2009-02-16

UM GOVERNO SEM CRÉDITO E UM PAÍS SEM RUMO

Os dados do INE divulgados na passada semana confirmam o que estava à vista de todos e era mais que evidente: a acentuada recessão da economia portuguesa já no 4º trimestre de 2008.

Enquanto a evidência se impunha no final do ano passado, o Governo teimava demagogicamente no contrário, fazendo aprovar no Parlamento um Orçamento de Estado para 2009 baseado em pressupostos irrealistas, por todos os partidos da oposição denunciados.

Confesso que nunca me tinha dado conta que em algum país desenvolvido da União Europeia fosse possível assistir a tão triste espectáculo, digno de outras partes menos desenvolvidas do planeta, totalmente desprestigiante para uma Assembleia da República que deveria representar os mais intocáveis valores da dignidade política nacional.

Que credibilidade pode merecer um governo que após tão triste espectáculo se permite outro igualmente degradante, de ir ao mesmo parlamento um mês depois, defender a necessidade de rever os pressupostos de um Orçamento de Estado que todos tinham apontado como errados, com a tranquilidade dos idiotas que se julgam imunes às das críticas? A demagogia tem limites mas, mesmo que fosse admissível tal irresponsabilidade, não o é certamente o facto de a mesma apenas servir os interesses de apego ao poder pelos que o exercem. O futuro do país é demasiado valioso para ser sacrificado ao interesse particular de um bando de oportunistas e seus seguidores.

Veja-se a vergonhosa figura daquela “ave rara” sempre de asas abertas que ocupa a cadeira de Primeiro-Ministro, armado em “Robin dos Tolos” como lhe chama MST, pouco incomodado com as sumptuosas festas de inauguração de auto-estradas de duvidosa justificação, a custas dos impostos recolhidos antecipadamente de empresas que pagaram a mais e que esperam anos pela sua devolução, dos vários milhões de Euros que o Estado não paga às pequenas e médias empresas que lhe fornecem serviços, as quais sustentam ainda, com os contribuintes particulares, os desvairos das ajudas públicas a bancos em dificuldades em consequência de fraude e não da crise financeira internacional.

Acrescente-se a demagogia de um Primeiro-Ministro que para distrair as atenções dos maus resultados do desempenho da economia a publicar pelo INE vem, na mesma semana, anunciar um corte nas deduções fiscais para os “supostos ricos” e que são os trabalhadores por conta de outrem que ainda (dos poucos que restam) pagam impostos, sem qualquer consequência ou impacto visível na arrecadação de receitas, como denunciam vários insuspeitos fiscalistas da área política do PS.

Em contrapartida, por detrás do pano mediático do desacreditado chefe do Governo, assistimos à confirmação da desconfiança de que o desbarato eleitoralista de 2009 se pagará caro no futuro, sempre à custa dos mesmos: os contribuintes cumpridores e já mais que sobrecarregados.

Os portugueses vão pois pagar mais 320M€ em impostos em 2010 e ainda mais em 2011, para compensar o facto de em 2009, ano de eleições, a carga fiscal ser aliviada. É a promessa que o Governo fez à Comissão Europeia, na revisão do PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento).

Vale a pena perguntar: compraria um carro usado a alguém deste Governo? Então porquê confiar-lhe a gestão do futuro deste país?

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