirigidas a vários e diversificados grupos sociais, entre eles os mais vulneráveis face ao mercado de trabalho, faculta às regiões menos desenvolvidas e periféricas como o Alentejo uma oportunidade efectiva de progressão e afirmação económica, contribuindo por isso para a coesão económica e social nacional, para além de poder contribuir para a protecção e melhoria do ambiente natural e cultural e, em consequência, para a sustentabilidade do crescimento económico e do desenvolvimento regional.
Mas, enquanto a intensificação da concorrência internacional e inter-regional obrigará os operadores e agentes turísticos nacionais e regionais a adoptarem procedimentos que influenciem, a seu favor, os movimentos e as escolhas dos destinos turísticos, através da criação de produtos e serviços inovadores, diversificados e diferenciados, há que encontrar mecanismos de regulação que garantam o respeito pela sustentabilidade ambiental e a valorização do património cultural, tendo em conta que o turismo tanto pode contribuir de modo positivo para o desenvolvimento sócio-cultural de uma região, como pode igualmente contribuir para a deterioração do ambiente e para a perda da identidade local.
Seja qual for a região ou território, o turismo depende sempre, em primeiro lugar, dos recursos primários existentes, nomeadamente o património cultural e natural, de cuja preservação dependerá, a prazo, a sustentabilidade da actividade. Ora, nesta perspectiva é justa a perspectiva que considera que os recursos turísticos pertencem ao património comum da humanidade e que as comunidades dos territórios onde eles se situam têm face a eles direitos e obrigações especiais, devendo as políticas e actividades turísticas ser desenvolvidas no respeito pelo património artístico, arqueológico e cultural, competindo-lhes a sua preservação e transmissão às gerações futuras.
Nesta linha, deve ser tomada em consideração a perspectiva de que “o conjunto dos actores do desenvolvimento turístico têm o dever de salvaguardar o ambiente e os recursos naturais, na perspectiva de um crescimento económico são, contínuo e sustentável, capaz de satisfazer equitativamente as necessidades e as aspirações das gerações presentes e futuras”.
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