O Governo socialista que agora fez 4 anos, procura a cada momento vender a ideia de que a situação de crise económica e social que Portugal atravessa é inteiramente derivada da crise financeira internacional, sacudindo assim a água do capote sobre os 3 anos em que governou antes e que importa avaliar para fins eleitorais.
Na verdade, o PS dispôs de condições ímpares ao longo da legislatura para transformar a sociedade portuguesa: uma maioria parlamentar absoluta, uma conjuntura económica favorável, a cooperação institucional do Presidente da República. Qual é então o balanço que os portugueses devem fazer, à luz do programa eleitoral e das promessas do PS? Viverão hoje melhor os portugueses do que em 2004?
Determinar o grau de confiança que os portugueses podem depositar no Governo, ou o nível de esperança que se possa ter na competência do mesmo para lidar com um clima de grave crise nos próximos 4 anos, obriga a avaliar se o Governo teve capacidade para transformar o país em tempos de normalidade. Em meu entender, NÃO.
NÃO pela economia, em declínio, com Portugal a afastar-se da Europa e a empobrecer em termos relativos, através da deterioração do PIB “per capita” português em relação à média da União Europeia (Portugal está hoje abaixo de países como a República Checa e a Eslovénia e prevê-se que seja ultrapassado em 2009 pela Eslováquia e pela Estónia), bem como do poder de compra, que em Portugal é inferior a muitos países de Leste e continua a degradar-se;
NÃO pelo insustentável agravamento do endividamento externo do país, fruto da degradação das contas públicas iniciada com Guterres e agora continuada por um PS que governou o país durante 11 dos últimos 14 anos;
NÃO pela opressão do Estado sobre a sociedade e degradação da sua prestação aos contribuintes, que passa pelo falhanço da reforma da Administração Pública (PRACE), hoje mais concentrada em Lisboa, mais distante dos cidadãos, menos presente no interior de um país em desertificação (encerramento de escolas, postos da GNR, Centros de Saúde), mais despesista, asfixiadora das micro e pequenas empresas pelo peso da carga fiscal e pelo não pagamento dos serviços adquiridos;
NÃO pelo maior crescimento da desigualdade social em Portugal que nos restantes países da OCDE, com a educação pública cara, deficiente e a perder qualidade, o SNS está caótico e a saúde é mais cara, cresce a criminalidade e a violência, o plano tecnológico falhou e o facilitismo do Governo apenas adia o presente e compromete o futuro.
Perante este “pré-pântano” que a crise apenas veio agravar, o Primeiro-Ministro que jurou não subir os impostos, criar mais 150 mil empregos e referendar o Tratado europeu e nada cumpriu, continua a anunciar diariamente pacotes anti-crise, prometendo aumentos nas pensões sociais, bolsas de estudo aos montes, 40.000 estágios profissionais, mais promessas, promessas … ao mesmo tempo que as falências e o desemprego sobem igualmente todos os dias e ameaçam pressionar a situação social.
Por causa disso, o Governo acrescenta um programa de investimentos públicos que deixam um encargo dramático durante os próximos 30 anos e consumem recursos que hoje fazem falta no apoio às micro e pequenas empresas, para sustentarem os níveis de emprego, como sejam as novas auto-estradas, em vez de uma aposta da reabilitação urbana através de pequenas obras para pequenas empresas, que gera crescimento rápido e sustentável, preenchendo ainda necessidades de reabilitação do território.
Ora, a propaganda diária de medidas anti-crise pelo Governo não chega para enfrentar com sucesso a crise, se as mesmas se apresentarem irrealistas, resultado do isolamento e autismo do Governo, que menospreza as propostas e contributos do PSD. A crise exige antes nos próximos anos, um Governo capaz ouvir, de perceber a realidade, protagonista de um projecto alternativo portador de esperança, mas viável e assente no realismo, única via para conseguir mudar essa realidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário