- Hoje em dia, muito do recrutamento e a promoção para as empreass privadas e para os serviços públicos (especialmente os autónomos e outros com margem de manobra ao nível local para contratação a termo certo) tem ou não em conta o grupo de pertença, a prevalência da relação face à tarefa, em vez de se basear nas competências e nas regras? O que mudou substancialmente?
- A pertença das pessoas a um grupo legalmente constituído e socialmente reconhecido continua ou não a ser uma das poucas formas de participação (e de intervenção na influência dos contextos circundantes) na distribuição do leque de benefícios passíveis de acesso, numa lógica de lealdade em troca de protecção? O que mudou suibstancialmente?
- Hoje em dia, não continua a ser valorizada a manutenção da harmonia formal (o tal país de brandos costumes) em vez de cada um dizer o que pensa? A harmonia e o consenso social não continuam a ser metas fundamentais, em vez da autorealização do indivíduo, originando uma subordinação eterna e leal ao influenciador da empregabilidade pela "cunha"? O que mudou sustancialmente?
- Hoje em dia, não continuamos a aceitar que todos devem ser modestos, a condenar o sucesso dos que nos são próximos, continuando a rejeitar como norma o estudante e o profissional excelente? O insucesso escolar e a negligência ou o erro profissional não continuam ser considerados erros menores? O que mudou substancialmente?
Nos aspectos essenciais, profundos, enraizados e fundamentais da nossa cultura, aquels que marcam os traços da nossa matriz e que continuam a ser transmitidos nas nossas escolas, em que nos diferenciamos hoje, em termos de quadros e programação mental, do que acontecia antes de Abril de 1974?
Muitos dos que estão a ler, certamente estarão indignados com as palavras, porque lhes tocam a sério e fundo na realidade do quotidiano. Mas, ... uma coisa é a realidade e outra o que gostaríamos que ela fosse, mais ainda aquela visão do Portugal de futuro (que seria hoje) que venderam à minha geração na escola, numa visão utópica que é realmente apenas e só isso, contrastada com a realidade: utópica.
Em que medida contribuiu a nossa integração na Europa Comunitária para nos preparar cultural e mentalmente para os grandes desafios que devemos enfrentar num mundo global que cada vez menos funciona com estas referências? Fazemos realmente parte de uma Europa estruturada num eixo Oeste-Leste onde tende a imperar uma modernidade intelectual integrante do eixo norte-sul?
Em que medida tal integração e os milhões diariamente recebidos e gastos constribuiram para nos diferenciar da América do Sul, da África Ocidental e Oriental, das mais pobres regiões da Ásia, onde estes quadros mentais ainda hoje predominam?
É certo que, historicamente, esta forma de pensar e de encarar o mundo é muito característica da Europa do Sul, bem como de outros países mais desenvolvidos em que fertilizaram regimes totalitários, vulneráveis ao crescimento do fundamentalismo e intolerâncias religiosas, políticas e ideológicas. Mas, também é verdade que muitos desses outros países, bem perto de nós, partindo do mesmo estadio e influenciados pelas mesmas circunstâncias deram um salto substancial e se libertaram de tais estigmas...
E nós? A sondagem espelha bem como ainda pensamos e, mais, como funcionamos mentalmente e como agimos quotidianamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário