A classe média vai continuar a pagar a irresponsável gestão de um país para o qual o futuro se apresenta cada vez mais sombrio. Ao Governo socialista se ficará a dever o continuado aumento indirecto da carga fiscal sobre uma franja da população cada vez mais esmagada em impostos.
Toda a restante conversa do Governo não passa de insuportável propaganda que todos os dias nos entra pela porta embrulhada em papel de distorções e embustes que ficarão para a história como as únicas especialidades desta governação.
No início de cada dia, o Governo manda alguém próximo de si anunciar alguma coisa que antes disse que nunca faria, para que à hora de almoço venha desmentir e nos telejornais da noite confirme uma versão oficial ajustada às reacções diluídas ao longo do dia.
O invólucro para a austeridade agora anunciada pelo PEC é o de uma crise que o Governo negou e rejeitou por demasiado tempo com prejuízo para as empresas hoje falidas e para as famílias desempregadas, anunciando agora o adiamento dos projectos que teimou em apregoar irresponsavelmente contra toda a oposição durante a campanha eleitoral, apresentando-os como imprescindíveis ao que agora se propõe conseguir sem eles.
A austeridade agora imposta pretende fazer-se afirmar pela inevitabilidade de um défice supostamente controlado mas que o Governo escondeu até ao último minuto e que subordinou ao interesse dos resultados eleitorais que pretendeu manipular e que na verdade conseguiu nesse sentido, anunciando como pedras imprescindíveis da sua política económica as medidas que hoje abandona como se nunca delas tivesse ouvido falar, numa “remake” a que já tínhamos assistido na área da educação.
Anunciar todos os dias que Portugal foi um dos países que melhor resistiram à crise, é uma autêntica ofensa aos portugueses que perderam os seus negócios e os seus empregos, sem perspectiva de que os venham a recuperar nos próximos anos, num país que se arrastará num crescimento económico insignificante face às necessidades da convergência europeia.
Portugal afunda-se numa crescente fragilidade económica que viu desaparecer num ano o aparelho produtivo tradicional sem que qualquer outro o tivesse substituído, perdendo capacidade de atracção de investimento directo estrangeiro relevante e sem as qualificações necessárias em orientação e em qualidade, para fertilizar opções de desenvolvimento endógeno e sustentar a sua competitividade externa.
A austeridade agora apresentada com o PEC, revelar-se-á para uma classe média já castigada pelo endividamento bancário mas parece passar ao lado do total descontrole da gestão de uma estrutura administrativa pública cada vez mais pulverizada em entidades autónomas da contabilidade pública e das regras de gestão pública, iludindo assim o défice das contas do Estado. A solução encontrada para reduzir o défice com a opção (tão criticada noutros tempos pelo PS e por este PM enquanto deputado) de recurso às receitas extraordinárias das privatizações de seguradoras, correios, petrolíferas, electricidade e aeroportos, não parece ser a mais adequada à retoma de um crescimento económico sustentado, no médio e longo prazo.
Tal como não será adequada a estratégia de adiamento do pagamento da factura para os governos futuros, iludindo as contas públicas sem as resolver, nem resolver os problemas do país e muito menos a eficácia da Administração Pública.
O abandono da opção de compra e adaptação das instalações do antigo Centro Comercial Eborim pelo Ministério da Administração Interna para que ali se instalassem diversos serviços e forças de segurança dispersos pela cidade de Évora, em troca do aluguer de instalações bem reduzidas e que albergarão apenas um ou outro dos serviços inicialmente previstos, inscreve-se neste estratégia.
Para além de esconder despesa futura debaixo do tapete, o Governo não só prejudica Évora com a solução encontrada, pelo facto de esta não resolver as necessidades identificadas, como ainda deixa a cidade a braços com um imóvel para cuja utilização não será fácil encontrar interessados. Alguém parece preocupado? Quem vier a seguir que feche a porta, se ainda existir alguma.
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