2009-12-12

INVERTER A PERDA DE EMPRESAS E EMPREGO EM ÉVORA

Sabemos que a competitividade dos territórios, em particular das cidades de média dimensão, enquanto capacidade para atracção de pessoas e empresas, necessárias ao seu crescimento e consolidação de posição na rede urbana nacional, passa por uma multiplicidade de factores como a facilidade de acesso a outras cidades, o rácio custo de habitação/salário, a duração do trajecto casa-trabalho, o estado do parque habitacional, a qualidade do ensino e da formação profissional, a eficácia dos serviços públicos locais, a animação cultural e as oportunidades de entretenimento e as políticas ambientais locais.



As empresas e em especial os quadros das mesmas, valorizam em crescendo aqueles factores, em detrimento de outros mais tradicionais como a proximidade das matérias-primas ou o custo dos terrenos. Mas também a qualidade dos serviços públicos, enquanto agentes de apoio técnico e facilitação da actividade empresarial por via da promoção do território, contam cada vez mais.



Ainda assim, o custo dos terrenos de localização empresarial, em boa medida determinado pelos modelos de gestão escolhidos para as áreas de localização empresarial (antes designadas por Parques Industriais), não pode ser desprezado pelas autarquias, enquanto factor que continua ainda a influenciar uma boa parte de empresas, nomeadamente dos ramos dos transportes e logística, mais ainda em época de crise de procura e de constante aumento da carga fiscal e dos custos de energia (veja-se o caso dos combustíveis).




Ora, aquilo a que assistimos é a uma continuada perda de população no concelho de Évora, desde 2001 até aos mais recentes dados do final de 2008, acompanhada por uma quebra do número de empresas com sede no concelho, que em 2000 eram 6.311 e em final de 2007 (ainda antes da actual crise) tinham diminuído para 6.229 segundo o INE. Pode não parecer significativo tal decréscimo, mas a verdade é que alguma perda de competitividade da base económica concelhia ocorreu, se olharmos para os números do desemprego registado (e publicados pelo IEFP), que aumentou de 1336 para 2731 inscritos, num crescimento de 104% entre Dezembro de 2001 e Outubro de 2009, sabendo que tal não se poderá explicar totalmente pela crise, pois o crescimento de desempregados inscritos é de 30% entre Dezembro de 2008 e Outubro de 2009.




Parece pois evidente que para além das pessoas, também as empresas não se sentem atraídas por este território, apesar dos anúncios de expansão do PITE por motivos de elevada procura de espaços por novas empresas. Dando por adquirida a veracidade de tal fundamentação, então apenas podemos concluir que o número de empresas que abandonam o território e que encerram a actividade continua bastante superior ao das novas intenções de instalação.
Não tendo à mão os valores sobre os rácios de constituição versus mortalidade de empresas do concelho (demografia empresarial), é possível ainda assim observar que, quanto à deslocalização para outros concelhos limítrofes, o movimento é significativo. Olhe-se para a zona industrial/empresarial de Arraiolos, aqui bem perto e conte-se o número de empresas que, antes sediadas em Évora, para ali se mudaram nos últimos anos.
Alguma reflexão sobre as motivações de tais deslocalizações deverá a Câmara de Évora produzir, com vista a estancar ou a diminuir tais movimentos, desenvolvendo iniciativas que evitem a continuada sangria de receita fiscal de Derrama e IMI, bem mais significativa que a isenção de IMI no Centro Histórico, a qual não pode a CME resolver por estar consignada na lei, produzida em 2007 pelo governo do Partido Socialista.

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