2013-02-14

AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS SÃO O QUE SÃO E NÃO O QUE ALGUNS PRETENDEM QUE SEJAM




O antigo ministro socialista Augusto Santos Silva, ao afirmar recentemente que as eleições autárquicas deste ano vão ser a primeira oportunidade para os portugueses se exprimirem sobre a situação do país e a responsabilidade dos partidos, procurando induzir das mesma um significado nacional importante e um efeito sobre os atos eleitorais seguintes e, mais ainda, afirmando que tal demonstrará claramente que o PS é a única alternativa, legitimada pela ressuscitação do legado dos ciclos governativos socialistas de Guterres a Sócrates, vem colocar em devido texto e tempo a ideia socialista que poderemos esperar para o país, originando alguns pontos de reflexão a saber.

Desde logo o de que as eleições autárquicas servem exatamente para os portugueses se exprimirem sobre a situação de cada município onde residem, nomeadamente, no Alentejo, sobre os buracos nas ruas de algumas cidades, sobre a degradação da qualidade de vida em matéria cultural, sobre as falências dos estabelecimentos comerciais por falta de atratividade comercial, sobre a diminuição populacional por falta de atratividade territorial, sobre os parques industriais abandonados e não preenchidos, sobre a falta de espaços de desporto enquanto sobram os relvados sintéticos em aldeias sem jovens suficientes para constituir uma equipa de futebol, sobre a falência dos agentes culturais por desprezo local, sobre a ruinosa gestão dos clubes desportivos que permitiram que os políticos locais interferissem nos seus órgãos sociais, sobre … as piscinas a cada esquina e que encerram por falta de dinheiro para manutenção, sobre os pavilhões multiusos para uso anual (quando muito), sobre a falsidade e demagogia das (pelo menos) 100 medidas prometidas já em tempo de crise (na campanha eleitoral de 2009) para o primeiro ano de mandato…

O que estará em causa nas próximas eleições autárquicas é, no Alentejo, ajuizar sobre a atuação dos autarcas que, irresponsável e demagogicamente, aumentaram exponencialmente a dívida herdada, com menos obra que os seus antecessores, na senda dos seus mentores governantes nacionais a cujo clube Augusto Santos Silva pertence, que agora pretende reabilitar no PS e no país a herança do foragido Sócrates e passar uma esponja sobre a governação dos que conduziram o país à beira da bancarrota e cuja irresponsabilidade justifica os sacrifícios exigidos pelo atual governo aos portugueses.

Para aumentar a desilusão, basta observar como uma parte significativa de autarcas alentejanos do PS e da CDU pretendem aproveitar o descontentamento que as incontornáveis medidas do atual governo provocam (necessárias e decorrentes da irresponsabilidade da governação socialista que levou o pais à falência) para desagravarem as suas erradas opções de investimento, muitas vezes excessivo e desnecessário, em obras construídas sobre pressupostos e projeções económicas ou populacionais não consolidados nem justificados, com vista a delas retirar dividendos eleitorais, mais do que efeitos sobre o desenvolvimento dos territórios.   

Resta-nos esperar pelo desfecho das próximas eleições autárquicas e observar se o eleitorado alentejano será permeável a tal demagogia, em especial do PS, repetindo a vulnerabilidade da sedução pela votação ocorrida em 2009, com os resultados que se conhecem hoje, ao nível local, no Alentejo.

O corolário, agora e então, será o mesmo: a responsabilidade será sempre dos eleitores e, a maior ilusão que pode toldar a sua visão será a da suposta vingança e penalização local perante o governo nacional, pois isso em nada contribuirá para melhorar o nosso quotidiano, antes pelo contrário, ao escolher para a governação dos nossos concelhos aqueles que levaram o país ao lastimável estado em que se encontra.

É preciso aprender com os anteriores erros de escolha e corrigir os mesmos, evitando o regresso dos que prejudicaram a nossa vida de hoje e cujos efeitos se prolongarão pelas próximas gerações.