2009-08-03

Plano Estratégico de Évora - Instrumento de Trabalho para Todos

António Costa Dieb - Vereador do PSD na Câmara Municipal de Évora

Estamos a terminar o mandato político que os eborenses nos concederam. Com as reuniões de Setembro dedicadas apenas a assuntos correntes, este seria o momento do balanço, do olhar sobre o passado.

Mas não. Numa terra que se quer próspera, a meio de uma crise financeira mundial cujo fim não se pode ainda prever com exactidão, temos o privilégio de terminar o mandato a olhar para o futuro, discutindo aquele que será o Plano Estratégico para o horizonte dos próximos 10/12 anos.

Demorámos quinze anos, para rever o plano estratégico elaborado em 1994. Foi tempo demasiado, à velocidade que hoje se multiplicam as novas visões sobre o futuro, se rasgam novos horizontes e oportunidades que cada Município tem de aproveitar no momento certo se não quiser que outros lhe ocupem o espaço de inovação e captação de investimento, com reflexo directo na qualidade de vida das pessoas.

Foi por nossa iniciativa nesta Câmara que a revisão do plano estratégico foi iniciada. Era um compromisso que havíamos assumido com os eleitores. Foi cumprido, ainda que demasiado tarde, apesar de desde o primeiro plano de actividades deste mandato termos proposto a sua inclusão. Lamentavelmente não foi essa a vontade do Partido Socialista, que só neste último ano de mandato acolheu a nossa proposta.

Já o dissemos noutros momentos, mas não é demasiado recordar que entendemos dever ter sido invertida aquela que seria a lógica normal de produção de instrumentos balizadores da actividade do Município e do futuro do concelho. O Plano Director Municipal, o plano para o Centro Histórico ou até o plano estratégico para o Aeródromo de Évora são alguns dos instrumentos que, em nosso entender, deveriam ter surgido na sequência dos caminhos traçados pela revisão do Plano Estratégico de Évora e não ao contrário. Foi uma má metodologia aquela que foi seguida, como se fosse possível colocar janelas e telhado numa casa antes de se edificar uma sólida estrutura de base.

Apesar do espartilho que lhe foi colocado com a aprovação prévia de instrumentos que deveriam ter surgido posteriormente, este plano acabou por se revelar criativo e globalmente positivo, respeitando os demais instrumentos, mas não se deixando condicionar por eles, indo além, para uma dimensão de reflexão e enquadramento futuro que possibilita buscar a competitividade territorial.

O Plano aponta caminhos e, sobretudo, cria uma base de discussão e interacção dos vários agentes do concelho para melhorar a nossa competitividade e atractividade, tendo como desígnio último a criação de um território solidário, em que o desenvolvimento económico se atinja sem por em causa a coesão social, em que a modernidade não seja sinónimo de menos atenção aos valores da cultura e do saber, marcas indissociáveis da nossa identidade colectiva.

Não irei aqui aprofundar a análise de cada um dos eixos deste plano, os quais foram objecto de possível reflexão por todos os interessados, durante a sua feitura e durante a discussão pública. É sempre possível propor alterações ou considerar diferentes concepções como mais ou melhor adequadas. Mas o que verdadeiramente interessa é estabilizar ideias e propostas que, com a preparação da sua implementação, constituam bases capazes de provocar reflexão, adaptação e concretização. Isso parece-nos que está conseguido, não sendo este plano nas suas orientações um trabalho/orientação fechada, mas antes passível de incorporar sinergias dos agentes que nele se venham a envolver.

O desafio que todos temos pela frente é agora implementar este Plano Estratégico. Teremos que aprender com os erros do passado e, desde logo, ter a arte e engenho para conseguir envolver nesta acção todas as entidades com actividade na área do Município. Este não pode ser um plano gizado pela Câmara para o concelho. Terá antes que se assumir como um plano de mudança e desenvolvimento do concelho, impulsionado pela Câmara, mas desejado e assumido por todos aqueles que aqui vivem a trabalham.

Daqui decorre que, em nosso entender, a sua votação só deva ocorrer depois de conhecido o novo Executivo municipal. Deixamos feito um instrumento fundamental, mas será aos próximos eleitos que competirá, nos próximos quatro anos, transformar um conjunto de intenções num conjunto de soluções e, por isso, essa determinação deverá ser assumida desde logo pela aprovação do Plano, ficando claro o compromisso de cada um com a sua implementação.

Uma última palavra para a equipa da Universidade de Évora que produziu este trabalho. Saúdo-os pelo trabalho meritório e de resultados globalmente positivos que aqui nos apresentaram, como uma nota relevante para a forma assertiva como desenvolveram todo o processo. A escolha de uma equipa local, que connosco partilha o dia-a-dia do pulsar da cidade, revelou-se um importante factor para o sucesso da elaboração deste plano.

A todos o meu reconhecido obrigado.

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