2006-01-19

AFINAL, É POSSÍVEL ENGANAR TODOS DURANTE "MUITO" TEMPO!

Que o diga Mário Soares ao ver as primeiras páginas dos jornais e o alinhamento dos telejornais: não deve ser nada agradável assistir, enquanto candidato presidencial apoiado pelo PS, ao anúncio do aumento de impostos (ISP), apenas 2 dias antes das eleições, quando as sondagens diárias não só desprezam a probabilidade de passar à segunda volta, como ainda o colocam atrás de Manuel Alegre, a uma crescente distância deste.
Qual a necessidade de o Governo apoiado pelo PS, que também apoia oficialmente Mário Soares vir aplicar, no 3º dia anterior às eleições presidenciais, um novo imposto, previsto desde Outubro de 2005 aquando da apresentação do Orçamento de Estado na AR?
  • Arrecadação de impostos? Teria entrado em vigor em 01 de Janeiro de 2006!
  • Oportunidade política? Teria entrado em vigor na próxima segunda-feira, a 23 de Janeiro de 2006, passadas as eleições presidenciais!
  • Meter ordem no país? Não teria sido permitido o anúncio de mais impostos (suplementares) do mesmo tipo, sobre o mesmo bem, para os próximos tempos (para mal, já chegava este...);

São demasiados os sinais de dificuldade de entendimento e de coordenação entre a acção do Governo presidido pelo presidente do PS e o candidato que o mesmo diz apoiar oficialmente. A maldade da acção supera as aparências. Não havia necessidade.

Apenas contribui para alimentar a especulação dos vários analistas que sempre consideraram ter Sócrates escolhido Soares para este ser humilhado na derrota (e toda a sua família, incluindo um dos seus mais recentes opositores internos), garantindo por outro lado a eleição de Cavaco Silva, o expectável apoiante das supostas profundas e estruturais reformas a ocorrerem nos próximos tempos.

No fundo, Mário Soares foi bem enganado e ... sacrificado aos interesses pessoais do líder do PS (bem feito, não perco o sono, antes pelo contrário).

Mas, também os portugueses foram enganados, quando acreditaram, com aquela perdulária crença na bondade dos supostos humanistas de esquerda que anunciaram ainda há pouco tempo não aumentar os impostos e ao mesmo tempo aumentam os impostos sobre os produtos petrolíferos, com implicações directas nos transportes públicos, no transporte das matérias-primas e nos preços finais do super-mercado, devido aos custos da distribuição.

Num ano em que a classe média voltou a perder poder de compra pelo n...ésimo ano consecutivo, o aumento da inflação decorrente da subida dos preços finais no consumidor terá um peso ainda mais dramático sobre o já preocupante pessimismo dos portugueses quanto ao seu futuro.

Quando termina esta saga? Desiludam-se os optimistas. Está para durar ...

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