A Barragem de Alqueva, construída para permitir criar o maior lago artificial da Europa, continua a alimentar um vasto conjunto de expectativas quanto às oportunidades de desenvolvimento do Alentejo geradas, nomeadamente nas valências agrícola e turística, sendo conhecidas as intensas perspectivas de investimentos privados de qualidade, alguns deles classificados mesmo como PIN pelo Governo.
A unidade petroquímica Balboa (refinaria de crudes pesados), a instalar em Santos de Maimona (Espanha), a cerca de 60 km da fronteira com Portugal, parece ameaçar as expectativas criadas, a julgar desde logo pela reacção de um empresário português, representando 3 dos maiores projectos turísticos (Parque Alqueva, Herdade do Barrocal e Herdade do Mercador) a instalar na região da albufeira de Alqueva, que já publicamente afirmou serem os mesmos incompatíveis com a construção da refinaria a montante, em Espanha.
O não avanço dos projectos turísticos em questão conduziria a um prejuízo para o Alentejo que rondaria os 1.330 M€ de investimento, para além do impacto sobre o mercado de trabalho regional estimado em cerca de 2.500 postos de trabalho. Diga-se que relativamente a posições como esta, dos investidores, pouco haverá a desenvolver em argumentação por parte do poder político, antes lhe reservando uma intervenção mais activa e preventiva, coisa que parece ainda não ter acontecido e que começa a tardar.
Podendo vir a ser significativos os impactos na albufeira e nas perspectivas de investimento do lado português, para além de graves para Portugal e para o Alentejo, tanto o Ministério do Ambiente, como o da Economia, deveriam desde ter já ensaiado uma tomada de posição pelo Governo português junto do Governo espanhol, a partir da audição dos investidores afectados, das autarquias abrangidas e da avaliação aprofundada dos efeitos e impactos previsíveis do lado de cá da fronteira.
Mas aquilo a que assistimos é a uma total passividade do Governo, deixando instalar a suspeição de concordância com a instalação de uma refinaria que pode impedir o avanço dos investimentos turísticos previstos para a região da Albufeira de Alqueva, contaminar as águas superficiais e subterrâneas da albufeira, do leito e das margens do Guadiana, para além dos impactos sobre a qualidade do ar, numa região que se pretende posicionar em segmentos turísticos de luxo.
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