A mediática apresentação do futuro Aeroporto na OTA deixou-me muitas dúvidas e interrogações sobre as certezas que o Governo diz ter relativamente ao projecto:
- Em primeiro lugar, no que toca aos efeitos e impactes sobre o turismo cultural, de congressos e eventos na região de Lisboa, os dados disponíveis não são claros, nem parecem suficientemente fundamentados. Os debates sobre a matéria que nos foi possível observar durante a semana, revelam um elevado cepticismo dos agentes turísticos lisboetas e respostas evasivas dos responsáveis políticos, baseadas em palpites e exemplos de outros países e capitais europeias, mas sem conseguirem estabelecer os paralelismos adequados nos planos em que a discussão se situa;
Como se não fosse suficiente a incerteza do impacte (admitido por todos como negativo, sendo indeterminado o grau) da distância do novo aeroporto à capital, sobre o turismo da região de Lisboa, ainda chega a insistência do Ministro na deslocalização e afastamento de mais uma fatia significativa dos potenciais clientes regionais para uma distância de 200 km ("low-cost" para Aeroporto de Beja).
- Em segundo lugar, a dimensão do projecto e a grandeza do investimento são simplesmente assustadoras. Invoca-se que o investimento tem retorno e que se paga a si mesmo. Pois essa é a grande ameaça, especialmente quando contamos entre os defensores desse pressuposto quem já se enganou tanto anteriormente, como acontece com João Cravinho e o caso das SCUT que se estão a pagar sim à custa da subida dos impostos sobre todos nós. Quem vai fechar a porta a seguir? Isto, para já não falar na comparação entre a dimensão do projecto face às projecções de crescimento das actividades turísticas em Portugal e Espanha e os investimentos projectados para aeroportos como Málaga, por comparação com Lisboa;
- Por último, as experiências recentes, no que toca à megalomania com os estádios de futebol para o Euro 2004, acarretam novas fontes de intranquilidade, já que, também aí se previam efeitos de monta sobre a economia nacional mas observamos que logo que o evento acaba, para além dos monstros de betão nada mais resta em algumas das regiões (como é o caso do Algarve) enquanto que a economia entra em recessão e o desemprego dispara com tendência a manter um padrão elevado durante alguns dos próximos anos, indiciando o falhanço das previsões sobre os efeitos estruturantes na economia.
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