2006-08-25

NA CIDADE DA EXCELÊNCIA ... PROMETIDA!

Em algumas cidades do interior português, parece que, quanto mais modernas são julgadas por quem as governa, mais longe estão na verdade daquilo que outras vão conseguindo e mais carentes fazem sentir as suas populações, porque na verdade ficam para trás a cada dia que passa.
Não tenho dificuldades em atribuir essa situação dissonante ao crescente autismo político dos autarcas que presidem ao seu destino, os quais, em certos casos, estão mais preocupados em manter o seu poder e garantir a sua cadeira quando não a sua reforma (alguns até tomaram posse à pressa e à sucapa), do que em resolver as necessidades das populações às quais juraram dedicação.

Évora é, infelizmente, um caso preocupante no que ao desporto e ocupação de tempos livres de jovens diz respeito.

Assim é desde há várias décadas, sentindo-se no entanto as carências com maior intensidade à medida que nos vão iludindo com uma maior modernidade. O desporto ao ar livre é um exemplo de carência pela total inexistência de espaços, sentido por adultos e jovens, pais, crianças e adolescentes, apesar de tais espaços estarem prometidos há décadas, com mais intensidade eleitoralista nos últimos 5 anos em que o PS prometeu e não cumpriu transformar a cidade e apetrechá-la das necessárias infra-estruturas à satisfação das suas necessidades e superação das suas carências.

Se pensarmos no que é a oferta de Actividades de Tempos Livres (ATL) para crianças e jovens durante o verão e as restantes interrupções escolares, ficamos com os nervos em franja e com uma grande tristeza por constatarmos a incapacidade e inércia da Câmara Municipal de Évora.

Um cidade que detém espaços adequados (ao ar livre) para oferecer programas de actividades organizados e com qualidade vê durante os meses de Julho e Agosto a oferta de ATL reduzida a um pequeno punhado de iniciativas privadas, muitas em espaços cobertos e fechados e grandes parte delas sem oferta de alimentação.

Alguma oferta mais completa que se foi estruturando nos últimos anos viu-se este ano desaparecer, perante o olhar impávido da Câmara de Évora, incapaz de estruturar alternativas adequados, em espaços abertos como as piscinas municipais ou o jardim público, para o que poderia ter contratado meia dúzia de professores desempregados enquanto animadores, sem que daí decorresse qualquer prejuízo, dada a auto-suficiência financeira deste tipo de serviços.

Não basta argumentar que se deve deixar à iniciativa privada certo tipo de oferta de serviços às populações, aliviando os serviços municipais, princípio com o qual concordo. A discussão a encetar, se quisermos ser intelectualmente honestos é outra, a saber:

  • Há Câmaras Municipais com pesadas máquinas em termos de recursos humanos e áreas funcionais. Como se isso não bastasse, ainda contraram mais pessoas (incluindo assessores técnicos e políticos) com o argumento de melhorarem a oferta de serviços à população (missão ou razão de ser de uma Câmara Municipal), ao mesmo tempo que foram criando empresas municipais para libertarem encargos de actividade que era sua por natureza. Será lógico pensar que existe hoje por parte dessas autarquias maior disponibilidade dos recursos humanos existentes para diversificarem a oferta de serviços à população, nomeadamente nas áreas de carência (que deveriam estar identificadas) que a mesma vê e sente não estarem supridas;
  • Uma Câmara Municipal que prometeu ao eleitorado trazer a excelência ao concelho de Évora, terá que estar pronta para suprir lacunas de oferta de serviços que os particulares não cubram suficiente e satisfatoriamente (não importando se se trata de um problema de dimensão de mercado ou de capacidade empresarial, se de ambos).

Um concelho que pretende atrair investimentos em sectores de elevada incorporação tecnológica como é o caso do ramo aeronáutico, não se pode dar ao luxo de permitir a escassez de oferta de serviços básicos às famílias de técnicos altamente qualificados, sob pena de tais investimentos virem a falhar de futuro, em consequência de uma rejeição de tais quadros pelo concelho que pouco lhes oferece face às (elevadas) exigências que colocam para a educação e crescimento dos seus filhos.

Se este argumento não for entendido pela Câmara de Évora, nem me atrevo a invocar as necessidades da população eborense para os seus filhos porque dessa já desisti, face à arrogância de gestão e permanente demagogia política de uma Câmara que a todo o momento nos quer convencer que estamos melhor hoje, quando a inércia se tornou a imagem de marca, as promessas não cumpridas entraram no anedótico quotidiano e o afundamento de Évora é galopante, ao fim de 5 anos de mandatos do PS.

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